A organização do Festival de Cannes 2018 confirmou o veto a produções da Netflix na competição pela Palma de Ouro deste ano, após a polêmica causada pela exibição de dois filmes do serviço de streaming na mostra competitiva do ano passado.
A informação foi dada pelo diretor do festival, Thierry Fremaux, em entrevista coletiva, que ressaltou que a participação de “Okja”, de Bong Joon-ho, e “Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe”, de Noah Baumbach, “causou enorme controvérsia ao redor do mundo”.
Trata-se, claro, de um exagero provinciano. A polêmica foi localizada no mercado francês, que tem a maior janela de reserva de lançamentos cinematográficos do mundo – 36 meses entre a exibição em cinema e a disponibilização em streaming de uma produção, contra 3 meses nos Estados Unidos.
“No ano passado, quando selecionamos dois de seus filmes, achei que poderia convencer a Netflix a lançá-los nos cinemas. Eu fui presunçoso: eles se recusaram”, disse Fremaux. “As pessoas da Netflix adoraram o tapete vermelho e gostariam de nos mostrar mais filmes. Mas eles entenderam que sua intransigência em relação ao modelo (de negócios) colide com a nossa”.
A Netflix poderá, no entanto, exibir filmes à margem do festival, fora da competição oficial, disse Fremaux.
O diretor do festival também anunciou a proibição de selfies no tapete vermelho e o fim das sessões matutinas para a imprensa. A partir deste ano, os críticos precisarão disputar lugar com o público e convidados na première mundial ou aguardar sessões posteriores dos filmes exibidos no festival.
Para Fremaux, os selfies criam uma “bagunça” e são bregas. “Vão contra o que fez a reputação de Cannes: uma certa elegância, discrição”, concluiu.
A seleção oficial dos filmes que participarão do festival será anunciada no dia 12 de abril.
A atriz australiana Cate Blanchett vai presidir o júri do evento deste ano, que acontecerá na Riviera francesa de 8 a 19 de maio.