John Lasseter, cineasta de Toy Story, fundador da Pixar e diretor da Disney, é afastado após denúncias de assédio

Acusado de assédio e conduta imprópria no ambiente de trabalho, o cineasta John Lasseter, diretor do departamento de animações da Disney e mente criativa por trás dos sucessos da Pixar, deixará definitivamente […]

Acusado de assédio e conduta imprópria no ambiente de trabalho, o cineasta John Lasseter, diretor do departamento de animações da Disney e mente criativa por trás dos sucessos da Pixar, deixará definitivamente a empresa no fim de 2018. Até lá, ele manterá uma função simbólica de consultoria.

A decisão foi anunciada na sexta (8/6), quase sete meses após Lasseter pedir licenciamento da direção da Disney, desculpando-se por seu comportamento.

Lasseter é cofundador da Pixar e diretor do primeiro longa da companhia, o clássico “Toy Story”, que também foi o primeiro longa totalmente feito por computador. Considerado um dos visionários responsáveis pela revolução da animação digital no cinema, após a aquisição da Pixar foi promovido a diretor criativo da Walt Disney Pictures, e marcou sua gestão por aproximar os estilos de ambas as companhias, gerando sucessos e prêmios para os dois estúdios. Muitos se esquecem que a Disney vinha de grandes fracassos como “Atlantis – O Reino Perdido” (2001), “Irmão Urso” (2003) e “O Galinho Chicken Little” (2005), quando Lasseter assumiu o comando de suas animações, produzindo sucessos como “Enrolados” (2010), “Detona Ralph” (2012), “Frozen” (2013), “Zootopia” (2016) e “Moana” (2016). Não por acaso, seu nome é listado como produtor de quase cem filmes.

Ele próprio decidiu se afastar da companhia após chegar a seu conhecimento que a revista The Hollywood Reporter preparava uma reportagem sobre sua conduta. Na esteira das revelações feitas pelo movimento #MeToo, funcionários da Disney/Pixar relataram à publicação que se sentiam constantemente “desrespeitados e desconfortáveis” com a postura do chefe, descrito como “pegajoso” no ambiente de trabalho. Segundo queixas, ele gosta de abraçar, beijar, falar no ouvido e tocar indevidamente funcionárias do sexo feminino.

O site Deadline também ouviu funcionários da Disney, que não quiseram se identificar, mas confirmaram que a empresa sabia sobre o comportamento de Lasseter e até designava “babás” para vigiá-los em reuniões com mulheres ou festas da companhia. Segundo a reportagem, Lasseter comparecia às festas escoltado por um segurança, cuja função era “prevenir” ações que poderiam ser vistas como inapropriadas. Uma das fontes citou casos de executivas que se demitiram após toques indesejados e uma obsessão doentia pelas atrizes que serviam de modelo para as animações da franquia Tinker Bell, nos filmes de fadas feito para o mercado de DVD.

Em texto enviado aos funcionários da Pixar, Lasseter disse: “Recentemente, tive uma série de conversas difíceis que foram muito dolorosas para mim. Nunca é fácil enfrentar seus erros, mas é a única maneira de aprender com eles”.

“Minha esperança é que um semestre sabático vai me dar a oportunidade de começar a cuidar melhor de mim mesmo, me recarregar e me inspirar, para então retornar com a visão e a perspectiva que preciso para ser o líder que vocês merecem”, concluía o texto.

Atualmente, a Pixar desenvolve o quarto capítulo da saga “Toy Story”, que seria dirigido por John Lasseter. Durante a produção, a atriz Rashida Jones, responsável pelo roteiro, anunciou seu desligamento do projeto, devido ao que chamou de “discriminação sexual” da empresa.