Ex-diretora de RH de Harvey Weinstein está em novo escândalo sexual, agora na Vice

A cultura de assédio da Miramax, antigo estúdio dos irmãos Weinstein, acabou respingando num novo escândalo sexual, na empresa de mídia Vice, denunciado por uma reportagem do jornal New York Times no […]

A cultura de assédio da Miramax, antigo estúdio dos irmãos Weinstein, acabou respingando num novo escândalo sexual, na empresa de mídia Vice, denunciado por uma reportagem do jornal New York Times no sábado (23/12). A diretora de RH da Vice, Nancy Ashbrooke, foi acusada de conivência com inúmeros casos de assédio, permitindo que o ambiente de trabalho fosse hostil para funcionárias mulheres. Ela era ex-vice-presidente de RH da Miramax, e lidou com denúncias de assédio contra Harvey Weinstein durante os anos 1990 – época em que muitos acordos de confidencialidade foram firmados.

Uma das denúncias contra a Vice foi feita por Abby Ellis, ex-jornalista da empresa, que disse ter procurado Ashbrooke após Jason Mojica, diretor da Vice News, tentar beijá-la à força e, após ter sido rejeitado, passar a retaliá-la profissionalmente. A diretora de RH teria respondido que, pelo fato de a jornalista ser uma mulher atraente, ela teria que lidar com esse tipo de comportamento durante toda sua carreira.

“Enquanto mulheres, nós somos assediadas em todo o lugar e não nos sentimos confortáveis em denunciar porque isso não é considerado uma ofensa denunciável”, disse Ellis ao New York Times. “Esperam que nós aguentemos isso; seria o preço que se paga para trabalhar”, critica a jornalista.

Helen Donahue, outra ex-funcionária da Vice, também tentou denunciar Mojica, afirmando que ele apalpou seus seios e nádegas durante uma festa de fim de ano da empresa em 2015. Ao relatar o episódio para Ashbrooke, ela ouviu que isso não caracterizada assédio sexual, mas apenas uma “cantada”.

“Ela disse que eu deveria esquecer essa história e dar risada disso”, disse Donahue ao jornal americano.

Outros relatos envolvem mais avanços sexuais não consentidos durante as festas da empresa, que nasceu de uma revista canadense marginal e transformou-se em um conglomerado de quase US$ 6 bilhões, com canais de streaming e programas na TV paga. E todas as vítimas que procuraram a área de recursos humanos para denunciar seus agressores, ouviram em resposta ouviam que o que tinham passado não caracterizada assédio e nada podia ser feito.

Entretanto, em pelo menos quatro casos, a empresa fez acordos de confidencialidade com mulheres que denunciaram abusos. Um deles, no valor de US$ 135 mil, envolveu o vice-presidente da Vice, Andrew Creighton, acusado por uma funcionária de tê-la demitido por ela ter recusado ter relações sexuais com ele.

Conhecida pelo jornalismo provocador e por retratar temas polêmicos como sexo e drogas, a empresa se provou um “clube do bolinha” bem conservador, como seus próprios proprietários admitiram.

Em comunicado ao jornal americano, os cofundadores da empresa, Shane Smith e Suroosh Avi, reconheceram que o problema existe e afirmaram estar tomando as medidas necessárias para coibir o “comportamento inapropriado que permeou toda a empresa”. “Nós falhamos enquanto empresa em criar um ambiente profissional seguro e inclusivo em que todos, especialmente mulheres, pudessem se sentir respeitados e prosperar”.

Entre as ações tomadas nos últimos dias, a Vice demitiu três funcionários — entre eles, Mojica e Ashbrooke — , contratou uma nova chefe para a área de recursos humanos e criou um conselho para diversidade e inclusão que inclui entre seus membros a feminista Gloria Steinem.