Novo estudo conclui que críticos masculinos menosprezam trabalho de cineastas femininas

Novo estudo conclui que críticos masculinos menosprezam trabalho de cineastas femininas

Uma pesquisa divulgada pelo Centro de Estudos das Mulheres no Cinema e na TV da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, mostrou que os críticos masculinos de cinema claramente menosprezam os […]

Uma pesquisa divulgada pelo Centro de Estudos das Mulheres no Cinema e na TV da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, mostrou que os críticos masculinos de cinema claramente menosprezam os trabalhos de cineastas femininas. O estudo, que monitorou 4.111 textos de grandes lançamentos de 2018, concluiu que os jornalistas masculinos dos Estados Unidos normalmente não citam o responsável pela direção de um filme quando ele é feito por uma mulher.

No levantamento, apenas 38% das análises escritas por homens sobre filmes dirigidos por mulheres citaram os nomes das cineastas, um número que subia para 52% quando a crítica do mesmo filme era assinada por mulheres.

“Algo tão simples como citar o nome da diretora, e dizer que ela fez um bom trabalho, ou mesmo olhar para a carreira dela e dizer que ela é uma ‘mestre’ de sua arte, pode mudar a narrativa sobre mulheres em posições do poder no cinema”, disse a Dra. Martha Lauzen, responsável pelo estudo, ao site The Hollywood Reporter. “Esse desequilíbrio de gênero dentro das críticas de cinema importa, porque ele impacta a visibilidade de filmes criados e protagonizados por mulheres”.

Segundo a pesquisa, os críticos homens são maioria no mercado de trabalho americano, representando até 68% dos profissionais em atividade na área.

Por outro lado, o estudo também demonstrou que alguns veículos estão preferindo enviar jornalistas mulheres para cobrir filmes estrelados por mulheres ou dirigidos por elas. No total, 51% dos textos escritos por mulheres no levantamento tinham protagonistas femininas, enquanto apenas 37% dos textos escritos por homens tinham a mesma característica. Já 25% dos filmes resenhados por mulheres tinham uma diretora no comando, enquanto apenas 10% dos filmes resenhados por homens se encaixavam na mesma categoria.

No campo da etnia, críticos brancos são responsáveis pela maioria das resenhas em ambos os gêneros. Os números são impressionantes: 82% dos homens que escrevem críticas são brancos e 83% das mulheres também.

O estudo corrobora e complementa outro estudo divulgado no mês passado pela USC (Universidade do Sul da Califórnia), que analisou 19.559 resenhas para revelar que 77,8% foram escritas por homens e 82% foram escritas por críticos brancos.

Assim como a nova pesquisa, o trabalho anterior também identificou que até os filmes voltados para o público feminino tiveram mais críticas escritas por homens que por mulheres. Mas este estudo também analisou filmes desenvolvidos para os públicos afro-americano e latino, concluindo que 80% deles foram criticados por brancos.

Como resultado desta revelação, os festivais de Sundance e Toronto já anunciaram que passarão a adotar uma política de inclusão em sua cobertura de imprensa, disponibilizando uma cota de 20% de credenciais para freelancers de segmentos sub-representados entre a crítica norte-americana – mulheres e pessoas “de cor” (negros, latinos, asiáticos).