O Brasil tem novo Ministro da Cultura. O quarto em menos de um ano. O jornalista Sérgio Sá Leitão foi anunciado na pasta pela Presidência da República.
Segundo o portal UOL, a nomeação de Sá Leitão contou com o apoio do cineasta Cacá Diegues, de quem Michael Temer é próximo e com quem o presidente conversou nas últimas semanas sobre a indicação.
Sérgio Sá Leitão sucede a dois demissionários e um interino relutante. A pasta estava sem titular desde 18 de maio, quando Roberto Freire pediu demissão. Ele tinha assumido o Ministério após o pedido de demissão do antecessor, Marcelo Calero, em novembro do ano passado. Já o Ministro interino, João Batista de Andrade, cotado para assumir a pasta, pediu a Temer para não ser efetivado. Os motivos da dificuldade para emplacar um titular na Cultura são escândalos de corrupção do atual governo.
A escolha de Sérgio Sá Leitão não deve acalmar os ânimos da classe artística. Durante o último Festival de Berlim, o diretor Marcelo Gomes expressou temor com sua indicação para a direção da Ancine, opção original de Michel Temer.
Apesar do acirramento político do país, Sá Leitão já esteve no Ministério da Cultura anteriormente, convidado pelo então Ministro Gilberto Gil, durante o governo de Lula. Desde então, passou por várias estatais, do BNDES à RioFilme, de 2009 a 2015. Por isso, a Presidência ressaltou, em nota, a “ampla e reconhecida experiência” do jornalista de 49 anos.
Como Chefe de Gabinete de Gil entre 2004 e 2006, Sá Leitão tomou medidas importantes, como a criação do Programa de Economia da Cultura, a coordenação do Programa de Apoio à Exportação de Música (Pró-Música) e da CulturaPrev, Fundo de Pensão para os Trabalhadores da Cultura.
Ao ir para a RioFilme, fez a produtora atingir sua era de ouro, permitindo que o Rio de Janeiro voltasse a se tornar um dos principais polos produtores de audiovisual do país, além de atrair produções internacionais, como “A Saga Crepúsculo: Amanhecer” e “Velozes e Furiosos 5”.
Sua gestão inspirou iniciativa similar da Prefeitura de São Paulo, que lançou a SPCine.
Apesar disso, Sá Leitão foi acusado de favorecer as grandes produtoras, em detrimento do cinema autoral.
Vale observar que sua saída da RioFilme coincidiu com o fim da incipiente era dos blockbusters rodados no país.