Retrospectiva | Os 50 melhores filmes de 2024

Relação traz filmes efetivamente lançados no Brasil entre 1 de janeiro e 31 de dezembro, incluindo estreias de streaming e VOD

Divulgação/Searchlight Pictures

Os melhores filmes de 2024 são lançamentos de 2023? Enquanto a maioria das relações de críticos brasileiros simplesmente copia os favoritos dos coleguinhas americanos, o Top 50 da Pipoca Moderna relaciona apenas produções que foram lançadas comercialmente entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2024. Por isso, vários filmes que tiveram destaque na temporada de premiação passada ocupam posições privilegiadas. “Pobres Criaturas”, por exemplo, estreou em fevereiro nos cinemas nacionais. Listas com “Anora”, “Conclave”, “Emilia Perez”, “A Semente do Fruto Sagrado” e até “Nosferatu”, que estreia na quinta (2/1), não refletem o mercado brasileiro.

Além dos lançamentos no cinema, a relação inclui produções exclusivas do streaming ou disponibilizadas apenas em VOD. Ao lado de cada título, também indicamos onde o espectador pode encontrar as obras para assistir online. A ausência de indicação significa que o filme exibido no cinema não está disponível em formado digital. Confira a retrospectiva.

 

POBRES CRIATURAS | DISNEY+

 

A fantasia gótica retrofuturista, que volta a juntar Emma Stone e o diretor Yorgos Lanthimos após “A Favorita” (2018), é um “Frankenstein” feminista e sexual. A trama se passa num passado alternativo, rico em elementos expressionistas e steampunk, com equivalência à era vitoriana. Neste mundo anacrônico surge Bella Baxter, uma criatura renascida através dos experimentos de um cientista deformado (Willem Dafoe, de “Aquaman”), que pegou seu corpo adulto recém-falecido e lhe deu vida com o cérebro de um bebê.

À medida que Bella se adapta à sua nova existência, ela começa a aprender e a se desenvolver rapidamente, adquirindo linguagem e conhecimento sobre o mundo que a rodeia. É quando um advogado aventureiro, vivido por Mark Ruffalo (o Hulk de “Os Vingadores”), fica fascinado por sua existência e decide introduzi-la ao mundo exterior, guiando-a pela Europa decadente, onde ela vivencia uma série de situações extremas que moldam sua compreensão sobre a vida, sua sexualidade e as interações humanas. Ao longo de sua jornada, Bella transforma-se em uma mulher autêntica, com desejos e ambições, ao mesmo tempo em que desafia as convenções sociais de sua época por admitir francamente seus gostos e desejos.

Mais que uma variação de “A Prometida”, o filme baseado num livro de Alasdair Gray e roteirizado por Tony McNamara (também de “A Favorita”) tem um visual impressionante – da cenografia ao figurino e à paleta de cores. Mas seu maior atrativo é a performance audaciosa de Emma Stone, principalmente em seus aspectos físicos. A atriz usa seu corpo e expressões faciais para comunicar a evolução de Bella, e explora seu despertar sexual com uma franqueza e uma intensidade raras. Pelo desempenho desinibido, ela foi premiada como Melhor Atriz no Festival de Veneza, Globo de Ouro, Critics Choice e venceu o Oscar 2024. O filme também conquistou as estatuetas da Academia de Melhor Desenho de Produção, Figurino e Maquiagem.

 

OS REJEITADOS | PRIME VIDEO

 

O novo drama de Alexander Payne (“Nebraska”) é uma história ambientada no final de 1970 em uma escola interna na Nova Inglaterra. Paul Giamatti (“Billions”) interpreta Paul Hunham, um professor de história rigoroso, desdenhado tanto pelos estudantes quanto pelos colegas. Com um conjunto de problemas pessoais, incluindo uma condição rara chamada de Síndrome do Odor de Peixe, Paul é forçado a permanecer na escola durante as férias de Natal com alunos que não têm para onde ir.

Entre os alunos, destaca-se Angus Tully (interpretado pelo estreante Dominic Sessa), um jovem inteligente, mas problemático, que se torna o último a permanecer no colégio, junto com Mary Lamb, a cozinheira da escola (Da’Vine Joy Randolph, de “Meu Nome é Dolemite”), que está de luto pela morte do filho no Vietnã. A trama explora as tensões e a evolução do relacionamento entre Paul, Angus e Mary, abordando temas como solidão e perda, bem como a complexidade das relações entre professores e alunos.

O longa é marcado por performances intensas, especialmente de Giamatti e Da’Vine, que venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante deste ano. A colaboração entre Giamatti e Payne ainda representa um reencontro significativo, após os dois trabalharam juntos anteriormente no aclamado “Sideways”, lançado em 2004, que rendeu o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado para o cineasta. Em “Os Rejeitados”, a habilidade de Payne em criar narrativas profundamente humanas e a capacidade de Giamatti de retratar personagens complexos e emocionalmente ricos provam-se uma combinação perfeita para retratar os desafios e as nuances da experiência humana.

 

AS BESTAS | MUBI

 

O suspense de Rodrigo Sorogoyen (“Madre”), um dos diretores mais aclamados do cinema contemporâneo espanhol, é baseado num caso criminal real na Espanha. Construído como uma tragédia, o enredo acompanha o casal francês Antoine (Denis Ménochet) e Olga (Marina Foïs), que se mudam para a região da Galícia, na Espanha, com o objetivo de adotar práticas agrícolas sustentáveis. Eles se encontram em oposição a dois irmãos locais, Xan (Luis Zahera) e Lorenzo (Diego Anido), cuja hostilidade contra os “estrangeiros” vai além do mero desagrado.

O filme explora as tensões entre os personagens principais, enfatizando um conflito cultural e ideológico no ambiente rural. O roteiro, coescrito por Sorogoyen e Isabel Peña, desenvolve uma narrativa onde os confrontos são intensificados pela recusa de Antoine em vender suas terras para projetos de energia eólica, algo desejado por muitos na comunidade. Esse impasse gera uma série de eventos hostis, incluindo sabotagem e intimidação, à medida que a tensão entre o casal e os irmãos aumenta.

Além de atuações intensas, a obra é notável pelo seu aspecto visual e técnico. Apesar de alguma controvérsia relacionada à representação dos personagens locais, “As Bestas” recebeu nove prêmios Goya em 2022, incluindo Melhor Filme e Direção.

 

O BASTARDO | VOD*

 

O grande vencedor dos prêmios Bodil (o Critics Choice dinamarquês) e o Robert (o Oscar dinarmaquês) deste ano é um drama histórico ambientado no século 18. A história gira em torno do Capitão Ludvig von Kahlen, interpretado por Mads Mikkelsen (“Indiana Jones e a Relíquia do Destino”), um herói de guerra empobrecido que embarca em uma missão para transformar uma vasta área inóspita em terras cultiváveis. Em troca desse feito, ele espera obter um título de nobreza. No entanto, o nobre local, Frederik de Schinkel (interpretado por Simon Bennebjerg, de “O Pacto”), vê Kahlen como uma ameaça ao seu poder e faz de tudo para expulsá-lo e sabotar seus planos.

A trama se complica quando Kahlen acolhe Ann Barbara (Amanda Collin, de “Raised by Wolves”) e seu marido, que fugiram dos maus-tratos de Frederik. O filme explora as tensões entre esses personagens enquanto o protagonista luta contra as forças da natureza e contra a oposição política, resultando em um confronto intenso e violento. O desempenho de Mikkelsen lhe rendeu seu segundo troféu de Melhor Ator Europeu da Academia Europeia de Cinema.

