O fundador da revista Playboy, Hugh Hefner, morreu nesta quarta-feira, aos 91 anos, em sua casa em Los Angeles. A informação foi confirmada por uma publicação em seu Twitter oficial, que trouxe uma conhecida frase de Hefner: “A vida é muito curta para viver o sonho de outra pessoa”.
Segundo o TMZ, Hefner morreu em paz e cercado pela família. A causa da morte do empresário não foi informada.
“Meu pai viveu uma vida excepcional e impactante. Defendeu alguns dos movimentos sociais e culturais mais importantes do nosso tempo, a liberdade de expressão, os direitos civis e a liberdade sexual”, destacou Cooper Hefner, filho de Hugh, ao confirmar o falecimento. Além de Cooper, Hugh Hefner deixa os filhos David e Marston, e a filha Christie.
Hugh Hefner lançou revista Playboy em 1953, trazendo em uma primeira edição um ensaio nu de Marilyn Monroe. Na época, Hefner havia se demitido da revista Esquire após ter um aumento negado e pediu empréstimos para abrir seu próprio negócio.
A edição com fotos de Marilyn Monroe nua, tiradas para um calendário de 1949, vendeu 50 mil cópias e fez deslanchar a nova publicação no concorrido mercado de revistas masculinas. Marilyn morreria três anos após o lançamento da Playboy, aos 36 anos, como um dos maiores sex symbols dos EUA.
A Playboy registrou recordes de tiragens nas décadas seguintes, marcando a revolução sexual dos anos 1960 e 1970, quando passou a ser publicada em quase todo o planeta. O auge da revista aconteceu em 1972, quando chegou a vender 7,1 milhões de exemplares num único mês.
Mas além de trazer mulheres nuas deslumbrantes, a Playboy também foi responsável por trazer a seus leitores um pouco de cultura. A revista cedeu suas páginas para artistas inovadores de quadrinhos, como Harvey Kurtzman, Frank Frazetta, Russ Heath e Will Elder, cartunistas como Shel Sliverstein, Graham Wilson, Doug Sneyd e Dean Yeagle e personagens clássicas como “Little Annie Fannie”. Além disso, também publicou contos de grandes autores literários, como Roald Dahl, o autor de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, Ian Fleming, criador de James Bond, Margaret Atwood, que escreveu “O Conto da Aia” (The Handmaid’s Tale), Ray Bradbury, mestre da sci-fi e autor do clássico “Fahrenheit 451”, Jack Kerouac, o beatnik de “Pé na Estrada”, e o colombiano Gabriel García Márquez, escritor do fenômeno latino “100 Anos de Solidão”, entre outros.
Com o sucesso da publicação, a marca depois se estendeu à criação de clubes, produção de vídeos e conteúdos eróticos para TV e Internet, além do licenciamento de produtos com o conhecido logo do coelho de gravata.
Mas tudo mudou no século 21, com a concorrência da Internet, o que levou a revista a experimentar, entre 2016 e 2017, publicações sem nudez. Cooper Hefner assumiu o comando da publicação neste ano e acabou retornando à fórmula original.
Hefner, por sua vez, viveu uma vida literalmente de playboy. Conhecido por manter várias namoradas ao mesmo tempo em sua mansão, ele chegou a protagonizar o reality show “Girls of Playboy Mansion”. E era casado desde 2010 com a modelo Crystal Harris, 60 anos mais nova que ele, após dois divórcios nos anos 1950.
“Hefner adotou uma abordagem progressiva não só para sexualidade e humor, mas também para a literatura, política e cultura”, destacou a Playboy.
O fundador da revista só lamentava uma coisa na vida. Não ter namorado sua musa, Marilyn Monroe. “Sou apaixonado por loiras, e ela era a melhor delas.”
Em 1992, Hefner comprou uma cripta ao lado do túmulo da atriz, no cemitério de Westwood Village, por US$ 75 mil, onde será enterrado.