A briga entre as redes Record, SBT e RedeTV! e as operadores de TV paga promete esquentar nos próximos dias, com o desligamento do sinal analógico na Grande São Paulo. Marcado para o dia 29, ele estaria sendo considerado decisivo pelos dois lados da disputa.
As emissoras querem cobrar cerca de R$ 3,5 bilhões por ano pela distribuição de seus sinais em alta definição. Para isso, criaram no final do ano passado uma empresa, a Simba, uma joint venture para defender seus interesses que foi fortemente combatida por operadoras e programadoras de TV por assinatura durante a tramitação de processo no CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Com a aprovação da Simba no CADE, as três redes agora pressionam conjuntamente as TVs por assinatura, alegando que respondem por quase 20% de toda a audiência da TV paga brasileira sem receber nada por isso. A Simba estima que os sinais dos três canais valem R$ 15 mensais por assinante, o que daria, no universo dos 19 milhões de consumidores de TV paga no país, quase R$ 3,5 bilhões brutos por ano.
Segundo Daniel Castro, do blog Notícias na TV, os canais já começaram a pressionar nas redes sociais e pretendem levar anúncios em seus intervalos comerciais para sensibilizar seus telespectadores, demonstrando que reivindicam apenas o que consideram legal e justo. Além disso, lembrarão que a Globo já cobra por seu sinal na TV paga, o que é sujeito a debates.
Para forçar a negociação, a Simba se espelha na Fox, que em uma tensa negociação com a Sky, chegou a cortar os sinais de seus canais da operadora. O assinante de TV paga se voltou contra a Sky e a Fox conseguiu o aumento que queria. Agora, as três redes abertas devem usar a mesma estratégia.
Se isso ocorrer, pela resolução da Anatel as operadoras teriam de substituir esses canais por similares, que não existem. A alternativa para a falta de conteúdo correspondente seria reduzir os preços dos pacotes para os assinantes, o que provaria o ponto das três redes, de que agregam valor.
Para pressionar ainda mais as operadoras, a Simba abriu negociações com a Netflix para a venda do conteúdo dos três canais.
A disputa é entre pesos-pesados, mas a queda de braços não se resume à ameça de cortes de sinais. Ela também está chegando nos telejornais e no Congresso. Ainda segundo Castro, Record, SBT e RedeTV! estão prontas para denunciar um projeto de lei complementar, identificado como PLC 79, que está em tramitação no Senado Federal, visando alterar a Lei Geral de Telecomunicações, que presenteia as empresas de telecomunicações (donas das operadoras) com anistia de multas, transferência de infraestrutura e benefícios de R$ 100 bilhões, praticamente o faturamento de um ano de todo o setor. A Record estaria disposta a envolver até seus aliados da bancada evangélica para votar contra os interesses das teles.