O ator Wagner Moura (série “Narcos”) reclamou, em entrevista ao blogueiro do UOL Leonardo Sakamoto, que está tendo dificuldade para financiar sua estreia como diretor de cinema, uma cinebiografia de Carlos Marighella.
“Já recebemos e-mails de que não iriam apoiar um filme meu, ainda mais sobre alguém como o Mariguella, um ‘terrorista'”, disse Moura na entrevista.
Inspirado no livro de “Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo”, de Mario Magalhães, outro blogueiro do UOL, o filme está orçado em R$ 10 milhões, valor de superprodução para o cinema nacional. Não é, definitivamente, o projeto indie que se espera de um diretor iniciante.
Apesar das negativas da iniciativa privada, Moura já conseguiu apoio do governo petista da Bahia, seu estado natal e também de Marighella. “O governador se comprometeu a fazer contato com algumas empresas como a Bahiagás, Embasa, etc, para ver a possibilidade de um patrocínio direto ou por meio do FazCultura ou da Lei Rouanet”, disse o secretário de cultura do estado, Jorge Portugal.
Por sua vez, o ator, que diz não reconhecer o governo Temer nem o Ministro da Cultura Marcelo Calero, não vê contradição em se valer de financiamento do mesmo governo para tirar do papel um projeto pessoal. Na opinião dele, as críticas de que estaria “mamando” em dinheiro público são tanto fruto do momento atual, de extrema polarização política, quanto de um tipo de “narrativa”, que muitas vezes descamba para a “canalhice”.
“Se você coloca seu projeto para ser avaliado no Ministério da Cultura e ele é aprovado, não quer dizer que você vai ter esse dinheiro. Você tem que mendigar. Inclusive, de uma forma distorcida. A Lei Rouanet é uma lei neoliberal, que deixa para as empresas a aplicação de dinheiro público. As críticas que fazem à lei são por motivos errados”.