“Invocação do Mal 2” é o principal lançamento desta quinta (9/5), chegando aos cinemas com divulgação e distribuição poucas vezes vistas para um filme de terror no país, em 782 salas. O primeiro filme foi um mais bem-sucedidos do gênero, tendo rendido até um spin-off, “Annabelle” – e “Annabelle 2” também está em desenvolvimento.
Como no primeiro longa, a trama é baseada numa história real, extraída dos arquivos de Lorraine e Ed Warren, o casal de investigadores paranormais vividos por Vera Farmiga e Patrick Wilson. Desta vez, eles investigam a famosa assombração de Enfield, que aflige uma família em Londres, especialmente a filha aterrorizada por um poltergeist. Mas o principal destaque da produção está nos bastidores: o diretor James Wan, que se tornou um mestre moderno do terror ao lançar três franquias bem-sucedidas – as outras são “Jogos Mortais” e “Sobrenatural” – , antes de mostrar ainda mais potencial no cinema de ação, comandando o blockbuster “Velozes e Furiosos 7”. O resultado é um dos filmes mais assustadores dos últimos anos, com diabólicos 66% de aprovação da crítica americana, segundo o site Rotten Tomatoes.
“Truque de Mestre: O Segundo Ato” é outra continuação com lançamento amplo, em 653 salas. A trama se passa um ano após o quarteto original de mágicos enganar o FBI e ganhar adulação do público, mas em seu retorno os protagonistas são forçados a realizar um assalto ainda mais audacioso. A gangue de mágicos volta a incluir Jesse Eisenberg, Woody Harrelson e Dave Franco, mas houve uma troca no elenco, com Lizzy Caplan (“A Entrevista”) assumindo a vaga de Isla Fisher, que estava grávida durante a produção. Além dos citados, o longa também traz de volta Mark Ruffalo, Morgan Freeman e Michael Caine, e a estreia de Daniel Radcliffe (“Harry Potter”) como vilão. É um ótimo elenco, desperdiçado num filme inferior ao original, que já não era unanimidade para começar. Conquistou apenas 33% de críticas favoráveis, na apuração do Rotten Tomatoes.
“Casamento de Verdade” é o maior dos pequenos, chegando em 23 salas. Mas apenas um detalhe o distingue de uma típica dramédia americana de casamento: o fato de serem duas noivas. O resto, como a família conservadora, a mensagem sobre tolerância e o final feliz estão todos em seus lugares convencionais, inclusive a atriz principal, a outrora promissora Katherine Heigl, que passou os últimos anos tentando se casar – de “Vestida Para Casar” (2008) a “O Casamento do Ano” (2013). Fracasso de bilheteria e crítica nos EUA (14% no Rotten Tomatoes), chega em 23 salas.
Produzido em 2010, o drama brasileiro “Os Sonhos de um Sonhador: A História de Frank Aguiar”, estreia do diretor Caco Milano, levou seis anos para ganhar distribuição. Para se ter ideia, Chico Anysio, falecido em 2012, faz parte de seu elenco. Feito sob o impacto do sucesso de cinebiografias de cantores populares, chega aos cinemas em outra fase, durante o sufoco criativo do besteirol televisivo, e ainda é prejudicado por um título longo, que sugere se tratar de um documentário. Mas fora Chico, que rouba todas as cenas, e uma fotografia de postal do Piauí, não chega nem perto de despertar a empatia de “2 Filhos de Francisco” (2005). De forma significativa, um dos artistas de forró mais populares do país tem seu filme lançado em apenas oito salas.
Outro drama nacional, “A Despedida” não teve seu circuito divulgado, mas está em cartaz nos cinemas de arte mais conhecidos, como Reserva Cultural, em São Paulo, e Grupo Estação, no Rio. Vencedor do Festin, de Lisboa, e bastante premiado em Gramado, o novo filme de Marcelo Galvão (“Colegas”) traça um retrato sensível sobre a decadência física da velhice e a inevitabilidade da morte com uma interpretação primorosa de Nelson Xavier (que, por coincidência, pode ser visto também na cinebiografia de Frank Aguiar). Ele vive um almirante aposentado que, ao sentir a proximidade do fim, resolve colocar suas contas em dia, seja a dívida do bar, seja um reencontro com uma amante muito mais jovem (Juliana Paes, a nova “Gabriela”). Um dos melhores lançamentos brasileiros do ano.
Há ainda um terceiro filme nacional, “Vampiro 40°”, derivado da série “Vampiro Carioca”, do Canal Brasil. Com vampiros traficantes, “mafiosa” japonesa e muitas vamps, além do cantor Fausto Fawcett, o filme de Marcelo Santiago (“Lula, o Filho do Brasil”) é trash no último. Sem circuito divulgado.
Por fim, o francês “A Odisseia de Alice” oferece uma fascinante história de amor pós-feminista, centrada na única marinheira de um navio de carga, que deixa seu noivo no porto sem saber que seu novo capitão é um ex-namorado. Sensual e cerebral, o drama destaca a interpretação da grega Lucie Borleteau (que estreou em Hollywood com “Antes da Meia-Noite”), cuja personagem habita o universo do trabalho masculino sem perder sua feminilidade. A atriz venceu diversos prêmios pelo papel, inclusive no Festival de Locarno. Com 80% de aprovação no Rotten Tomatoes, a estreia na direção de Lucie Borleteau (roteirista de “Minha Terra, África”) é também o melhor lançamento da semana. Logicamente, ganha a recompensa da pior distribuição, disponível em apenas uma sala em São Paulo.