 

A SALA DOS PROFESSORES | MAX

 

O candidato alemão na disputa do Oscar passado de Melhor Filme Internacional é um drama ambientado em uma sala de aula do sexto ano, que serve como um microcosmo do mundo exterior e se transforma em um cenário de suspense quando uma série de pequenos furtos começa a ocorrer. A narrativa explora as dinâmicas de poder e justiça dentro da escola, centrando-se em Carla Nowak, interpretada por Leonie Benesch (“Enxame”), uma professora que tenta governar sua classe com empatia e justiça, ao invés de autoritarismo.

Carla, que sempre prioriza o bem-estar de seus alunos, se vê no centro de uma série de acusações e demandas de colegas, administradores, pais e até mesmo do jornal estudantil da escola quando um furto de dinheiro a leva a realizar uma investigação. Enquanto muitos apontam Ali, um estudante muçulmano, injustamente acusado do roubo, a evidência visual obtida pela professora incrimina Friederike Kuhn, membro da equipe administrativa e mãe de um dos melhores alunos da classe, Oskar. A situação se complica ainda mais quando Oskar começa a fomentar uma rebelião aberta, incitando a equipe do jornal da escola a publicar um perfil difamatório de Carla, e os outros professores começam a isolar a colega.

A obra é o quarto longa-metragem do diretor Ilker Çatak (“Räuberhände”) e conquistou cinco troféus na premiação da Academia Alemã de Cinema (o “Oscar alemão”), incluindo Melhor Filme e Melhor Atriz para Leonie Benesch.

 

LOVE LIES BLEEDING – O AMOR SANGRA | MAX

 

O noir romântico em que Kristen Stewart (“Spencer”) se apaixona por uma fisiculturista e declara guerra ao pai gângster tem 93% de aprovação no Rotten Tomatoes e uma seita de críticos devotos. A atriz vive Lou, gerente de uma academia de musculação, que se apaixona por Jackie, uma fisiculturista recém-chegada, que está de passagem pela cidade a caminho de Las Vegas atrás de seu sonho de competir profissionalmente. O problema é que Jackie, em busca de dinheiro, resolve trabalhar para o pai de Lou, um gângster brutal, o que leva a conflitos e confrontos sangrentos. Com Jackie agora presa na teia de sua família criminosa, a personagem de Kristen resolve lutar – e se armar – por sua paixão.

“Love Lies Bleeding” é o segundo longa-metragem da cineasta inglesa Rose Glass, que estreou com o premiado terror “Saint Maud” em 2019. O elenco também destaca Katy O’Brian (“Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”) como Jackie, Ed Harris (“Westworld”) como o pai gângster, além de Dave Franco (“Dupla Jornada”), Jena Malone (“Jogos Vorazes: Em Chamas”) e Anna Baryshnikov (filha do renomado bailarino Mikhail Baryshnikov).

A produção independente teve uma première elogiadíssima no Festival de Sundance em janeiro, foi selecionado para o Festival de Berlim e é considerado um dos maiores cults do ano.

 

EU, CAPITÃO | VOD*

 

A obra aclamada de Matteo Garrone (diretor do épico drama gangster napolitano “Gomorrah”) tem 97% de aprovação no Rotten Tomatoes, venceu os prêmios de Melhor Direção e Atuação no Festival de Veneza do ano passado, os troféus David Donatello (o Oscar italiano) de Melhor Filme e Diretor, e ainda disputou o Oscar de Melhor Filme Internacional deste ano. Para não deixar dúvidas, é reconhecidamente excelente.

Drama de imigração, o longa segue dois adolescentes senegaleses que vivem em Dakar e anseiam por um futuro mais brilhante na Europa. No entanto, entre seus sonhos e a realidade, há uma jornada traiçoeira através de um labirinto de postos de controle, o deserto escaldante do Saara, uma prisão fedorenta no norte da África e as vastas águas do Mediterrâneo, onde milhares morrem apertados dentro de embarcações mal adequadas para a travessia.

Seydou (interpretado por Seydou Sarr, premiado em Veneza) e Moussa (Moustapha Fall) são primos que sonham em viver na Europa, onde Seydou deseja encontrar a fama como músico. Eles trabalham em canteiros de obras carregando cargas pesadas para economizar para a viagem. A jornada deles é dividida em seções distintas que conduzem os adolescentes ao fundo do Saara, envolve um interlúdio bárbaro na Líbia e eventualmente os leva à beira do Mediterrâneo. É uma viagem muitas vezes punitiva e definida pela violência.

Com vistas deslumbrantes de um Saara carregado de cadáveres e um vasto Mar Mediterrâneo vazio de embarcações para ajudar navios de imigrantes sobrecarregados com africanos desesperados e doentes, Garrone transforma a aventura dos jovens num pesadelo. Seydou é torturado e vendido como escravo e Moussa é preso por bandidos sírios. Mas o diretor tenta aliviar o peso impossível de tudo isso com momentos de realismo mágico.

Para conceber o filme, Garrone baseou-se em relatos de migrantes que fizeram jornadas análogas. Por sinal, levou três terríveis anos para um dos consultores do filme, um homem marfinense chamado Mamadou Kouassi, conseguir completar sua viagem à Europa.

 

ANATOMIA DE UMA QUEDA | PRIME VIDEO

 

Filme europeu mais premiado do ano, vencedor do Festival de Cannes, do European Film Awards (o Oscar europeu) e do Oscar de Melhor Roteiro Original, o drama de tribunal e suspense da francesa Justine Triet (“Sibyl”) acompanha o julgamento de uma mulher suspeita de matar o marido. O homem foi encontrado ensanguentado no gelo, após uma queda de um andar elevado da casa da família e a única testemunha do que aconteceu é o filho cego do casal, que vive mudando sua versão dos acontecimentos.

A trama se desdobra em torno de um mistério: foi acidente, suicídio ou assassinato? A verdade transita entre a vida doméstica do casal e o tribunal, e para expô-la Triet explora temáticas como sexo, ambição, papéis de gênero, casamento e os julgamentos sociais impostos às mulheres. A narrativa é enriquecida por flashbacks do marido e pelo envolvimento do filho do casal, vivido por Milo Machado Graner, cuja visão prejudicada é tanto um ponto do enredo quanto uma metáfora na história. Este é o tipo de filme que mantém o espectador questionando a verdadeira natureza dos eventos e a culpabilidade dos personagens até o final, provocando reflexões sobre percepção, verdade e justiça.

O papel principal é interpretado pela alemã Sandra Hüller (conhecida por “Toni Erdmann”), que também venceu o European Awards na categoria de Melhor Atriz do ano e concorreu ao Oscar de Melhor Atriz. Curiosamente, a França não inscreveu o longa na categoria de Filme Internacional do Oscar, preferindo ser representada por uma opção irrelevante. Mas, numa coincidência, a categoria acabou vencida por “Zona de Interesse”, outro filme importante estrelado por Sandra Hüller na temporada.

 

EU VI O BRILHO DA TV | VOD*

 

O filme mais cult de 2024 – e, só para variar, uma produção do estúdio A24 – chega no Brasil em VOD, sem passar pelos cinemas. A fantasia dramática com toques de terror juvenil se passa nos anos 1990 e segue Owen, um adolescente tímido, e Maddy, uma estudante lésbica mais velha, que se conhecem na escola devido ao interesse mútuo por uma série de TV chamada “The Pink Opaque”, em que duas garotas enfrentam monstros ameaçadores. O programa se torna uma obsessão para Owen, que vive em um lar repressivo e às vezes escapa para a casa da nova amiga para poder assistir aos capítulos. Com o tempo, Maddy passa a fazer cópias em VHS para o menino acompanhar a trama. Até que a série é abruptamente cancelada, deixando suas protagonistas derrotadas e enterradas vivas, o que faz Maddy surtar e sumir. Anos depois, ela reaparece dizendo que estava vivendo na série e que a vida que Owen leva é que é uma ficção. Justice Smith (“Pokémon: Detetive Pikachu”) e Brigette Lundy-Paine (“Bill & Ted: Encare a Música”) interpretam os protagonistas.

