Estreias: Cinemas são invadidos por alienígenas, motoqueiros e filmes do Oscar

A programação da semana serve um cardápio eclético nos cinemas, com alienígenas, motoqueiros brasileiros, comédias desregradas e candidatos ao Oscar. Mas antes de falar de “Joy – O Nome do Sucesso” e […]

A programação da semana serve um cardápio eclético nos cinemas, com alienígenas, motoqueiros brasileiros, comédias desregradas e candidatos ao Oscar. Mas antes de falar de “Joy – O Nome do Sucesso” e “Cinco Graças”, é preciso enfrentar a realidade das filas dos shopping centers.

O lançamento mais amplo é, como costuma ser, o mais fraco. A sci-fi “A 5ª Onda”, estrelada por Chlöe Grace Moretz (“Carrie, a Estranha”), pretende inaugurar uma nova franquia derivada da literatura juvenil, repetindo uma fórmula já batida: adolescente se rebela para salvar o mundo, enquanto balança por moços bonitos. Responsável pela adaptação, o superestimado roteirista Akiva Goldsman é o mesmo de “A Série Divergente: Insurgente” (2015).

Para encarar o filme nacional “Reza a Lenda”, a primeira providência é esquecer o marketing equivocado do “Mad Max brasileiro”. Seu mérito é propor um cinema de ação para o país das comédias ruins, evocando um faroeste caboclo em que cangaceiros modernos usam motos. Infelizmente, para além da estética de videoclipe – destaque total para Sophie Charlotte andrógina – , não há muito conteúdo.

As comédias se saem ligeiramente melhor. Após três anos consecutivos como apresentadoras do Globo de Ouro, Tina Fey e Amy Poehler capitalizam a convivência em “Irmãs”, espécie de “Projeto X” (2012) da meia idade, em que as duas decidem dar uma festa para acabar com todas as festas. O humor é vulgar e a estrutura fragmentada sugere uma coleção de gags de stand-up.

Para rir com classe, a opção é “Joy – O Nome do Sucesso”, que rendeu a quarta indicação ao Oscar para Jennifer Lawrence (que nome de sucesso!). Apesar de verídica, a história foi escrita e dirigida por David O. Russell (“Trapaça”) como um conto de fadas sobre empreendedorismo. Há até mensagem e moral da história.

O melhor filme da lista, porém, só será exibido em circuito limitadíssimo. Trata-se, por sinal, de um dos melhores longas do ano, que também disputa o Oscar 2016 – na categoria de Filme Estrangeiro. “Cinco Graças” acompanha cinco irmãs que precisam ajustar suas expectativas, ao atingirem a adolescência numa sociedade muçulmana – ainda que ocidentalizada como a Turquia. Cheias de energia e rebelião, elas são aprisionadas pela própria família para virarem mulheres, obrigadas a aprender a cozinhar e se casar virgens, antes de atingirem a maioridade. Mas a obra alterna a pressão sufocante com instantes de beleza – a fotografia é deslumbrante – e humor, ao focar o que acontece longe dos olhares dos adultos. Obrigatória para os cinéfilos, a estreia da cineasta Deniz Gamze Ergüven é comparável ao debut de Sofia Coppola, “As Virgens Suicidas” (1999). A má notícia é que será exibido em apenas cinco salas.

A pior notícia é que não é o único descaso da semana. Outros filmes importantes terão distribuição ridícula. Um deles é divertidíssimo. Mas, atenção: além de inspirar gargalhadas, “O Novíssimo Testamento” pode provocar outras reações. Indicação da Bélgica para a disputa do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (não emplacou), o filme tem como personagem principal Deus. Um Deus que parece um homem comum e mesquinho, que se diverte atrapalhando a vida dos mortais, até que sua filha pré-adolescente resolve lhe dar uma lição, informando a humanidade sobre o dia em que cada pessoa irá morrer. É hilário. E uma blasfêmia completa.

As outras duas ficções invisíveis são “Body”, que trata de anorexia e rendeu o prêmio de Melhor Direção para a polonesa Malgorzata Szumowska no Festival de Berlim passado, exibido em dois cinemas – em SP e outro em Porto Alegre – , e “Invasores”, drama brasileiro de Marcelo Toledo (“Corpo Presente”) que pretende discutir a ocupação dos centros culturais. Mas, como, se entra em cartaz em apenas uma sala de São Paulo?

Completa a programação o documentário “Coração de Cachorro”, da americana Laurie Anderson, artista multimídia que chegou a fazer sucesso como roqueira nos anos 1980. Premiado em Veneza, a obra combina animação e imagens surreais para falar de um cãozinho, em exibição, também, apenas numa sala de São Paulo.

[symple_toggle title=”Clique aqui para conferir os trailers de todas as estreias da semana” state=”closed”]

Estreias de cinema nos shoppings

Estreias em circuito limitado

[/symple_toggle]