Após “Aquarius” no ano passado, o Festival de Cannes 2017 voltará a contar com um representante brasileiro, embora desta vez fora da competição principal.
O filme “Gabriel e a Montanha”, de Fellipe Gamarano Barbosa, foi selecionado para integrar a mostra Semana da Crítica do festival, que terá ao todo 11 longas e 13 curtas-metragens.
“Gabriel e a Montanha” é o segundo longa de Barbosa, que estreou com o excelente “Casa Grande” (2014), premiado no Festival do Rio. A obra dramatiza os últimos dias de Gabriel Buchmann, economista brasileiro que morreu em 2009, aos 28 anos, durante uma escalada no Malawi. Buchmann, que era amigo de infância do diretor, estava viajando pelo mundo antes de iniciar um programa de doutorado sobre desenvolvimento social. Ao subir o Monte Mulanje, no Malawi, Gabriel se perdeu e acabou morrendo de hipotermia.
“O significado de uma viagem só pode ser definido após o retorno. Gabriel não teve a oportunidade de retornar. Minha motivação para fazer esse filme foi descobrir o significado da viagem que ficou perdido e compartilhá-lo, que é exatamente o que o Gabriel teria feito”, explicou Fellipe Barbosa, em comunicado.
“O filme também é resultado da minha relação com a África. Em novembro de 2011 eu fui para Uganda pela segunda vez como mentor do Maisha Film Lab, criado por Mira Nair (diretora de ‘Rainha de Katwe’). Depois do workshop, eu peguei a estrada e passei por parte do trajeto realizado pelo Gabriel Buchmann. Em dois meses cruzei Ruanda, Burundi, Tanzânia e Malawi, onde subi o Monte Mulanje e caminhei até o local onde o corpo de Gabriel foi encontrado”, completou o diretor
Barbosa retornou à África em 2015, quando localizou todas as pessoas que estavam nas anotações de Gabriel e as entrevistou para aprimorar o roteiro.