Com ideias surpreendentes e geniais, o filme da diretora indie Jane Schoenbrun (“We’re All Going to the World’s Fair”) é uma grande homenagem ao fandom de “Buffy: A Caça-Vampiros” e seu abruptamente cancelado spin-off “Angel”, mas suas metáforas renderam leituras ainda mais profundas entre a crítica de cinema. Uma das mais populares é a analogia do “egg crack” para representar a jornada de autodescoberta de Owen, que pode ser interpretada como uma alegoria para a experiência trans. Enquanto Maddy é uma lésbica assumida e capaz de viver em seu próprio corpo, Owen reluta em sair do armário e prefere fingir conforto numa vida que sabe não ser real, sufocando lentamente em sua cova metafórica num corpo que não lhe pertence. E esta é apenas uma das inúmeras interpretações do horror intelectual, que desperta o tipo de discussões que não se via no gênero desde “Donnie Darko”. Mas, assim como o filme de 2001, “Eu Vi o Brilho da TV” também não é para todos e pode irritar profundamente aqueles que cheguem ao seu final dizendo que não entenderam nada.

 

VIDAS PASSADAS | VOD*

 

O primeiro longa-metragem da cineasta coreano-canadense Celine Song apresenta uma narrativa envolvente que se desenrola ao longo de 24 anos, explorando as relações e o conceito de in-yun, uma conexão pessoal que transcende vidas. A trama segue a jornada de Hae Sung, interpretado por Teo Yoo, e Nora, vivida por Greta Lee, dois amigos de infância de Seul que se separam quando Nora emigra para Toronto com sua família. A história avança 12 anos, quando os dois se reconectam virtualmente, compartilhando conversas pelo Facebook e Skype. Nora, agora uma dramaturga, e Hae Sung, um estudante de engenharia, discutem sobre suas vidas, transformações e memórias, enquanto Nora se adapta a uma nova identidade em uma cultura diferente.

Essa reconexão virtual revela sentimentos não resolvidos entre eles, embora Nora esteja casada com Arthur, um escritor interpretado por John Magaro. A presença de Arthur adiciona tensão à história, pois ele representa um novo capítulo na vida da protagonista e um obstáculo potencial ao reencontro com Hae Sung. Mesmo assim, Hae Sung decide visitar Nora em Nova York, desencadeando uma série de emoções e reflexões sobre as escolhas feitas e os caminhos não percorridos.

“Vidas Passadas” destaca a complexidade das relações humanas e o impacto da distância e do tempo em amizades e amores passados. A cinematografia e a trilha sonora intensificam a atmosfera de nostalgia e introspecção, enquanto a direção de Song conduz habilmente uma jornada emocional que questiona o destino, a identidade, existências paralelas e o significado das conexões humanas ao longo do tempo, fazendo com o espectador se veja refletido na tela, questionando sua própria trajetória. Inspirada em sua própria experiência pessoal, a estreia de Celine Song foi considerada tão impressionante que concorre a dois Oscars: Melhor Roteiro Original e Filme do ano.

 

WICKED

 

A adaptação do famoso musical da Broadway, em cartaz desde 2003, conta a história de “O Mágico de Oz” pela ótica de Elphaba, a Bruxa Má do Oeste, que nesta versão acaba se revelando menos cruel que a fama alardeada por seu apelido maldoso. A trama revela como Elphaba sofre bullying por ser verde, inclusive de sua colega de quarto na universidade, Glinda. Entretanto, depois de muitas maldades, a bruxa boa começa a ver o sofrimento daquela que será conhecida como bruxa má, e decide se tornar sua amiga de verdade.

A produção tem diversos números musicais e cenas repletas de efeitos visuais, que materializam a cidade de Oz, além de um encontro das protagonistas com o Mágico e o início da rivalidade do farsante com Elphaba. O elenco destaca Cynthia Erivo e Ariana Grande, respectivamente nos papéis de Elphaba e Glinda, além de Jeff Goldblum (“Jurassic World: Domínio”) como o Mágico de Oz, Michelle Yeoh (“Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”) e Jonathan Bailey (“Bridgerton”).

A produção cinematográfica tem direção de Jon M. Chu, que filma seu segundo musical, após assinar “Em um Bairro de Nova York” (2021), e está sendo lançada em duas partes, com a segunda prevista para daqui a um ano, em novembro de 2025.

 

RIVAIS | VOD*

 

O drama picante acompanha a história de três jogadores de tênis que se envolvem em um triângulo amoroso enquanto enfrentam as tensões do mundo esportivo. Zendaya (“Duna”) interpreta Tashi Duncan, uma tenista prodígio que, após se machucar e encerrar precocemente a carreira, torna-se uma treinadora implacável dentro e fora das quadras. Ela é casada com o campeão Art, que lida com uma série de derrotas nos últimos anos. Enquanto busca uma redenção para o marido no esporte, uma reviravolta surpreendente acontece quando ele é desafiado pelo fracassado Patrick, ex-melhor amigo de Tashi e que também já foi seu namorado. Para completar, Patrick pede para ser treinado por Tashi, enquanto também se envolve com ela. Mike Faist (“West Side Story”) interpreta Art e Josh O’Conner (“The Crown”) vive Patrick.

O primeiro roteiro produzido por Justin Kuritzkes, marido da cineasta Celine Song (de “Vidas Passadas”), retrata os pretendentes ofegantes por Tashi, a imagem da perfeição dentro e fora da quadra, que os surpreende pela ousadia. Entre cenas de idas e vindas no tempo, Tashi deixa claro que tem o controle total sobre a dinâmica sexual desse trio. E brinca com os meninos por prazer. A performance é um triunfo de Zendaya, que demonstra toda a sua maturidade como atriz.

A direção é de Luca Guadagnino, conhecido por “Até os Ossos” (2022) e “Me Chame Pelo Seu Nome” (2027), e que foi tão fundo no jogo de sedução que recebeu uma classificação indicativa para maiores (R-Rated) nos cinemas dos Estados Unidos.

 

UM HOMEM DIFERENTE

 

Um dos filmes mais premiados do ano traz Sebastian Stan (“Capitão América: O Soldado Invernal”) irreconhecível como um homem deformado. Na trama, ele interpreta Edward, um aspirante a ator com neurofibromatose. O filme retrata sua transformação após uma cirurgia de reconstrução facial, levando-o a uma jornada de obsessão e autodescoberta. Embora Edward comece a receber elogios por sua nova aparência de galã, ele sofre um impacto ao descobrir que sua vida vai virar uma peça. Os problemas começam ao conhecer Oswald (Adam Pearson, de “Sob a Pele”), que o retrata na peça e passa a fazer mais sucesso que ele. Edward não aceita, já que Oswald se parece exatamente como ele era antes da cirurgia. Adam Pearson não usa maquiagem no filme, pois realmente sofre de neurofibromatose.

Stan venceu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Berlim por seu desempenho no longa e concorre ao Globo de Ouro como Melhor Ator de Comédia ou Musical. Além disso, “Um Homem Diferente” venceu o Gotham Awards como Melhor Filme independente do ano. Roteiro e direção são de Aaron Schimberg (“Chained for Life”, e o elenco também inclui Renate Reinsve (“A Pior Pessoa do Mundo”), C. Mason Wells (“Aquela Sensação que o Tempo de Fazer Algo Passou”) e Owen Kline (“A Lula e a Baleia”).

