A aparente integração racial dos indicados ao Oscar 2017 rendeu um número recorde de candidatos negros ao prêmio máximo do cinema norte-americano, mas, em compensação, barrou a presença dos latinos na premiação.
Após três anos de predomínio de filmes de cineastas mexicanos, 2017 não teve um novo “Gravidade” (2014), “Birdman” (2015) ou “O Regresso” (2016). A única produção dirigida por um latino a conquistar um pouco de destaque foi “Jackie”, cinebiografia da ex-Primeira Dama Jacqueline Kennedy, com três indicações (inclusive de Melhor Atriz para Natalie Portman). Nenhuma delas para seu diretor, o chileno Pablo Larraín, ou para os técnicos latinos que trabalharam com ele.
Para piorar, a categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira foi dominada por produções europeias (e um longa australiano), fechando uma importante porta. A tendência se repetiu até nas categorias de curta-metragens.
O resultado foi o pior desempenho latino-americano no Oscar neste século, com apenas uma indicação.
O representante solitário é o mexicano Rodrigo Prieto, que recebeu a única nomeação do filme “O Silêncio”, de Martin Scorsese, e concorre ao Oscar de Melhor Fotografia.
Além dele, há o compositor nova-iorquino Lin-Manuel Miranda (de descendência porto-riquenha), na disputa do Oscar de Melhor Canção Original por “How Far I’ll Go”, da trilha de “Moana”, e o californiano Adam Valdez, que concorre ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais por “Mogli, o Menino-Lobo”.
Enquanto organizações voltadas às lutas históricas por direitos de negros nos EUA comemoram a conquista da diversidade racial na premiação, representantes das comunidades latinas nos EUA já reclamam, justamente, da falta desta decantada diversidade.