A atriz Ana Beatriz Nogueira, estrela de várias novelas da Globo, revelou sofrer de uma doença que manteve em segredo até agora: a esclerose múltipla. Ela fez a revelação à colunista Patricia Kogut, do jornalO Globo, neste domingo (4/2).
Ana Beatriz conta que sentiu os primeiros sintomas da doença em janeiro de 2009, quando gravava a novela “Caminho das Índias”, de Glória Perez. Enquanto assistia a um filme de madrugada, em sua residência, ela sentiu a visão se duplicar de repente. “Achei que a legenda da televisão estava ruim”, relembrou a atriz, que no dia seguinte procurou um médico que a tranquilizou, informando que tudo não passaria de efeito colateral de um remédio para dormir.
Somente vários meses e surtos depois é que ela teve a confirmação do diagnóstico.
“A médica me disse: ‘Você tem esclerose múltipla, uma doença autoimune que não tem cura e pode ser incapacitante”, contou. O coração disparou, até ouvir o resto. “‘Mas a sua é na forma branda, o prognóstico é muito bom e você pode controlar isso e morrer de tijolada’”, declarou.
“Achei que era o fim. Como atriz, meu corpo é meu instrumento de trabalho, meu tudo, dependo da minha visão, da audição, das funções cognitivas. O trabalho é minha festa, minha fonte de renda, minha alegria, minha beleza”, contou.
Depois do baque, que a deixou de cama por dois meses, veio a reação. Ela decidiu se atirar no trabalho. “A arte me salva todos os dias. Já me salvava antes, agora, mais ainda”, afirmou.
Artistas próximos dela – como Patricia Pillar, Zélia Duncan e Malu Mader – aprenderam a aplicar a injeção de imunomodulador de que ela precisa para nunca mais ter surtos.
A decisão de tornar sua condição pública é fruto de um processo. Durante anos, ela disse ter temido o preconceito. Agora, com a doença sob controle, concluiu que poderia ajudar a “combater a ignorância, o maior perigo de todos”. Pretende abrir um espaço na internet para tratar do assunto (“não para dar conselhos que só um médico tem autoridade para dar. Será uma troca de experiências”). Ela diz que isso foi algo que fez falta para ela mesma, nos primeiros momentos da doença.