 

MEU EU DO FUTURO | PRIME VIDEO

 

A comédia dramática traz Aubrey Plaza (“Agatha Desde Sempre”) como a versão adulta de uma jovem de espírito livre que, ao celebrar seu 18º aniversário, consome cogumelos alucinógenos e encontra a si mesma com 39 anos. Diferente de “De Repente 30”, as duas interagem e têm uma conversa profunda durante a noite. A versão mais velha de Elliott aconselha a jovem vivida por Maisy Stella (“Nashville”) a evitar se apaixonar, alertando sobre as consequências futuras desse sentimento. Inicialmente cética, a jovem Elliott começa a reconsiderar suas escolhas ao conhecer Chad (Percy Hynes White, de “Wandinha”), rapaz mencionado por sua versão mais velha. Essa experiência a leva a repensar suas percepções sobre amor, família e identidade.

Elogiadíssimo pela crítica, o filme escrito e dirigido por Megan Park (“A Vida Depois”) atingiu 92% de aprovação no Rotten Tomatoes.

 

REBEL RIDGE | NETFLIX

 

O novo thriller de ação de Jeremy Saulnier, conhecido por suspenses independentes cultuados como “Ruína Azul” (2013) e “Sala Verde” (2015), é praticamente uma versão contemporânea de “Rambo – Programado Para Matar” (1982), mas com um detalhe que faltava ao filme original: o elemento racial.

Aaron Pierre (o Malcolm X de “Genius”) interpreta Terry Richmond, um rapaz negro que chega à cidadezinha de Shelby Springs com a missão urgente de pagar a fiança de seu primo e tirá-lo da cadeia para salvá-lo de um perigo iminente. No entanto, suas economias são “confiscadas” pela polícia local, num roubo violento baseado na impunidade. Ao reportar o crime, ele encontra o chefe de polícia (Don Johnson, de “Watchmen”) e seus oficiais prontos para combate. Eles só não esperavam que Terry fosse um ex-fuzileiro naval com experiência em guerra real. Além disso, o jovem encontra uma aliada improvável na escrivã da delegacia, vivida por AnnaSophia Robb (“The Carrie Diaries”), o que coloca ambos contra uma conspiração profunda dentro da comunidade e numa luta armada contra a polícia local.

 

GUERRA CIVIL | MAX

 

Filme mais caro do estúdio independente A24 (vencedor do Oscar 2023 com “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”), a produção de US$ 50 milhões foi considerada uma aposta arriscada por dar protagonismo a um ator estrangeiro, o brasileiro Wagner Moura, e por lidar com um tema espinhoso: a polarização política dos Estados Unidos.

Na trama, Texas, Flórida e Califórnia se separaram da União, formando um exército de Forças que avançam contra o poderio militar do governo dos EUA. Reflexo da divisão real criada no país durante o governo de Donald Trump, o filme acompanha um grupo de jornalistas tentando cobrir o avanço de militares contra a capital do país. Alvos de tiros e bombas, os jornalistas são vividos por Wagner Moura (“Narcos”), Kirsten Dunst (“Melancolia”), Cailee Spaeny (“Priscilla”) e Stephen McKinley Henderson (“Beau Tem Medo”). Correspondentes de guerra num país dividido, eles captam de forma assustadora o significado da guerra civil, quando as pessoas já não sabem pelo que estão a lutar, apenas que estão a lutar. Roteiro e direção são de Alex Garland, cineasta de ficções científicas premiadas como “Ex-Machina” e “Aniquilação”.

O investimento compensou. “Guerra Civil” se tornou a segunda maior bilheteria da história da A24 e foi elogiadíssimo pela crítica, conquistando 83% de aprovação no Rotten Tomatoes. O elenco também inclui Jesse Plemons (“Assassinos da Lua das Flores”), Nick Offerman (“The Last of Us”), Jefferson White (“Yellowstone”) e Sonoya Mizuno (“A Casa do Dragão”).

 

PRIMEIRO AMOR, O ÚLTIMO YAKUZA | DISNEY+

 

O novo longa do cultuado diretor japonês Takashi Miike segue sua marca registrada de misturar gêneros para criar uma narrativa imprevisível e estilizada. Ele combina ação frenética, humor negro e momentos de romance em uma trama cheia de reviravoltas e violência. O enredo acompanha Leo (Masataka Kubota, de “Samurai X: O Filme”), um jovem boxeador com um tumor terminal, que encontra por acaso Monica (Sakurako Konishi, de “Consumidas pelo Fogo”) na ruas de Tóquio. Jovem forçada à prostituição para pagar as dívidas do pai, Monica se envolve em um esquema de tráfico de drogas devido ao seu cafetão e um policial corrupto, que planejam roubar a yakuza. Durante a execução do plano, ela foge e é perseguida por diversos criminosos. Leo intervém quando a vê em perigo, iniciando uma noite caótica em que ambos são caçados por mafiosos, policiais corruptos e assassinos, todos conectados pelo roubo de drogas que deu errado.

A direção de Miike mantém a tensão alta, com cenas de luta bem coreografadas e ritmo acelerado. A cinematografia é vibrante e estilizada, complementando a natureza intensa e muitas vezes surreal da história. Embora os filmes de Miike costumem dividir opiniões, este teve aprovação unânime, com 98% de críticas positivas no Rotten Tomatoes.

 

DUNA: PARTE 2 | MAX

 

Maior bilheteria de 2024, a continuação da saga épica iniciada em 2021, que adapta a obra clássica de ficção científica de Frank Herbert, chega às locadoras digitais. Com 93% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes, a obra marcou o ano com uma ambição e maestria técnica que desafiam comparação. Após os eventos traumáticos do primeiro filme, que culminaram com o assassinato do duque Leto Atreides (Oscar Isaac), seu filho Paul (Timothée Chalamet) e a viúva (Rebecca Ferguson) encontram refúgio e propósito entre o povo do deserto, os Fremen. Enquanto Jessica Atreides almeja que Paul seja reconhecido como o salvador profetizado pela ordem religiosa Bene Gesserit, Paul reluta diante da responsabilidade e as consequências que tal destino impõe, temendo que sua jornada rumo à vingança desencadeie guerra e fome.

O roteiro, coescrito por Villeneuve e Jon Spaihts (“Prometheus”), avança a trama com um ritmo envolvente, imergindo os espectadores nos complexos dilemas políticos e espirituais do planeta Arrakis. O enredo se desdobra com riqueza de detalhes, explorando as intricadas relações de poder, traição e busca por redenção. A capacidade de manter o ímpeto, apesar de sua duração de quase três horas, é notável, especialmente quando contrastada com a necessidade da primeira parte de estabelecer seu vasto universo e personagens. Com o público já familiarizado com esses elementos, a sequência mergulhe diretamente na ação e nas complexidades emocionais e políticas que definem esta fase da história.

Visualmente, o filme expande o escopo da narrativa, introduzindo novos locais e aumentando a escala dos confrontos. A cinematografia capta tanto a grandiosidade quanto os momentos íntimos com igual destreza, enquanto a trilha sonora amplifica a tensão e o drama dos confrontos. Performances marcantes, especialmente de Chalamet, Ferguson e Austin Butler (o “Elvis”) como o vilão Feyd-Rautha, ajudam a aprofundar os personagens, tornando-os memoráveis. “Duna: Parte 2” aprofunda a exploração de temas como liderança, sacrifício e o custo do poder, configurando-se como uma obra de referência no gênero de ficção científica, além de estabelecer um patamar elevadíssimo para futuras adaptações.

 

ZONA DE INTERESSE | PRIME VIDEO

 

Vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional, o drama de Jonathan Glazer (“Sob a Pele”) se destaca por sua abordagem única e perturbadora sobre a vida cotidiana de uma família nazista vivendo nos arredores de Auschwitz. A narrativa se concentra em Rudolf Höss, interpretado por Christian Friedel (“Babylon Berlin”), comandante do campo de concentração, e sua esposa Hedwig, papel de Sandra Hüller. Eles residem em uma vila aparentemente idílica, onde a barbárie do Holocausto é uma realidade distante, embora separada apenas por um muro. A rotina familiar é permeada por momentos de normalidade, como piqueniques e cuidados com o jardim, contrastando com a brutalidade implícita na proximidade da residência com o campo de extermínio.

