Trechos perdidos das filmagens de “O Pecado Mora ao Lado” (1955), que registram a versão original da cena mais famosa da carreira de Marilyn Monroe, foram descobertos depois de mais de 60 anos. Trata-se da mítica cena em que Marilyn tem seu vestido branco erguido pelo vento.
O diretor Billy Wilder sempre disse que, embora o estúdio tenha perdido os originais, um dia alguém traria essas imagens à tona, já que inúmeros fotógrafos e cinegrafistas se amontaram para captar o furacão sensual de Marilyn Monroe, na noite de 15 de setembro de 1954 em Nova York.
O registro que agora surgiu, revelado pelo jornal The New York Times, foi feito por Jules Schulback, um alemão que tinha como passatempo filmar o cotidiano de sua família com uma câmera Bolex de 16mm. Ele ouviu que Marilyn estaria na cidade para rodar uma cena de sua nova comédia e se juntou ao grande número de curiosos que a produção juntou no local.
Nas imagens de Schulback, é possível ver Marilyn Monroe com o sensual vestido branco, erguido no ar em close-up, e também a atriz de roupão, saudando os fãs e a imprensa, antes ou depois das filmagens.
Wilder resolveu realizar a cena ao ar livre para causar frisson midiático. E deu certo. “O Pecado Mora ao Lado” se tornou muito falado, meses antes de estrear. O problema é que o público masculino ficou entusiasmadíssimo, gritando para a equipe fazer o vestido subir ainda mais alto. Sem que diretor e estrela soubessem, a multidão também atraiu o jogador de beisebol Joe DiMaggio, então casado com Marilyn, que não gostou nada do que viu.
Mais tarde naquela noite, o casal teve uma briga com muita gritaria em seu quarto de hotel e, na manhã seguinte, o maquiador do estúdio foi chamado para cobrir as contusões da estrela. Três semanas depois, ela pediu o divórcio.
Pouco se aproveitou das filmagens daquele 15 de setembro. Wilder refilmou a sequência inteira em estúdio, criando um efeito mais controlado do vento sob a saia da atriz, de forma a suavizar a sensualidade da ocasião. Há várias versões para esta decisão. Teria sido um pedido da própria Marilyn, para evitar novas discussões com o marido. Ou as imagens originais mostrariam Marilyn sem calcinha – uma lenda urbana incentivada pela imaginação dos fãs. Ou, ainda, toda a comoção causada pelas filmagens em Nova York não passava mesmo de um golpe publicitário.
O alemão adorava contar a história da noite em que viu Marilyn Monroe bem de perto para suas filhas e netas. Mas, durante anos, o filme ficou enterrado sob dezenas de bobinas de imagens da família. Só agora o mundo pôde conhecer o que ele viu na noite em Marilyn Monroe parou Nova York.