A série americana “Roseanne”, que foi cancelada após comentários racistas da protagonista e criadora Roseanne Barr no Twitter, pode ganhar um spin-off sem a comediante.
Fontes ouvidas pela revista The Hollywood Reporter afirmam que a rede ABC, que exibia a atração, estaria planejando um novo programa centrado em Darlene, filha de Roseanne na série.
A intérprete da personagem, Sara Gilbert, já teria, inclusive, sondado os colegas do elenco para ver se gostariam de participar do projeto. O THR ouviu que John Goodman, intérprete do pai de Darlene e marido de Roseanne, estaria “muito interessado”.
O spin-off teria o mesmo produtor, Tom Werner, e obviamente outro nome. O problema é que “Roseanne” é baseada numa personagem criada por Roseanne Barr, o que pode fazer com que a produção do spin-off enfrente problemas com a atriz, já que a ABC não aceita que ela se beneficie financeiramente do projeto. Vale observar que ela sumiu do Twitter, após condenar integrantes do elenco da série que a criticaram.
A preocupação da ABC em reviver a série se deve, em parte, ao destino da equipe. Mais de 200 funcionários perderam seus empregos com o cancelamento súbito da comédia. Mas também há um fator comercial inegável, já que o revival da atração, criada em 1988, tinha surpreendido as expectativas ao se tornar a série mais vista de 2018 em seu retorno à TV, 21 anos após a exibição de seu último episódio original – em 1997.
A expectativa é que o programa deveria gerar pelo menos US$ 60 milhões em receita publicitária em sua 11ª temporada, segundo a Kantar Media. Por isso, fontes do THR afirmam que a ABC terá prejuízo de “dezenas de milhões de dólares” por decidir cortar a série.
Ao mesmo tempo, a rede emitiu um comunicado interno em que se desculpou com a equipe de “Roseanne” e expressou o desejo de encontrar uma maneira de continuar a trabalhar juntos com os agora desempregados.
A presidente da ABC Channing Dungey assumiu a responsabilidade de cancelar “Roseanne”, após a protagonista atacar gratuitamente a assessora do ex-presidente Obama, Valerie Jarrett, mulher afro-americana nascida no Irã, em um tuíte que fazia alusões à Irmandade Muçulmana e aos filmes da franquia “Planeta dos Macacos”. “A irmandade muçulmana e o planeta dos macacos tiveram um bebê = vj”, escreveu Barr, usando as iniciais de Jarrett.
O tuíte foi considerado duplamente preconceituoso, ao comparar quem nasce no Irã com um radical e uma mulher negra a um macaco. Chamada de racista, ela ainda disse que “muçulmanos não são uma raça”, antes de se defender dizendo que era uma piada. No final, ela apagou tudo e postou um pedido de desculpas pela “piada de mau gosto”.
Dungey, que é a única mulher negra a comandar uma rede de TV nos Estados Unidos, considerou a publicação de Roseanne no Twitter “detestável, repugnante e inconsistente com os nossos valores”, ao justificar o cancelamento da série em declaração oficial.
A decisão teve respaldo até do CEO da Disney, Bob Iger, que é o poderoso chefão do conglomerado, no qual se inclui a ABC. “Só havia uma coisa a se fazer aqui, e era fazer a coisa certa”, ele tuitou.