Os sites de entretenimento de Hollywood não poderão mais publicar a idade de atores, segundo uma nova lei da Califórnia. O texto aprovado exige que portais, como o IMDb, a maior base de dados para atores e cineastas do mundo, removam a informação sobre a idade dos artistas, caso isso seja requisitado por eles ou seus representantes legais.
A decisão foi celebrada pelo SAG-AFTRA, o Sindicato dos Atores dos EUA, como uma forma de combater a discriminação por idade em elencos, mas criticada por outros que afirmam ser uma maneira de limitar a liberdade de expressão. É também uma vitória polêmica, pois o que se vende como uma derrota do preconceito etário permite perpetuar a escalações de quase trintões em papeis de adolescentes e alimenta a vaidade de estrelas que se recusam a aceitar a própria idade, quando poderiam ter papel importante a desempenhar diante de uma população mundial mais envelhecida que nunca, mostrando que envelhecer é normal e não deveria ser impedimento para nada.
Sob a nova lei, que passa a ter efeito no início de 2017, a idade dos atores poderá ser publicada. Mas, caso o artista peça a remoção, os sites deverão fazê-lo em um prazo máximo de cinco dias.
A nova legislação foi inspirada por um processo movido por uma atriz em 2013 contra o IMDb. Ela acusava o site de fazê-la perder ofertas de trabalho por ter revelado sua idade e exigia uma indenização. Na época, o portal venceu a batalha.
“Como todos os empregados, artistas merecem uma oportunidade justa para provar o que eles podem fazer, e essa regra vai ajudá-los nisso”, disse Gabrielle Carteris, presidente do SAG-AFTRA.
O sindicato reclama que a idade fica muito visível no perfil de cada ator dentro de sites como o IMDb, a ponto de o visitante se deparar com a informação mesmo se não estiver procurando por ela. Como o IMDb é muito utilizado na composição de elencos, isso seria prejudicial na busca de trabalhos.
A nova lei é conhecida como AB-1687 e se aplica apenas a sites comerciais, que são definidos como aqueles que exibem propagandas ou recebem dinheiro de assinantes. Isso significa que a mudança não afetará sites como a Wikipedia, onde a informação é incluída pelo público, mas terá impacto em portais de notícias.
“Estamos desapontados que a AB 1687 tenha virado lei”, disse Noah Theran, porta-voz da Internet Association. “Nós seguimos preocupados com a lei e com o precedente que ela vai abrir ao suprimir informações factuais da internet”.