Morreu o ator Abe Vigoda, que interpretou Salvatore “Sal” Tessio em “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola. Ele faleceu na terça-feira (26/1) aos 94 anos de idade, em sua casa, em Nova York, sua cidade natal.
Abe Vigoda nasceu em Nova York em 1921 e, após estudar na Escola de Teatro e Artes Dramáticas do Carnegie Hall, fez carreira nos palcos, atuando por três décadas no teatro.
“Quando eu era novo, disseram-me que o sucesso tinha de chegar na minha juventude. Descobri que isso era um mito. As minhas experiências ensinaram-me que se acreditarmos profundamente no que fazemos, o sucesso pode vir a qualquer idade”, disse Vigoda numa entrevista dos anos 1980.
A experiência no teatro o levou a fazer participações esporádicas em séries de televisão. Por sua grande estatura, começou a ser escalado em papéis coadjuvantes em produções de terror, como a novela gótica “Sombras da Noite” e o telefilme “A Filha do Diabo”, no começo dos anos 1970. Até que conseguiu comprar uma casa graças seu primeiro papel no cinema.
Sua estreia cinematográfica foi justamente como Sal Tessio, um dos capos de Don Corleone (Marlon Brando), em “O Poderoso Chefão” (1972), que planeja eliminar a concorrência de Michael Corleone (Al Pacino) para virar o novo chefão. Seu plano não ocorre como previsto e ele acaba dizendo suas famosas últimas palavras: “Diga a Mike quer era só business…”
O papel foi tão marcante que Vigoda o repetiu, num flashback, em “O Poderoso Chefão II” (1974) e também na adaptação de “O Poderoso Chefão” numa minissérie, exibida em 1977. Ele ainda encarnou variações do personagem em outras produções, dublando até um gângster chamado Salvatore Valestra na animação “Batman: A Máscara do Fantasma” (1993).
Vigoda também participou de outros filmes bem sucedidos, mas sem o mesmo destaque, coadjuvando em “O Detetive Desastrado” (1978), “Olha Quem Está Falando” (1989), “Joe Contra o Vulcão” (1990), “Razões Para Matar” (1996) e três dezenas de produções até 2014.
Foi mais bem-sucedido em sua passagem pela ficção televisiva, onde participou de diversas séries clássicas, como “A Mulher Biônica”, “Mike Hammer”, “Galeria do Terror”, “MacGyver – Profissão: Perigo”, “Assassinato por Escrito” e “Louco por Você”, embora tenha emplacado apenas um personagem fixo importante. Mas tão importante que rendeu até spin-off.
Seu principal destaque televisivo foi como o detetive Phil Fish, da série “Barnie Miller”, sucesso do final dos anos 1970 nos EUA, que, além de lhe render três indicações ao prêmio Emmy, originou uma série derivada, “Fish”, centrada em seu personagem, que durou duas temporadas entre 1977 e 1978.
O cancelamento da produção permitiu que ele voltasse a participar de “Barnie Miller”, o que acabou se tornando a causa de sua “morte” precoce. A revista People publicou que a razão de sua ausência na festa de despedida da série, em 1981, eram problemas de saúde tão graves que ele estaria à beira da morte. Na semana seguinte, ele apareceu na revista Variety, todo sorridente numa foto ao lado de seu suposto caixão, com a capa da People em suas mãos.
Este tipo de comportamento inspirou até uma banda punk a adotar seu nome, a Abe Vigoda, que lançou seu primeiro disco em 2006 e está ativa até hoje. Além disso, um endereço da internet explorava ativamente o rumor de sua morte, retrucando com um “não” à pergunta de sua URL abevigodaisdead.com. Desde o começo desta semana, a resposta passou a ser outra.