Morreu o crítico e curador José Carlos Avellar, que comandou a RioFilme e era responsável pela programação dos cinemas do Instituto Moreira Salles. Ele faleceu na manhã desta sexta-feira (18/3), no Rio de Janeiro, aos 79 anos, por complicações decorrentes da quimioterapia. Avellar estava internado no Hospital São Lucas, em Copacabana, onde tratava um linfoma.
Nascido no Rio de Janeiro em 1936, Avellar foi um importante pensador do cinema brasileiro. Formado em jornalismo, trabalhou durante duas décadas no Jornal do Brasil, onde se estabeleceu como um dos críticos de cinema mais importantes do país.
Ele também fez filmes. Nos anos 1960 e 1970 dirigiu três curtas, além de ter exercido a função de diretor de fotografia, produtor e editor em outros filmes, como os documentários “Ião” (1976), de Geraldo Sarno, e “Triste Trópico” (1974), de Arthur Omar.
Seu principal legado aconteceu entre 1995 e 2000, quando foi diretor da RioFilme, responsável pelo lançamento de dezenas de longas no período, que ficou conhecido como Retomada do cinema brasileiro.
Também participou de júris oficiais e de crítica de festivais internacionais como Veneza e Cannes, e foi, por muitos anos, o representante brasileiro da crítica no Festival de Berlim.
Avellar lançou seis livros de ensaios sobre cinema, entre eles “O Chão da Palavra: Cinema e Literatura no Brasil” (2007), no qual analisa clássicos nacionais adaptados de livros, e “O Cinema Dilacerado” (1986).
Em dezembro de 2006, foi condecorado pelo governo francês com a láurea de Chevalier des Arts et Lettres.
Desde 2008, Avellar era responsável pela programação dos cinemas do Instituto Moreira Salles, que se despediu do curador com uma nota que reverencia sua capacidade. “Avellar era capaz de rememorar cenas específicas, descrevendo em detalhes um singelo plano, de um filme assistido décadas atrás. Seus artigos e ensaios exibiam um vasto conhecimento da produção mundial e da história do cinema”, diz o comunicado.