A obra explora a dicotomia entre a aparência de normalidade e a monstruosidade subjacente das ações de Höss, oferecendo uma visão da teoria da “banalidade do mal” de Hannah Arendt. O som e a trilha sonora desempenham papéis cruciais na construção da atmosfera opressiva, com design sonoro nomeado ao Oscar. Estes elementos, junto com a cinematografia de Reinhold Vorschneider, intensificam a sensação de desconforto ao retratar a rotina da família Höss em contraste com o horror inominável a seu lado.

Ao focar nos executores de um regime brutal, a obra subverte as expectativas de “filme de Holocausto” e desencadeia uma reflexão sobre a facilidade com que o ser humano pode fechar os olhos para a crueldade em nome do conforto pessoal. Premiadíssimo, venceu o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes e tem 93% de aprovação na média das resenhas compiladas pelo Rotten Tomatoes.

 

AS TRÊS FILHAS | NETFLIX

 

O drama traz Carrie Coon (“Ghostbusters: Mais Além”), Natasha Lyonne (“Boneca Russa”) e Elizabeth Olsen (“WandaVision”) como irmãs que precisam se unir para enfrentar uma crise familiar. Carrie Coon interpreta Katie, uma mãe rigorosa de Brooklyn que precisa cooperar com suas duas irmãs quando seu pai idoso fica gravemente doente e próximo da morte. Elizabeth Olsen dá vida a Christina, uma jovem mãe de espírito livre, enquanto Natasha Lyonne interpreta Rachel, uma fumante de maconha com péssimas habilidades de vida. Essas três mulheres precisam superar suas diferenças enquanto se revezam nos cuidados e no conforto do pai durante seus últimos dias. No entanto, algumas delas se acham mais confiáveis que outras.

“As Três Filhas” é escrito e dirigido pelo cineasta Azazel Jacobs, das comédias sombrias “Saída à Francesa” (2020), estrelada por Michelle Pfeiffer e Lucas Hedges, e “The Lovers” (2017), com Debra Winger e Tracy Letts. Exibido no Festival de Toronto do ano passado, o filme recebeu críticas muito positivas: impressionantes 99% de aprovação.

 

FICÇÃO AMERICANA | PRIME VIDEO

 

Vencedor do Festival de Toronto e indicado a cinco Oscars, inclusive Melhor Filme do ano, o longa é um olhar satírico sobre a indústria editorial, estrelado por Jeffrey Wright (“Westworld”) como Monk, um autor frustrado com a insistência do setor em perpetuar estereótipos raciais. Dirigido por Cord Jefferson em sua estreia na função, o filme questiona a obsessão do mercado cultural em reduzir as pessoas a estereótipos, especialmente no entretenimento que lucra e comercializa clichês batidos e ofensivos sobre os negros.

Na trama, Monk enfrenta recusas editoriais por não escrever um “livro negro” conforme os padrões estabelecidos por editores brancos. Inconformado, ele chega a desabafar em certo ponto: “Eles têm um livro negro. Eu sou negro, e é o meu livro”. Frustrado com a indiferença do setor, o escritor resolve então adotar um pseudônimo para assinar seu próprio “livro negro” clichê, “My Pafology”, com a intenção de expor a hipocrisia do mercado. No entanto, seus planos desmoronam quando um editor compra seu livro, que vira um best-seller, arrastando-o para o mundo que ele despreza.

“Ficção Americana” é uma adaptação do romance “Erasure” de Percival Everett, que já rendeu a Cord Jefferson os prêmios de Melhor Roteiro no Spirit Awards (o Oscar do cinema independente) e Critics Choice. Jeffrey Wright também venceu o Spirit Awards de Melhor Ator e o elenco ainda inclui Tracee Ellis Ross (“Black-ish”), John Ortiz (“A Vida Depois”), Erika Alexander (“Wu-Tang: An American Saga”), Leslie Uggams (“Deadpool”), Adam Brody (“Shazam! Fúria dos Deuses”), Issa Rae (“Insecure”) e Sterling K. Brown (“This Is Us”).

 

SEGREDOS DE UM ESCÂNDALO | PRIME VIDEO

 

Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, o novo drama de Todd Haynes (“Carol”) é baseado num fato real, mas se apresenta com uma abordagem inédita e intensa. Estrelado por Natalie Portman (“Thor: Amor e Trovão”) e Julianne Moore (“Kingsman: O Círculo Dourado”), o filme é marcado por personagens moralmente ambíguos, com o objetivo de criar desconforto proposital.

A trama segue uma atriz (Portman) que viaja até a Georgia para estudar a vida de uma mulher (Moore) que ela vai interpretar em um filme biográfico. A personagem de Moore era uma mulher casada que teve um romance com um adolescente de 13 anos, foi presa e após cumprir a pena judicial se casou com o jovem, vivido por Charles Melton (de “Riverdale”). Mas nem duas décadas de distância e uma vida discreta nos subúrbios fizeram o escândalo ser esquecido. E com sua vida revirada pela estranha em sua casa, questões do casal, até então adormecidas, começam a vir à tona.

Na sua busca para compreender Gracie, Elizabeth ultrapassa os limites entre curiosidade e invasão, enquanto seu objeto de estudo se mostra defensiva e complexa. Nesse jogo, o filme cria uma atmosfera tensa e estranha, salpicada por um humor sutilmente obsceno, que dialoga com seu tema tabu. A tensão é equilibrada por elementos cômicos, tornando possível arrancar risadas pela audácia da trama. Mas não se trata de uma obra fácil, especialmente para quem evita mergulhar em narrativas sobre indivíduos terríveis.

 

JURADO Nº 2 | MAX

 

A Warner optou por lançar o “último filme de Clint Eastwood” diretamente nas plataformas digitais, apesar de “Jurado Nº 2” ter atingido 93% de aprovação da crítica e contar com 92% de comentários positivos do público no Rotten Tomatoes. Trata-se do 40º longa-metragem dirigido pelo cineasta vencedor de dois Oscars, que chega aos 94 anos com um de seus melhores trabalhos. O suspense dramático acompanha um jurado vivido por Nicholas Hoult (“O Menu”), que durante um julgamento por assassinato percebe que pode ter sido o verdadeiro responsável pela morte da vítima. Confrontado pelos eventos descritos no caso, ele precisa lidar com um dilema moral: confessar a verdade e se entregar ou deixar um inocente pagar por um crime que não cometeu.

O crime teria sido um acidente, resultado de um atropelamento numa estrada deserta durante uma noite chuvosa. A vaga lembrança do protagonista de colidir com um animal selvagem se transforma em pesadelo ao descobrir que uma mulher foi encontrada morta no dia seguinte no mesmo local, jogada num precipício ao lado da estrada. A vítima e o namorado tinham brigado publicamente horas antes e ele encara um julgamento por assassinato.

O bom elenco da produção também destaca Toni Collette (“Hereditário”), Zoey Deutch (“Influencer de Mentira”), J.K. Simmons (“Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”), Kiefer Sutherland (“24 Horas”), Leslie Bibb (“Palm Royale”), Gabriel Basso (“O Agente Noturno”), Chris Messina (“Boogeyman: Seu Medo É Real”) e Francesca Eastwood (“Tempo”).

