Cannes seleciona documentário de Eryk Rocha sobre o Cinema Novo

A organização do Festival de Cannes 2016 anunciou a seleção do documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha (“Campo de Jogo”) para a mostra Cannes Classics, dedicada a filmes clássicos e à preservação […]

A organização do Festival de Cannes 2016 anunciou a seleção do documentário “Cinema Novo”, de Eryk Rocha (“Campo de Jogo”) para a mostra Cannes Classics, dedicada a filmes clássicos e à preservação da memória e do patrimônio cinematográfico mundial.

O filme vai concorrer ao prêmio L’Oeil d’Or (Olho de Ouro), entregue ao melhor documentário do festival, em disputa que se estende a todas as mostras. O júri deste ano conta com a participação do crítico brasileiro Amir Labaki, diretor do Festival É Tudo Verdade.

Eryk é filho de Glauber Rocha, um dos principais expoentes do movimento cinematográfico que dá nome a “Cinema Novo”, concebido nos anos 1950 sob influência do neo-realismo italiano e da nouvelle vague francesa. O documentário se debruça sobre o movimento por meio do pensamento de alguns de seus principais autores, como o próprio Gláuber, além de Nelson Pereira do Santos, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Cacá Diegues, Walter Lima Jr e Paulo César Saraceni, entre outros.

Além do filme de Eryk Rocha, há ainda outros nove documentários sobre cinema na programação.

Em comunicado, o diretor comemorou a seleção. “Em 2004, apresentei em Cannes o curta ‘Quimera’, que participou da Competição Oficial. É uma grande alegria voltar a Cannes 12 anos depois para apresentar o documentário ‘Cinema Novo’. Acredito que esse é um momento pertinente para o nascimento desse filme, que traz a força, a poesia e a política desse movimento que fecundou e inventou uma nova forma de fazer cinema no Brasil. Uma geração que imaginou o cinema inserido num projeto maior de país. O desejo do filme foi mergulhar na aventura da criação dos seus autores e suas poéticas. Lançar o ‘Cinema Novo’ no presente, em pleno movimento, e perceber como esses filmes seguem ecoando e dialogando visceralmente com o Brasil contemporâneo”.

Ele também aproveitou para fazer política, reproduzindo o discurso do PT no qual se engaja boa parte da comunidade artística do país, sobre um suposto golpe em curso. “Uma das matrizes que o filme quer revelar é a interrupção que o movimento sofreu a partir do golpe civil-militar de 1964, e o trágico desdobramento do Ato 5, em 1968. Nesse momento, estamos vivenciando um iminente risco de golpe institucional e novamente, uma interrupção. Apesar de serem contextos históricos distintos, há graves semelhanças entre esses dois processos”.

Com seu primeiro longa de ficção, “Transeunte”, lançado em 2011, Eryk recebeu mais de 25 prêmios nacionais e internacionais, incluindo o prêmio de Melhor Primeiro Filme no Festival de Guadalajara, no México. Em 2013, venceu o prêmio de Melhor Diretor no Festival do Rio com o documentário “Jards”.

A Cannes Classic contará ainda com a exibição de cópias restauradas de diversos filmes, incluindo os vencedores do festival há 50 anos, “Confusões à Italiana”, de Pietro Germi, e “Um Homem, Uma Mulher”, de Claude Lelouch.

O Festival de Cannes 2016 acontece de 11 a 22 de maio e contará com outras quatro produções brasileiras: “Aquarius”, de Kléber Mendonça Filho, que concorre à Palma de Ouro na seleção oficial, e três curtas “A Moça que Dançou com o Diabo” (também na mostra competitiva), “Abigail” (Quinzena dos Realizadores) e “Delírio é a Redenção dos Aflitos” (Semana da Crítica).