A aposta brasileira para o Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira não conseguiu se qualificar entre os pré-selecionados da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. A lista dos nove semifinalistas, que disputarão lugar entre as cinco indicações, deixou de fora “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert.
A inclusão no Oscar chegou a ser considerada uma possibilidade após o filme ser indicado ao Critics Choice Awards, mas o Brasil vai mesmo completar 17 anos sem emplacar na categoria. O último brasileiro que disputou o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira foi “Central do Brasil”, em 1999. Depois disso, apenas “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” foi pré-selecionado, porém, não chegou entre os cinco finalistas ao Oscar 2007.
Os filmes escolhidos este ano são predominante europeus, com um candidato vindo do Oriente Médio, o jordaniano “Theeb”, e somente um longa latino, o colombiano “El Abrazo de la Serpiente”. A ironia é que, apesar de listar sete longas do velho continente, acabou ficando de fora justamente o premiado como melhor filme do ano pela Academia de Cinema Europeu: “Juventude”, de Paolo Sorrentino, diretor que já venceu o Oscar da categoria com “A Grande Beleza”, em 2014. Isto aconteceu porque seu novo trabalho é falado em inglês.
Curiosamente, a lista também não contempla nenhum dos vencedores dos principais festivais europeus de 2015, por opção exclusiva de seus países de origem. A Venezuela não inscreveu “Desde Allá”, vencedor do Festival de Veneza, a França ignorou “Dheepan”, vencedor de Cannes, e o Irã jamais daria reconhecimento ao vencedor de Berlim, “Táxi Teerã”, filmado na clandestinidade por Jafar Panahi.
Isso deixa a disputa bastante aberta, ainda que seja possível considerar “O Filho de Saul” favorito, especialmente por sua temática: filmes sobre o holocausto costumam vencer muitos prêmios da Academia. Apesar disso, não se deve menosprezar a produção francesa “Cinco Graças”, filmado na Turquia por uma cineasta turca, Deniz Gamze Ergüven, que tem encantado por sua mensagem em favor da liberdade de expressão.
Se faltaram filmes mais premiados – cadê o chileno “O Clube”? – , sobraram filmes de pouca repercussão, que focam temas tradicionais de Hollywood, como o dinamarquês “A War”, sobre a Guerra do Afeganistão, e o alemão “Labirinto de Mentiras”, sobre o nazismo. Além disso, quatro dos nove longas selecionados foram dirigidos por cineastas estreantes. Dos mais experientes, apenas dois, o dinamarquês Tobias Lindholm e o belga Jaco Van Dormael, têm uma filmografia respeitável.
Mas talvez a maior surpresa da lista seja a inclusão do irlandês “Viva”, que acompanha a história de uma drag queen cubana odiada pelo própria pai. O longa de Paddy Breathnach, especialista em produções comerciais descartáveis, não tinha recebido nenhum prêmio ou maior distinção até agradar a Academia.
Ao todo, filmes de 81 países foram inscritos na categoria. Os cinco indicados definitivos serão anunciados no dia 14 de janeiro de 2016. A cerimônia de entrega do Oscar está marcada para o dia 28 de fevereiro, no Dolby Theatre, em Los Angeles.
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Pré-selecionados ao Oscar 2016 de Melhor Filme em Língua Estrangeira
Alemanha: Labirinto de Mentiras, de Giulio Ricciarelli
Bélgica: The Brand New Testament, de Jaco Van Dormael
Colômbia: El Abrazo de la Serpiente, de Ciro Guerra
Dinamarca: A War, de Tobias Lindholm
Finlândia: The Fencer, de Klaus Härö
França: Cinco Graças, de Deniz Gamze Ergüven
Hungria: O Filho de Saul, de László Nemes
Irlanda: Viva, de Paddy Breathnach
Jordânia: Theeb, de Naji Abu Nowar
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