 

A ÚLTIMA SESSÃO

 

O drama dirigido por Pan Nalin (“Vale das Flores”) é um “Cinema Paradiso” indiano. Assim como no novo clássico italiano, que mostra a relação entre Salvatore e o projecionista Alfredo, “A Última Sessão” foca na amizade entre Samay e Fazal, o projecionista que guia o garoto indiano em seu aprendizado sobre o cinema. No entanto, o novo longa explora também questões de classe social, tradição e modernidade. A trama acompanha Samay, um menino de 9 anos que, apesar do pai vetar filmes, faz amizade com Fazal, o projecionista de um cinema local que o leva a desejar virar cineasta. Um detalhe interessante dessa história é que ela se passa 2010, durante uma época de transição tecnológica do cinema analógico para o digital.

 

ERVAS SECAS | TELECINE

 

O drama turco acompanha Samet, um professor que costumava viver em Istambul, mas foi designado para um posto em uma vila remota no leste da Anatólia. Ao retornar das férias para o semestre de inverno, ele e seu colega de trabalho e quarto Kenan são acusados de comportamento inadequado por duas alunas. Para o desespero de Samet, uma delas é Sevim, que até então era sua protegida. Após um incidente em que uma carta de amor endereçada a Samet é encontrada no caderno de exercícios de Sevim, o professor e seu colega são colocados sob suspeita. Embora o filme não mostre os professores cometendo assédio, o diretor dá pistas suficientes para que a possibilidade cruze a mente do espectador.

Nuri Bilge Ceylan é um dos cineastas turcos mais premiados da atualidade, que já recebeu vários prêmios importantes. Ele ganhou o Grande Prêmio do Festival de Cannes duas vezes: em 2003 por “Distante” e em 2011 por “Era uma Vez na Anatólia”. Ceylan também recebeu o prêmio de Melhor Diretor em Cannes em 2008 pelo filme “Os Três Macacos” e finalmente venceu a Palma de Ouro com “Sono de Inverno” em 2014.

“Ervas Secas” também foi lançado no festival francês, na edição do ano passado, onde sua jovem estrela feminina, Merve Dizdar, conquistou o troféu de Melhor Atriz. O filme ainda foi selecionado como o candidato da Turquia ao Oscar, mas não se classificou para disputar a categoria de Melhor Filme Internacional.

Como boa parte das obras do diretor, a produção aborda temas complexos por meio de personagens ricos, em histórias passadas em cenários visualmente impressionantes, que refletem não só a cultura turca, mas boa parte da humanidade. No entanto, “Ervas Secas” também marca uma nova fase para Ceylan. O filme é mais focado na narrativa do que alguns de seus trabalhos anteriores, com um enredo mais linear e uma estrutura mais tradicional e acessível ao grande público.

 

ATRAVÉS DAS SOMBRAS | NETFLIX

 

O filme de ação mais intenso de Timo Tjahjanto, novo mestre do cinema extremo indonésio, acompanha uma jovem assassina de codinome 13, que trabalha para um coletivo clandestino de assassinos conhecido como The Shadow. Quando uma missão dá errado no Japão, ela é enviada para a Indonésia como punição disciplinar. Enquanto se esconde nas favelas de Jacarta e espera instruções que nunca chegam, um encontro casual com um garoto em conflito com um sindicato do crime local a envolve em uma cruzada não sancionada. A situação escala de forma sangrenta e acaba atraindo a atenção e a ira de sua chefia implacável.

Coreógrafo perfeccionista da ultraviolência, Timo Tjahjanto conduz cada soco, cada golpe de espada e cada tiro com o objetivo de excitar e exaurir o espectador. O filme é um desfile de cenas de ação matadoras e ultraviolentas que continuam, continuam e continuam, sem que os espectadores queiram que acabem. “Através das Sombras” consegue ser mais extremo que “A Noite nos Persegue” (2018), a obra-prima do diretor, que tem 92% de aprovação no Rotten Tomatoes e também pode ser visto na Netflix.

 

KILL – O MASSACRE NO TREM | VOD*

 

O filme sangrento de Nikhil Nagesh Bhat, conhecido por quebrar barreiras no cinema indiano, não é para os fracos de coração. A produção ultraviolenta se passa numa viagem de trem e acompanha uma dupla de soldados, que enfrenta um exército de bandidos invasores. A ação é brutal, destacando a luta pela sobrevivência em combates corpo a corpo e faca a carne, o que lhe rendeu fama de visceral. A rapidez com que se tornou cultuado lembra o impacto de “Operação Invasão” (The Raid) em 2011. O longa indiano obteve praticamente a mesma aclamação do clássico indonésio por sua violência estilizada e coreografias de luta intensas, culminando em 90% de aprovação no Rotten Tomatoes.

 

SOBREVIVENTES – DEPOIS DO TERREMOTO | PRIME VIDEO

 

Candidato da Coreia do Sul a uma vaga no Oscar 2024, a superprodução de desastre é uma crítica brutal à natureza humana, retratando a luta pela sobrevivência em um mundo pós-apocalíptico, onde as pessoas cedem ao tribalismo primal.

A história se passa em Seul, após um terremoto catastrófico reduzir a cidade à ruínas. O único edifício que permanece de pé é o complexo de apartamentos Hwang Gung, onde um jovem funcionário público e sua esposa tentam ajudar os menos afortunados, apesar da escassez de alimentos e água. No meio do caos, um homem de meia-idade emerge como o líder dos residentes. Sua primeira ordem de negócios é expulsar violentamente todos aqueles cujas casas foram destruídas e que buscaram refúgio em Hwang Gung, mesmo que exilá-los signifique condená-los à morte.

Como os proprietários do apartamento conseguem construir um microcosmo funcional em meio ao caos, eles preferem ignorar que sua pequena sociedade está se transformando num estado fascista, com táticas ditatoriais e uso de linguagem desumanizadora contra aqueles que seu líder considera indignos dos mesmos privilégios.

A história é baseada num webtoon (quadrinhos online) de Kim Soong-Nyung, que examina a complexidade moral em tempos de crise e desafia o público a refletir sobre a natureza humana e as escolhas feitas em circunstâncias extremas. A direção é de Eom Tae-hwa (“Desaparecimento: O Garoto que Retornou”) e o elenco destaca Park Seo-joon (“A Criatura de Gyeongseong”), Park Bo-young (“Uma Dose Diária de Sol”) e Lee Byung-hun (“Round 6”), que tem o papel do ditador.

 

O MAL NÃO EXISTE | MUBI

 

O novo drama do cineasta japonês Ryûsuke Hamaguchi, conhecido por seu trabalho no aclamado “Drive My Car” (Oscar de Melhor Filme Internacional), se passa numa pequena aldeia rural onde Takumi e sua filha Hana levam uma vida modesta e em harmonia com a natureza, coletando água, madeira e wasabi selvagem para um restaurante local. Esse cotidiano é impactado quando os moradores descobrem um plano de uma agência para construir um luxuoso local de “glamping” (acampamento glamoroso) na região. Com a ameaça ao equilíbrio ecológico e social, inicia-se um conflito entre os valores comunitários e os interesses corporativos.

O enredo faz uma crítica ao impacto do desenvolvimento econômico nas comunidades tradicionais e no meio ambiente, e venceu o Prêmio da Crítica e o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, além do troféu de Melhor Filme no Festival de Londres.

 

TWISTERS | MAX

 

A atualização do clássico filme de catástrofe “Twister” (1996) marca a estreia de Lee Isaac Chung, conhecido por seu trabalho aclamado em “Minari” (2020), no gênero de ação. Grande sucesso dos anos 1990, o filme original trazia Helen Hunt e Bill Paxton como dois “caçadores de tempestades” (e também um ex-casal) que se juntavam para perseguir tornados — a intenção era implementar um sistema avançado de alerta climático, que só funcionava se colocado no caminho de tempestades devastadoras. O longa foi dirigido pelo holandês Jan de Bont logo depois do blockbuster “Velocidade Máxima” (1994) e seu roteiro foi assinado pelo autor de best-sellers Michael Crichton, que teve vários sucessos literários levados para as telas, entre eles “Jurassic Park” e “Westworld”.

