Um juiz de Wisconsin, nos EUA, ordenou na segunda-feira (14/11) a soltura de Brendan Dassey, de 27 anos, um dos dois homens condenados por assassinato no caso desmontado pela premiada série documental “Making a Murderer”, da Netflix.
O juiz William Duffin decidiu que Dassey deveria ser solto imediatamente da prisão, após um veredito de agosto anular sua condenação. Mas o procurador-geral em Wisconsin, Brad Schimel, anunciou que entrará com um recurso para impedir que o réu seja solto.
Dassey e seu tio Steven Avery, de 54 anos, foram condenados à prisão perpétua pelo homicídio da fotógrafa Teresa Halbach, então com 25 anos, em 2005.
O caso foi tema de “Making a Murderer”, lançada na Netflix em dezembro passado, que denunciou falhas ou simulações na investigação, assim como vários elementos que levam a pensar que Dassey e Avery foram presos injustamente.
A decisão do juiz Duffin expôs, principalmente, a defesa desastrosa que Dassey teve em 2006, a cargo do advogado Leonard Kachinsky. A conduta do advogado de Dassey, que tinha então 16 anos e coeficiente intelectual limitado, foi “indefensável”, de acordo com o juiz. Kachinsky teria, inclusive, procurado provas para incriminar seu cliente e permitido que ele fosse interrogado sem estar presente.
Depois do lançamento da série na Netflix, cresceram os pedidos para libertar o jovem e seu tio, a ponto de a Casa Branca receber um abaixo-assinado com mais de 130 mil assinaturas, pedindo o perdão presidencial.
A Casa Branca respondeu que os dois acusados não foram condenados em um processo federal, e sim pelo sistema judiciário de Wisconsin. Por esse motivo, o presidente não poderia lhes conceder o indulto.
Apesar da libertação de Dassey, seu tio e foco do documentário, Steven Avery, permanece preso.
Os dois estão encarcerados há 18 anos por tentativa de assassinato e agressão sexual, mas um exame de DNA já tinha inocentado Avery, que chegou a ser libertado. Seus problemas voltaram quando ele pediu uma indenização milionária e denunciou os policiais do condado de Manitowoc. De uma hora para outra, voltou a ser condenado à prisão perpétua pelo homicídio da fotógrafa.
A série sustentou a tese de que as duas condenações foram injustas e resultado de manipulação, por parte da polícia, para incriminar e calar Avery.
A produção de “Making a Murderer” acabou tendo uma grande repercussão nos EUA, venceu quatro Emmys e o Netflix já encomendou uma 2ª temporada para suas criadoras, a dupla de cineastas Moira Demos e Laura Ricciardi, que escreveram, dirigiram e produziram os dez episódios da atração.