O cineasta Roman Polanski chamou o movimento #MeToo de “histeria coletiva” e “hipocrisia”, em uma entrevista para a edição polonesa desta semana da revista Newsweek.
“Parece-me que é uma histeria coletiva, do tipo que acontece nas sociedades de tempos em tempos”, disse o diretor de 84 anos, em entrevista realizada poucos dias antes de ser expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, devido ao código de ética implementado justamente após demandas do #MeToo.
Polanski comparou o movimento à histeria criada em outros momentos históricos da civilização. Para ele, tais fenômenos “às vezes tomam um rumo mais dramático, como a Revolução Francesa ou a noite de São Bartolomeu na França (massacre de protestantes em 1572), e às vezes menos sangrenta, como em 1968 na Polônia (revolta estudantil e campanha antissemita) ou o macarthismo nos Estados Unidos”, disse Polanski.
“Todos, impulsionados principalmente pelo medo, se esforçam para se juntar a esse movimento. Quando observo isso, me faz lembra da morte de um amado líder norte-coreano, que fez todo mundo chorar terrivelmente, e alguns choravam tão forte que não pudemos deixar de rir”.
“Então, é puramente hipocrisia?”, pergunta-lhe o jornalista da publicação. “Na minha opinião, é tudo hipocrisia”, confirma o diretor.
Além do caso em que assumiu o estupro de Samantha Geimer, de 13 anos, em 1977, outras quatro mulheres, algumas delas atrizes, sentiram-se encorajadas pelo movimento #MeToo a acusar Polanski de outros abusos cometidos no mesmo período. Ele nega as novas acusações, que não foram à julgamento por terem prescrito.
Após a entrevista, mas antes que Newsweek polonesa chegasse às bancas, Polanski foi expulso da Academia. “O Conselho continua a encorajar padrões éticos que exigem que membros mantenham os valores da Academia de respeito pela dignidade humana”, afirmou a instituição em nota.