O diretor John Carney alimentou uma polêmica desnecessária ao se pronunciar, de forma pouco elegante, sobre a atriz Keira Knightley, durante uma entrevista ao jornal britânico The Independent. Ele dirigiu a atriz no filme musical “Mesmo se Nada der Certo”, que arrancou muitos elogios da crítica em 2013.
Falando sobre os bastidores da produção, ele disse que nunca mais faria um filme com “supermodelos”, opinando que Keira, indicada duas vezes ao Oscar, “não estava pronta” para ser uma atriz de cinema. O desabafo veio por conta da comparação entre “Mesmo se Nada der Certo” e seu novo longa, “Sing Street”, filmado na Irlanda, sua terra natal, com atores do país. Segundo ele, essa decisão partiu de um “desencantamento em trabalhar com certas estrelas de cinema”.
“Eu não gostei daquela experiência de paparazzi e grandes estreias. O mundo das estrelas de cinema nunca me atraiu. Eu gosto de trabalhar com atores e quis voltar para o que eu sabia, gostar de fazer filmes novamente. Não que eu não tenha gostado de ‘Mesmo se Nada Der Certo’, mas a Keira tem uma entourage que a segue por toda parte, então é muito difícil fazer algum trabalho de verdade”, reclamou.
Ele afirmou, ainda, que a atriz não conseguiu interpretar sua personagem de forma verossímil, preferindo elogiar o desempenho dos atores da produção. “Aprendi que nunca mais vou fazer um filme com supermodelos novamente. Mark Ruffalo é um ator fantástico e Adam Levine é ótimo de se trabalhar (…) Então, não é como se eu odiasse essa coisa de Hollywood, mas eu gosto de trabalhar com atores decentes e curiosos, ao contrário de estrelas de cinema. Eu não quero execrar a Keira, mas você sabe, é difícil ser um ator de cinema e isso requer um certo nível de honestidade e auto-análise para o qual não acho que ela está pronta, e certamente não acho que estava pronta para isso nesse filme”, avaliou Carney.
A execração pública causou comoção nas redes sociais e levou outros cineastas que já trabalharam com Keira, como Mark Romaneck, Lorene Scafaria, Lynn Shelton e Massy Tadjedin, a defenderem a atriz, que atua desde os 10 anos de idade.
Romanek, que a dirigiu na bela sci-fi “Não me Abandone Jamais” (2010), escreveu no Twitter: “Minha experiência com Keira Knightley foi totalmente espetacular em todos os níveis. Eu não tenho ideia do que esse cara está falando”. Ele ainda emendou: “Minha lembrança da ‘entourage’ de #keiraknightley foi quando a mãe dela visitou o set por uma hora ou duas”.
Diretora de “Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo” (2012), que Knightley estrelou com Steve Carell, Lorene Scafaria tratou de concordar com Romanek. “Foi uma alegria trabalhar com Keira. Presente, fácil de lidar, e muito, muito boa em seu trabalho. Simplesmente adorável”.
Lynn Shelton, que a dirigiu em “Encalhados” (2014), fez eco: “Trabalhar com #KeiraKnightley foi magnífico, do começo ao fim. Ela é uma atriz de verdade”.
E Massy Tadjedin, que trabalhou com Keira duas vezes, como diretora de “Apenas uma Noite” (2010) e roteirista de “Camisa de Força” (2005), foi taxativa: “As afirmações de John Carney não podem ser mais inverídicas e deselegantes. Elas revelam muito mais sobre ele do que sobre ela”.
Logo, atores, assistentes de produção, contra-regras e outros juntaram-se ao coro.
Resultado: Carney ficou tão mal-visto que decidiu publicar uma retratação, com um pedido de desculpas para a atriz, dizendo-se “envergonhado”. Em seguida tentou remendar, dizendo que “Keira não foi nada além de profissional e dedicada durante o filme, e contribuiu enormemente para o seu sucesso”. Veja a íntegra das desculpas abaixo.
A propósito, Keira, elegantérrima, não falou nada.
From a director who feels like a complete idiot. pic.twitter.com/vfO8m4U2Hl
— John Carney (@jayceefactory) June 1, 2016