Após o questionamento do Sindicato dos Atores, o coordenador de dublês responsável pelas cenas de ação de “Kill Bill” (2003) resolveu se manifestar. Em entrevista à revista The Hollywood Reporter, ele afirmou que não foi chamado a trabalhar no dia em que a atriz Uma Thurman se acidentou, ao filmar uma cena dirigindo um carro antigo conversível.
“Em momento nenhum eu fui avisado ou consultado sobre o fato da sra. Thurman pilotar um carro em cena naquele dia”, revelou o experiente Keith Adams, responsável pela segurança dos atores no set.
Thurman revelou há uma semana, em entrevista ao jornal The New York Times, que teria sido pressionada pelo diretor Quentin Tarantino a dirigir um Karmann Ghia modelo 1973 por uma estrada de terra no México. Ela perdeu o controle do veículo e acabou colidindo com uma árvore. Ela conseguiu um vídeo do acidente com Tarantino, que mostra o momento do impacto, que a deixou com ferimentos em seu pescoço e joelhos.
“Nenhuma cena de risco estava programada para ser filmada naquele dia. Todo o departamento de dublês foi dispensado e ninguém chamado ao set”, afirmou o coordenador de dublês. “Se tivessem me envolvido, eu teria insistido não só em colocar um piloto profissional ao volante como também em garantir que o carro estivesse seguro para correr na estrada”, completou.
Em entrevista recente ao site Deadline, Tarantino afirmou que nunca considerou a cena em questão como “uma cena de risco“.
Entretanto, dublês experientes ouvidos pelo The Hollywood Reporter afirmaram que houve, sim, grande risco e criticaram o diretor pela imprudência. “Ela poderia ter morrido por decapitação”, afirmou o dublê veterano Andy Armstrong. “O carro poderia facilmente ter capotado e a câmera vindo para a frente. Foi irresponsabilidade em um nível imenso”, completou.
Falando com mágoa sobre o episódio, Thurman disse que se recusou inicialmente a pilotar o veículo na cena. “Quentin veio no meu trailer e não gostou de ouvir um ‘não’. Ele disse: ‘Eu prometo a você que o carro está ótimo. É um trecho de estrada reta”, lembrou a atriz, que relata ter brigado por 15 anos com Harvey Weinstein e os produtores do filme para conseguir as imagens que provavam o que realmente aconteceu naquele dia. “O que me afetou mesmo quanto ao acidente foi sentir que tinha sido agredida de tal forma que ficara vulnerável.”
Após a divulgação do vídeo, na última semana, Tarantino confirmou o relato da atriz e disse que o episódio é “um dos maiores arrependimentos de sua vida”.