Cineasta ucraniano preso na Rússia completa 38 dias de greve de fome

A Copa do Mundo na Rússia tem desviado atenções dos problemas do país, mas o cineasta ucraniano Oleg Sentsov já passou de um mês de greve de fome, de acordo com o […]

A Copa do Mundo na Rússia tem desviado atenções dos problemas do país, mas o cineasta ucraniano Oleg Sentsov já passou de um mês de greve de fome, de acordo com o jornal Los Angeles Times, após ser preso em 2014 por protestar contra o regime russo. Graças ao Mundial, porém, o caso pode ter resolução, já que a imprensa internacional está presente no país.

Diretor de Gámer, exibido na Mostra de São Paulo em 2012, Sentsov foi preso após acusar a Rússia de realizar ataques terroristas na Crimeia, onde morava. Ele acabou sendo preso em sua casa, em maio de 2014, e foi acusado de ter coordenado um grupo de ativistas filiados ao movimento paramilitar ucraniano Pravy Sektor (Setor de Direita), que planejaria atingir as organizações pró-russas e as infraestruturas da península.

Quando o Mundial começou, na quinta-feira, Sentsov já tinha 32 dias de greve de fome, iniciada em 14 de maio. Nesta quarta (20/6), completou 38 dias sem comer comidas sólidas, em uma prisão no norte da Sibéria. Com sua saúde debilitada e mais três presos também em greve de fome, o caso volta a chamar atenção de entidades internacionais.

Sentsov se diz inocente e acusa o Kremlin de puni-lo por um protesto pacífico contra a Rússia. Ele ainda alerta que há mais 64 presos políticos na sua prisão, que foram detidos sem nada terem feito além de protestar contra a Rússia.

Durante a invasão da Crimeia pela Rússia, Sentsov estava entre os voluntários que levavam comida e mantimentos aos soldados ucranianos. Ele ajudou a organizar protestos.

Em maio, o Departamento de Defesa dos EUA e o Parlamento Europeu condenaram a prisão de Sentsov. Na segunda-feira, os Estados Unidos voltaram a ligar para a Rússia, pedindo pela soltura imediata, assim como a de 150 prisioneiros políticos ou religiosos.

Artistas russos e de outros lugares do mundo vêm fazendo coro para defender o diretor ucraniano. Em uma carta ao presidente Vladimir Putin, fez-se um apelo: “Caro Sr. Putin. Um homem está morrendo. Não acreditamos que ele tenha culpa para ficar 20 anos preso. Sua sinceridade e verdade em suas convicções e a greve de fome demonstram isso. Agora, é necessário mostrar piedade para salvar a vida deste homem”.

Putin tem afirmado que o Kremlin não vai intervir em um problema da Justiça russa e disse que ele segue preso por acusações de terrorismo.

Resta saber se a pressão da imprensa, reunida na Rússia para a Copa do Mundo, poderá fazer diferença.