Estreias: Cinema argentino ganha destaque com remake e original premiado

As opções da semana permitem uma curiosa comparação entre o fraco remake americano de um ótimo filme argentino e um ótimo filme argentino original. Os cinéfilos não deveriam ter dúvidas sobre qual […]

As opções da semana permitem uma curiosa comparação entre o fraco remake americano de um ótimo filme argentino e um ótimo filme argentino original. Os cinéfilos não deveriam ter dúvidas sobre qual assistir. Por sorte, ambos estarão nos shoppings, embora o americano vá ocupar o triplo de salas.

Refilmagem de “O Segredo dos Seus Olhos”, “Olhos da Justiça” copia as cenas mais marcantes do vencedor do Oscar 2010 de Melhor Filme Estrangeiro, mas muda o enredo para uma história de vingança básica, além de promover a transformação de um personagem masculino secundário na protagonista vivida por Julia Roberts. Estreou nos EUA no dia 20 de novembro, quando foi ignorado pelo público e repreendido pela crítica (44% no Rotten Tomatoes). Já “O Clã” é o filme do ano na Argentina. Sua bilheteria superou até mesmo o sucesso de “Relatos Selvagens” (2014). A história da família Puccio, que se tornou infame nos anos 1980 por sequestrar e matar pessoas, ainda rendeu o Leão de Prata de Melhor Direção a Pablo Trapero, no Festival de Veneza deste ano.

Os shoppings também receberão a comédia culinária “Pegando Fogo”, em que Bradley Cooper volta a requentar o papel de chef, sua profissão na antiga série “Kitchen Confidential”, de 2005. Na época, não deu certo e a atração foi cancelada na 1ª temporada. Mais famoso, ele tenta novamente, obcecado em abrir um restaurante com a intenção de ganhar um prêmio. Por sinal, esta é a trama, não a desculpa da produção, dirigida por John Wells (“Álbum de Família”). Requentado em ideias e execução, “Pegando Fogo” se queimou com a crítica americana (29% no Rotten Tomatoes) e passou fome nas bilheterias do país.

Entre os demais lançamentos, cinco são brasileiros. Infelizmente, todos estão restritos ao circuito limitado, com distribuição de guerrilha ou apenas de faz-de-conta. O mais amplo é o drama brasileiro “Oração do Amor Selvagem”, que chega em 13 salas. O longa do diretor Chico Faganello aborda superstições, o sobrenatural e o preconceito, foi selecionado para o Festival de Locarno e tem como destaque, além de mais uma bela interpretação de Chico Dias, a trilha de Zeca Baleiro.

A lista também inclui a comédia dramática “Até que a Casa Caia”, que atira para muitas direções – corrupção, crise financeira, relacionamento moderno – , os documentários “Oswaldão”, sobre a lenda do guerrilheiro homônimo, “Memórias da Boca”, sobre a produção cinematográfica da Boca do Lixo, além da encenação poética/dramática “Em Três Atos”, que traz Nathalia Tinberg e Andréa Beltrão declamando textos de Simone de Bevoir sob direção de Lúcia Murat.

A estreia mais restrita, porém, pertence à maratona cinéfila “Norte, O Fim da História”, do excêntrico cineasta filipino Lav Diaz, cujos filmes costumam durar entre três e quatros horas. Este até que é curto, tem “somente” 250 minutos. Mas vale a pena o esforço, pois é belíssimo e contundente. No mínimo, serve para introduzir Lav Diaz para os mais preguiçosos, que, por temer a duração de seus filmes, desconhecem um dos diretores mais importantes do cinema mundial atual. A lamentar que apenas os cinéfilos de Fortaleza e Niterói tenham acesso à esta preciosidade. Obras-primas costumam mesmo ser raras. Mas sua exposição também costuma ser maior do que alcance permitido por uma estreia em duas salas descentralizadas num país deste tamanho. Enquanto isso, a falsificação de uma obra-prima, embalada por Hollywood, estará disponível em todos os shoppings.

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Estreias de cinema da semana

Estreias em circuito limitado

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