Apichatpong Weerasethakul vai filmar seu novo longa na Colômbia

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes por “Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas” (2010), o cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul vai filmar seu próximo longa-metragem na Colômbia. Frustrado […]

Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes por “Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas” (2010), o cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul vai filmar seu próximo longa-metragem na Colômbia. Frustrado pela censura e pelo clima político na Tailândia, que permanece sob ditadura militar desde maio de 2014, o diretor decidiu mudar de ares.

A censura do país, que sempre foi dura, tornou-se insuportável depois do golpe militar. Se antes o governo tinha uma postura bastante clara sobre as questões consideradas sensíveis e proibidas, agora quase nada é permitido. “Nós não podíamos tocar na religião, na monarquia e na autoridade militar”, ele comparou. Mas desde o golpe militar essas linhas tornaram-se mais abstratas e desfocadas, tornando a criação mais complicada, pois o governo atual vê as manifestações artísticas como propaganda política.

Segundo o site da revista The Hollywood Reporter, o diretor estava pensando em fazer um filme na América do Sul havia algum tempo. “Quando era garoto, eu amava as histórias de aventura do meu país cheia de animais selvagens e todos os tipos de coisas. Mas, quando você repara na fonte, se toca que tudo veio do Ocidente: europeus e americanos que colonizaram e romantizaram a selva amazônica. Tanto o povo tailandês quanto os romancistas do país foram influenciados por isso, assim como o cinema”, declarou.

Ele pretende passar dois meses na Colômbia para pesquisar material para o seu próximo filme, ainda sem título. E para isso vai viajar por quatro cidades do país – Bogotá, Medellín, Calie e Chocó – para definir locais para as filmagens. O objetivo é usar um território estrangeiro para abordar a situação da Tailândia. “Eu queria saber sobre toda a violência que aconteceu por aqui, e a história da colonização – para, de certa forma, refletir sobre o meu país”, disse.