Produtor do primeiro filme sírio indicado ao Oscar consegue visto de última hora para a premiação

O produtor Kareem Abeed, do primeiro filme sírio indicado ao Oscar, conseguiu obter o visto para viajar para a cerimônia de premiação, que já acontece no domingo (4/3) em Los Angeles, nos […]

O produtor Kareem Abeed, do primeiro filme sírio indicado ao Oscar, conseguiu obter o visto para viajar para a cerimônia de premiação, que já acontece no domingo (4/3) em Los Angeles, nos Estados Unidos. Ele e o diretor Feras Fayyd vão representar a equipe do documentário “Últimos Homens em Aleppo”, que tinha sido toda barrada.

“Meu produtor Kareem Abeed finalmente conseguiu o visto, dedos cruzados para que ele consiga entrar nos EUA agora”, escreveu o diretor do filme, Feras Fayyd, nas redes sociais. Ele agradeceu a todos que ajudaram neste processo e a solidariedade e o esforço de seus amigos americanos que “enfrentaram a proibição de Trump para nos ajudar a representar o nosso filme”.

Ambos enfrentavam o decreto de Trump que baniu a entrada nos EUA de cidadãos de países de maioria muçulmana. Fayyd já está em Los Angeles e Abeed, que é sírio mas mora na Turquia, conseguiu a aprovação para viajar em cima da hora para chegar a tempo.

Fayyad lamentou a ausência de Mahmoud Al-Hattar, fundador da organização civil “Capacetes Brancos”, retratada no filme e convidado pela Academia, que foi proibido de viajar. “Ele não está liberado para compartilhar a história da atual tragédia na Síria. Muito triste, porém vamos fazer o máximo para espalhar sua mensagem”, afirmou o diretor.

Além dos problemas da equipe para comparecer à produção, a produção vem enfrentando uma campanha de difamação. O diretor Feras Fayyad acusou o governo russo de organizar um ataque nas redes sociais, com distribuição de fake news, para impedir a vitória do filme no Oscar, acusando-o de fazer propaganda do terrorismo. “É como se a Rússia quisesse hackear o Oscar assim como hackearam a eleição americana”, disse o diretor, em entrevista ao jornal The Guardian.

Grande parte dos artigos negativos linkados nas redes sociais vem da agência de notícias Sputnik News, mantida pelo governo russo, que fornece apoio militar ao regime da Síria. Neles, o documentário de Fayyad é descrito como uma “peça de propaganda financiada por governos do ocidente” e um “filme de apologia a Al-Qaeda”.

Em “Últimos Homens em Aleppo”, o diretor acompanha o trabalho dos “Capacetes Brancos”, que resgatam vítimas de bombardeios e oferecem cuidados médicos e assistência à população de Aleppo, uma das cidades mais atingidas pela guerra civil na Síria.