A sequência volta a trazer um casal de protagonistas, uma pesquisadora e um “domador” de tempestades, que desta vez são “rivais”. Daisy Edgar-Jones (“Um Lugar Bem Longe Daqui”) vive uma ex-caçadora de tornados traumatizada, que estuda padrões de tempestades nas telas, em segurança e na cidade de Nova York. Ela é atraída de volta às planícies pelo amigo interpretado por Anthony Ramos (“Transformers: O Despertar das Feras”), para testar um novo sistema revolucionário de rastreamento, e acaba cruzando seu caminho com o personagem de Glen Powell (“Top Gun: Maverick”), um influenciador que se diverte postando suas aventuras de caça a tempestades nas redes sociais. À medida que a temporada de temporais se intensifica, fenômenos aterrorizantes nunca antes vistos são desencadeados e as equipes concorrentes se veem diretamente no caminho de múltiplos tornados, que convergem sobre o centro de Oklahoma, colocando-os em fuga e em luta por suas vidas.

Com bons efeitos que colocam os protagonistas em meio a tempestades brutais, a produção oferece uma experiência eletrizante e visualmente impactante, que se provou um sucesso de bilheteira – US$ 361 milhões mundiais. O elenco ainda traz Kiernan Shipka (“O Mundo Sombrio de Sabrina”), David Corenswet (o novo Superman, visto recentemente em “Pearl”), Daryl McCormack (“Peaky Blinders”), Sasha Lane (“Utopia”), Maura Tierney (“The Affair”) e Katy O’Brian (“Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”).

 

ALIEN: ROMULUS | DISNEY+

 

Surpresa completa para quem tem os primeiros filmes em alta estima, “Alien: Romulus” é uma continuação à altura do legado de “Alien” (1979) e “Aliens” (1986). O detalhe é que, antes do lançamento, quase ninguém apostava na volta de “Alien” aos cinemas, muito menos que o resultado pudesse ser bom. Na trama, Romulus é o nome de um antigo laboratório espacial que um grupo de jovens rebeldes decide pilhar, apenas para se ver cercado por alienígenas sugadores de rostos em corredores escuros. Um dos ataques é particularmente explícito, enquanto outro recria de forma impactante a cena clássica do tórax invadido prestes a explodir. Não demora e os monstros também aparecem em sua forma “adulta”, ampliando o pânico.

A narrativa se inclina fortemente para as origens de terror da franquia ao criar uma experiência visceral e implacável, que começa lentamente e vai aumentando sua intensidade até tomar todo o fôlego do público em seu ato final surpreendente, com a introdução de uma nova espécie de híbrido. esponsável pela façanha, Fede Álvarez, além de dirigir, também assinou o roteiro com Rodo Sayagues, seu parceiro em “O Homem nas Trevas” (2016) e “A Morte do Demônio” (2013). Já o elenco é formado por Cailee Spaeny (“Guerra Civil”), Isabela Merced (“Dora e a Cidade Perdida”), David Jonsson (“Industry”), Archie Renaux (“Sombra e Ossos”), Spike Fearn (“Conte Tudo para Mim”) e Aileen Wu (“Away from Home”). Todos jovens, num contraste com os outros filmes, que se concentraram em adultos em papéis corporativos, militares e científicos. O filme também tem uma ligação direta com o primeiro longa, ao incluir um personagem conhecido do público, recriado por computação gráfica.

 

ASSASSINO POR ACASO | PRIME VIDEO

 

Baseada em uma história real, a comédia de ação e romance do diretor Richard Linklater (“Boyhood”) é um dos filmes comerciais mais bem-avaliados do ano. Na trama, o astro do momento nos Estados Unidos, Glen Powell (“Top Gun: Maverick”), vive Gary, um professor que se disfarça de assassino de aluguel para ajudar a polícia a prender em flagrante as pessoas que contratam os seus serviços. No entanto, a missão toma um rumo inesperado quando ele conhece Madison (Adria Arjona, de “Esquadrão 6”), uma mulher desesperada para se livrar de seu marido abusivo. A química entre Gary e Madison coloca em risco sua identidade secreta e o envolve em um perigoso jogo de gato e rato.

Além de estrelar, Powell também co-escreveu o roteiro, que surpreende positivamente pela combinação única de humor, romance e ação. Considerada uma das melhores comédias de 2024, o longa tem 95% de aprovação da crítica no agregador Rotten Tomatoes.

 

UM LUGAR SILENCIOSO: DIA UM | PARAMOUNT+

 

A prequel da franquia “Um Lugar Silencioso” mostra o primeiro dia da invasão alienígena na Terra. A ação se passa em meio à invasão das criaturas em Nova York, provocando pânico, caos, gritaria e muito barulho. E os monstros, como se sabe, reagem ao barulho.

Escrito por John Krasinski e Bryan Woods, respectivamente diretor/astro e roteirista dos primeiros filmes, o novo título desta vez é dirigida por Michael Sarnoski, que ganhou projeção com o drama indie “Pig: A Vingança”, estrelado por Nicolas Cage em 2021. A protagonista é Lupita Nyong’o (“Pantera Negra”), como uma sem-teto que luta para sobreviver aos ataques. Em sua fuga das ruas em caos, ela encontra Djimon Hounsou (“Shazam”), que volta ao seu papel de “Um Lugar Silencioso: Parte II”, além de Joseph Quinn (“Stranger Things”) e Alex Wolff (“Oppenheimer”).

 

A CONTADORA DE FILMES

 

O drama da premiada cineasta dinamarquesa Lone Scherfig (“Educação”) se passa no deserto do Atacama, Chile, nos anos 1960, e gira em torno de María Margarita, caçula de quatro irmãos, que vive em uma cidade mineradora onde o momento mais aguardado pela família é a ida ao cinema aos domingos. Devido a dificuldades financeiras, nem todos podem assistir aos filmes, e María Margarita, dotada de um talento especial para narrar histórias, assume a função de ir ao cinema para depois contar os filmes para sua família e vizinhos, transformando-se na “contadora de filmes” da comunidade. Sara Becker (“Baby Bandito”) vive a protagonista na fase adulta e Alondra Valenzuela (“Verdades Ocultas”) na infância, e o bom elenco ainda conta com Bérénice Bejo (“Sob as Águas do Sena”), Daniel Brühl (“Falcão e o Soldado Invernal”) e Antonio de la Torre (“Uma Noite de 12 Anos”).

Um detalhe curioso é que o brasileiro Walter Salles, diretor de “Central do Brasil” e “Ainda Estou Aqui”, esteve envolvido no projeto por mais de uma década e é creditado como co-roteirista, contribuindo significativamente para a adaptação do romance de Hernán Rivera Letelier, em que a trama se baseia. Elogiadíssimo pela crítica, o filme possui uma aprovação de 90% no Rotten Tomatoes.

 

O QUARTO AO LADO

 

Primeiro longa do consagrado diretor espanhol Pedro Almodóvar falado na língua inglesa, o drama estrelado por Julianne Moore (“Segredos de um Escândalo”) e Tilda Swinton (“Era uma Vez um Gênio”) conquistou o Leão de Ouro de Melhor Filme do Festival de Veneza.

A trama é baseada no romance “What Are You Going Through”, de Sigrid Nunez, e segue uma escritora best-seller (Moore) que se reconecta com uma velha conhecida jornalista de guerra (Swinton). Ambientado em uma casa isolada em uma reserva natural na Nova Inglaterra, compartilhada pelas duas, o filme destaca a relação das protagonistas e suas diferentes abordagens sobre realidade, morte e amizade, a partir da revelação de que uma delas sofre com um câncer terminal. Interpretada por Swinton, a personagem decide que sua amiga, vivida por Julianne Moore, deve estar presente na sala ao lado enquanto ela toma a pílula de eutanásia.

