Morreu o cineasta, escritor e poeta argentino Fernando Birri. Considerado o pai do novo cinema latino-americano, ele faleceu na quarta-feira (27/12), aos 92 anos, em Roma.
Birri fundou a Escola Latino-Americana de Documentários de Santa Fé, na Argentina, e da Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños, em Cuba.
Ele rodou um de seus filmes mais famosos na cidade em que nasceu, Santa Fé. No curta “Jogue uma Moeda” (1958), mostrou a situação de miséria em que viviam as crianças de sua província natal.
Seu primeiro longa de ficção foi “Los Inundados” (1961), comédia com toques dramáticos sobre uma família pobre forçada a fazer várias viagens de trem durante um período de inundações, a fim de alcançar um refúgio seguro, enquanto burocratas corruptos transforam a vida do povo num inferno.
Muito ligado ao Brasil, deu aulas para Maurice Capovilla e Vladimir Herzog na escola de Santa Fé. E também viu o nascimento do Cinema Novo, ao lado dos amigos Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha, quando desembarcou no Rio para fugir da ditadura argentina.
Birri foi forçado a se exilar após o golpe militar na Argentina, e foi na Itália que filmou sua obra mais experimental, “Org” (1979), que ele descrevia como um pesadelo de três horas de duração.
Sua filmografia inclui dois documentários distintos sobre Che Guevara, além de uma colaboração com o escritor Gabriel García Márquez, com quem escreveu o roteiro de “Un Señor Muy Viejo Con unas Alas Enormes” (1988), clássico cinematográfico do realismo fantástico.
Seu último filme foi “El Fausto Criollo” (2011), adaptação de um poema de Estanislao del Campo.
Em 2015, a ex-presidente argentina Cristina Kirchner o homenageou por “sua inestimável ajuda ao cinema argentino e latino-americano” e anunciou um projeto de recuperação digital de todas as suas obras.