A atriz Natalie Portman, vencedora do Oscar por “Cisne Negro” (2010), revelou ter refletido muito após os escândalos sexuais que sacudiram a indústria do entretenimento nos últimos dois meses. Durante sua participação no Vulture Festival, em Los Angeles, no fim de semana, ela disse ter concluído que sofreu vários episódios de “discriminação ou assédio”.
“Quando vi tudo o que saiu, minha reação foi ‘uau, como tive sorte por nunca ter passado por isso’. Mas, então, ao refletir, percebi que ‘Ok, definitivamente nunca fui atacada, mas fui discriminada ou sofri sim assédio em quase todos os trabalhos que eu fiz, de certa forma”, disse Natalie. “Eu mudei minha percepção de ‘não tenho uma história para contar’ para ‘não, espere, eu tenho cem histórias'”.
A estrela de cinema, que começou a carreira ainda criança, percebeu que foi assediada quando nem tinha noção do que isso significava. E os primeiros casos aconteceram logo após o sucesso de “O Profissional”. No filme ela interpretava uma garota que passava a viver com um assassino profissional após os seus pais serem mortos. Portman tinha 11 anos quando filmou o longa-metragem.
“Definitivamente, houve um período na minha carreira que eu comecei a recusar fazer qualquer cena de beijo, porque nos meus primeiros papéis a reação era me chamar de Lolita ou coisa do tipo, e eu ficava assustada com isso”.
“A gente achava que essas coisas eram naturais, que faziam parte do processo”, disse ela, lembrando de um produtor que a convidou para viajar em seu avião particular para um evento. “Eu apareci e éramos apenas nós dois e uma cama no avião. Nada aconteceu. Eu não fui atacada, mas disse: ‘Isso não me deixa confortável’. E fui respeitada. Mas foi super esquisito”, contou.
Ela também se queixou de ser descrita como “exaustiva” por um diretor. “Eu era exaustiva por dar minha opinião sobre o meu trabalho? E era completamente diferente com os atores que estavam na mesma sala. Ao ponto de um dos atores me apoiar dizendo: ‘você sabe que você não está ouvindo o que ela está dizendo, mas está ouvindo o que eu digo, e nós estamos dizendo praticamente a mesma coisa?'”.
Para Natalie, parte do problema é a falta de mulheres no comando dos grandes estúdios. “Normalmente, você entra num filme como a única mulher, é comum ser a única mulher num set de filmagens. É muito raro ter mulheres na equipe além das responsáveis pelo cabelo, maquiagem e figurino, os departamentos onde o estereótipo feminino se encaixa. Acho que as mulheres experimentam isso não apenas em Hollywood, mas em vários trabalhos”.