Produtores de Hollywood “atropelam” resgate por direito de filmar tragédia dos meninos da Tailândia

Dois produtores de Hollywood foram até a Tailândia para acompanhar o resgate dos meninos que ficaram presos em uma caverna no Norte do país junto com o treinador do time de futebol […]

Dois produtores de Hollywood foram até a Tailândia para acompanhar o resgate dos meninos que ficaram presos em uma caverna no Norte do país junto com o treinador do time de futebol do qual fazem parte. Os americanos Michael Scott e Adam Smith planejam um filme sobre a tragédia da equipe dos Wild Boars (Javalis Selvagens).

“Haverá outras empresas de produção chegando, por isso temos que agir muito rapidamente”, disse Smith a um site australiano de notícias, quando foi perguntado se suas ações podem ser vistas como insensíveis em um momento tão delicado.

Enquanto mergulhadores enfrentavam o difícil percurso para trazer os garotos, com idades entre 11 e 16 anos, à segurança, durante a operação de resgate, os produtores realizavam entrevistas preliminares nos arredores da caverna de Tham Luang e buscavam registrar os direitos exclusivos das suas histórias. Scott, sócio-direitor da produtora cristã Pure Flix, afirmou que a empresa também já pensa em levar um roteirista ao local.

“Eu vejo isso como um grande filme de Hollywood com os maiores astros do Cinema”, disse Scott à agência Australian Associated Press.

A empresa Pure Flix é conhecida por produzir filmes cristãos maniqueístas, que fazem propaganda de uma agenda evangélica de direita. Um de seus títulos mais famosos foi “Deus Não Está Morto” (2014), que ganhou uma sequência voltada a pressionar mudanças de leis no Congresso americano.

A história do time de futebol, que passou 17 dias preso numa caverna submersa, teve uma repercussão mundial similar ao desastre dos mineiros do Chile, que ficaram soterrados durante 69 dias. Este desastre também virou filme, “Os 33”, estrelado por Antonio Banderas e Rodrigo Santoro em 2015.

Mas, neste caso, o produtores esperaram os mineiros serem resgatados, reencontrarem suas famílias e retomarem suas vidas, antes de pensar em fazer dinheiro com suas tragédias.