O diretor Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”) entregou na quarta-feira (6/10) uma carta com pedido de exoneração da coordenadoria de cinema da Fundação Joaquim Nabuco.
Mesmo assim, manteve agendados compromissos em Los Angeles e San Francisco, onde participará de debates e reuniões de trabalho relevantes às atividades da curadoria do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, segundo autorização que havia recebido anteriormente da autarquia, registrada no Diário Oficial da União. A viagem aproveitaria sua participação no Festival de Nova York, onde será exibido seu filme “Aquarius”.
O vazamento de seu pedido de exoneração o pegou de surpresa. “Estou num avião indo para NY. Está tudo certo. Preciso de tempo para projetos de cinema e já pensava nisso há 2 anos”, disse Kleber, por mensagem de texto, ao ser procurado pela reportagem do Jornal do Commercio, de Recife. “Não era nunca para sair matéria antes de eu me explicar, vai ficar destorcido”, lamentou. “Vão fazer especulações em cima de basicamente zero”.
Kleber atuava na autarquia ligada ao Ministério da Educação há 18 anos. O afastamento, segundo o cineasta, se deve à necessidade de se dedicar “a projetos de cinema”. Na carta, segundo apurou o Jornal do Commercio, ele não se refere ao fato de não reconhecer o “governo ilegítimo” do qual o Ministério da Educação faz parte.
O cineasta adiantou que vai se pronunciar pelas redes sociais assim que chegar à Nova York. Entre os amigos mais próximos, a notícia já era esperada desde que o cineasta protestou contra um “golpe de estado”, convocando o mundo a se posicionar diante do fim da democracia no Brasil, durante a estreia de “Aquarius” no Festival de Cannes, e veio à tona que ele era funcionário de uma instituição do governo federal.
Dias antes do protesto de tapete vermelho, o presidente anterior da Fundaj, Paulo Rubem Santiago, pediu demissão por não reconhecer a legitimidade de Michel Temer.
O atual presidente da Fundaj, Luiz Otavio Cavalcanti, emitiu um comunicado se manifestando sobre a carta de exoneração, na qual diz que “respeita a decisão do cineasta Kleber Mendonça de entregar o cargo por considerar este um ato pessoal”. E ressalta: “O mesmo respeito com que tratou a decisão de Kleber Mendonça de permanecer no cargo durante os cinco meses da atual gestão”.