Focada na juventude de Norman Bates, protagonista do clássico “Psicose” (1960), a série “Bates Motel” vai encerrar a trama em sua 5ª temporada, alinhando sua história com a do famoso filme de Alfred Hitchcock. Mas embora os fãs imaginassem que pudessem existir mudanças, o episódio que foi ao ar na segunda (27/3) nos EUA pegou todo o público de surpresa.
Intitulado “Marion”, o capítulo era bastante aguardado por prometer a icônica cena do chuveiro, em que Norman, vestido como sua mãe, mataria a facadas a personagem Marion Crane. No filme de 1960, o papel foi vivido por Janeth Leigh. Mas os produtores da série já tinham se desviado da história ao decidir não escalar uma loira hitchockiana. Em vez disso, a cantora Rihanna foi trazida para interpretar a personagem.
Mas, spoiler e reviravolta totais, não é ela quem Norman encontra em seu surto.
Em entrevista ao site TVLine, os produtores executivos Kerry Ehrin e Carlton Cuse explicaram a mudança. “Nós não queríamos fazer o que o filme fez. E sentíamos que a Marion não iria parecer uma personagem particularmente empoderada se fosse assassinada no chuveiro. Nós queríamos que ela fosse uma personagem fundamentalmente forte, decisiva”, disse Cuse. “Uma sobrevivente no real sentido da palavra”, completou Kerry.
Os produtores também afirmaram que não estão fazendo uma crítica ao filme de Alfred Hitchcock ao mudar a cena. “Não estamos desprezando o longa. O filme estava muito à frente de seu tempo em 1960. Esse tipo de personagem era apropriado para 1960, mas não para 2017. O filme precisa ser julgado de acordo com seu contexto e com a época em que foi feito. E ele foi radical ao quebrar as regras da narrativa. Ter essa personagem que parecia ser a principal da história morrer no primeiro ato foi uma ideia surpreendente”, disse Cuse.
Na série, contudo, Marion é uma mera coadjuvante, que foi introduzida apenas no capítulo anterior. Por conta disso, os produtores não poderiam mesmo repetir o contexto da entrada triunfal de Janet Leigh em cena, como falsa protagonista.
A entrevista dos produtores, por sinal, sugere que Marion pode virar a “final girl”, a garota que sobrevive no final da história, o que seria uma reviravolta ainda mais surpreende. Vale observar, contudo, que, ao contrário do que Kerry e Cuse afirmam, o fato de uma mulher sobreviver ao ataque de um psicopata está longe de ser um conceito “apropriado para 2017”, pois é um clichê dos terrores slashers dos anos 1970 e 1980 – a ponto de existir a expressão “final girl”, que virou até título de filme do gênero.