A MGM e a 20th Century Fox Home Entertainment estão sendo processadas por uma consumidora que se sentiu lesada após comprar um box de DVDs anunciado como a coleção completa de todos os filmes de James Bond.
Mary Johnson foi à justiça em Washington para reclamar que foi enganada pela propaganda impressa na caixa do produto, que afirma: “Todos os filmes de James Bond reunidos pela primeira vez”. Após abrir a caixa, ela reparou que faltavam dois filmes: “Cassino Royale” (1967) e “007 – Nunca Mais Outra Vez” (1983).
Esses dois filmes, é claro, não são considerados integrantes oficiais da filmografia de 007.
O “Cassino Royale” dos anos 1960 foi uma paródia estrelada por, entre outros, Woody Allen, Peter Sellers, David Niven, Ursula Andress e Orson Welles. E era uma produção da Columbia Pictures, não da Eon Productions, que detém os direitos da franquia, nem teve participação da MGM, estúdio responsável pelos filmes oficiais.
A história de “007 – Nunca Mais Outra Vez” é ainda mais nebulosa, pois resultou de uma disputa de direitos entre a MGM, a Danjaq/Eon e o roteirista Kevin McClory.
McClory, que trabalhou com Ian Fleming, criador de James Bond, no esboço do primeiro roteiro de cinema do personagem, foi escanteado quando 007 chegou às telas. Para completar, o roteiro que ele escreveu foi publicado como livro por Fleming, sem lhe dar créditos. A disputa foi parar na justiça e o roteirista acabou sendo considerado autor do romance que, mais tarde, originou o filme “007 Contra a Chantagem Atômica” (1965).
Desde então, ele brigou pelos direitos do personagem, querendo fazer seus próprios filmes de Bond, e nos anos 1980 um tribunal de Londres deu-lhe ganho de causa. Na mesma época em que Roger Moore estrelou “007 Contra Octopussy” (1983), a empresa de McClory lançou “007 – Nunca Mais Outra Vez”, com o atrativo de trazer o ator Sean Connery, primeiro intérprete cinematográfico de James Bond, de volta ao papel – e com ninguém menos que Kim Basinger como Bond Girl.
Depois disso, a MGM buscou acordos e, inclusive, já recuperou os direitos dos dois filmes que a consumidora reclama estarem faltando na caixa, o que complica ainda mais o caso.
Em seu processo, Johnson alega ter havido uma violação da Lei de Proteção ao Consumidor, citando como parâmetro uma ação movida contra uma empresa fabricante de chips, que anunciava em suas embalagens que seu produto tinha um peso, quando na verdade tinha menos.
Se a justiça de Washington der ganho de causa à consumidora, todos os que compraram a caixa nos EUA poderiam requisitar compensação financeira.
Em declaração feita à revista The Hollywood Reporter, a MGM chamou o processo de “frívolo”. “As coleções de DVD e Blu-ray de James Bond, que listam claramente os filmes incluídos, têm sido apreciadas por milhões de consumidores satisfeitos em todo o mundo. Pretendemos nos defender vigorosamente contra essas reivindicações frívolas”.
Veja abaixo a propaganda anexada ao processo, como prova de que a coleção alega conter todos os filmes de 007, sem exceção.