 

O APRENDIZ | *VOD

 

O drama independente segue Sebastian Stan (“Falcão e o Soldado Invernal”) como o jovem Donald Trump. Centrada no começo de sua jornada à fortuna e ao poder, o enredo foca sua ascensão financeira por meio de um “acordo faustiano” com o influente advogado de direita e operador político Roy Cohn (interpretado por Jeremy Strong, de “Succession”), com quem aprendeu a “fazer qualquer coisa para vencer”.

O roteiro é de Gabriel Sherman, autor do livro “The Loudest Voice in the Room”, que foi a base para a minissérie “A Voz Mais Forte – O Escândalo de Roger Ailes” (2019), e acompanha Trump enquanto ele constrói seu negócio imobiliário na cidade de Nova York nas décadas de 1970 e 1980. A produção retrata o início da dinastia Trump e aborda temas como poder, corrupção e mentiras, além de conter cenas fortes como o alegado estupro de Ivana Trump pelo próprio marido e uma sequência nojenta de lipoaspiração, que geraram reações intensas na première mundial no Festival de Cannes e fizeram os advogados do ex-presidente dos Estados Unidos tentar impedir o lançamento do filme nos cinemas. O retrato do bilionário, viciado em pílulas dietéticas, é profundamente desfavorável.

A direção é do iraniano Ali Abbasi, dos premiados “Border” (2018) e “Holy Spider” (2022), e o elenco também destaca Maria Bakalova (“Morte Morte Morte”) como Ivana Trump e Martin Donovan (“Tenet”) como Fred Trump Sr.

 

OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM – BEETLEJUICE BEETLEJUICE | MAX

 

“Os Fantasmas Se Divertem” foi o grande sucesso dos anos 1980 que deu início à filmografia sombria do diretor Tim Burton. Na comédia original, a família formada por Delia Deetz (Catherine O’Hara), seu marido Charles (Jeffrey Jones) e a filha Lydia (Winona Ryder) se mudava para uma casa mal-assombrada. Mas, para sua sorte, os fantasmas moradores (Alec Baldwin e Geena Davis) eram tão inexperientes que não conseguiam assustá-los para que fossem embora. Por isso, os mortos contratam o experiente e assustador Beetlejuice (Michael Keaton), esperando que ele os livre da infestação de gente viva em sua amada residência. Só que a adolescente Lydia se revela uma garota gótica que adora coisas assustadoras e, sem medo, consegue ludibriar Beetlejuice.

30 anos depois, a antiga casa assombrada volta a ser visitada, quando a família retorna para o funeral de Charles Deetz. A ausência do ator Jeffrey Jones não surpreende, já que ele está afastado de Hollywood desde que foi acusado de possuir pornografia infantil em 2002. Em compensação, o elenco conta com os retornos de Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O’Hara, e ainda é reforçado por Jenna Ortega (“Wandinha”) como Astrid, a filha adolescente de Lydia Deetz, que acaba envolvida num pacto fatal e faz Lydia ter que apelar para Beetlejuice para salvá-la. Novamente dirigido por Tim Burton, a continuação tem roteiro de Alfred Gough e Miles Millar, os criadores de “Wandinha”, e também inclui no elenco Monica Bellucci (“007 Contra Spectre”), Justin Theroux (“A Costa do Mosquito”) e Willem Dafoe (“Pobres Criaturas”).

Michael Keaton, que mal envelheceu um dia em sua maquiagem demoníaco com olhos de panda, parece ter mais energia do que tinha 35 anos atrás, saltando nas paredes do purgatório com um entusiasmo juvenil. O ritmo acelerado, a energia vibrante e o fluxo constante de momentos hilários expressam a alegria que Burton parece ter encontrado ao revisitar este mundo – o que, para quem amou o primeiro filme, é contagiante.

 

GLADIADOR II

 

A continuação traz Paul Mescal (“Aftersun”) como Lucius, o filho de Maximus, personagem de Russell Crowe no filme vencedor do Oscar de 2001. A trama se passa 25 anos após a morte do gladiador original, durante o reinado duplo dos irmãos Geta (Joseph Quinn, de “Stranger Things”) e Caralla (Fred Hechinger, de “The White Lotus”), que, como ensina a História, terminou de forma fratricida. Lucius tem poucas memórias do caos que se seguiu à morte do tio, o Imperador Commodus (Joaquin Phoenix), pelas mãos de Maximus na arena dos gladiadores. Mas apesar de ser filho da nobre Lucilla (Connie Nielsen), sua volta à Roma repete a trajetória de seu pai no longa original.

O elenco também destaca Pedro Pascal (“The Last of Us”) como o general Marcus Acacius, responsável pela escravidão de Lucius, ao invadir a região em que ele vivia com a família. Aprisionado e transformado em escravo, Lucius é comprado por Macrinus, vivido por Denzel Washington (“O Protetor”), um homem poderoso e influente, que o transforma em gladiador e o envolve em um plano contra os imperadores de Roma. Na arena, Lucius enfrenta animais selvagens para diversão dos romanos e, ao se destacar nas lutas, tem sua chance de vingança no grande Coliseu.

A sequência conta com roteiro de Peter Craig (“Top Gun: Maverick”) e traz novamente Ridley Scott como diretor. Vindo de uma série de filmes destruídos pela crítica (“A Casa Gucci”, “Napoleão”), Scott buscou a segurança de uma sequência, mas acabou surpreendendo público e crítica com seu melhor filme desde “Perdido em Marte” em 2015.

 

FURIOSA: UMA SAGA MAD MAX | MAX

 

O retorno épico do diretor George Miller ao mundo pós-apocalíptico e ultraviolento de Mad Max é um compilado de perseguições de veículos pela imensidão desértica, cenas de adrenalina intensa, promessas de vingança e muitas colisões de metal com carne e ossos. Centrado na principal personagem feminina de “Mad Max: Estrada da Fúria” – vivida por Charlize Theron em 2015 – , a produção conta a origem de Furiosa, mostrando como ela foi sequestrada do Green Place das Muitas Mães para cair nas mãos da grande horda de motoqueiros liderada pelo Senhor da Guerra Dementus. Jurando vingança, ela encontra a cidadela controlada por Immortan Joe. E enquanto os dois tiranos lutam pelo poder, Furiosa aprende a sobreviver aos desafios que a impedem de voltar para casa.

O elenco destaca Anya Taylor-Joy (“O Gambito da Rainha”) no papel-título e Chris Hemsworth (“Thor: Amor e Trovão”) como Dementus. Já a produção volta a reunir o diretor George Miller com a equipe de “Mad Max: Estrada da Fúria”, incluindo a editora Margaret Sixel, a figurinista Jenny Beavan e o compositor Junkie XL. Mas o visual tem um novo diretor de fotografia, Simon Dugan (“300: A Ascensão do Império”), que substituiu o recém-aposentado John Seale com texturas digitais.

Bastante aplaudido no Festival de Cannes, onde teve sua première mundial, o filme conquistou a simpatia da crítica mundial e foi avaliado com 90% de aprovação no site Rotten Tomatoes. Entretanto, fracassou nas bilheterias. O lançamento online é uma forma da maioria que não foi ao cinema ver o motivo de tantos elogios e lamentar não ter ido conferir em tela grande.

 

CLUBE DOS VÂNDALOS | PRIME VIDEO

 

O drama indie traz Austin Butler (“Elvis”) e Tom Hardy (“Venom: Tempo de Carnificina”) como motociclistas. Ambientada na década de 1960, a trama acompanha o cotidiano de um motoclube do meio-oeste americano e é narrada pela mulher do personagem de Butler, vivida por Jodie Comer (“Killing Eve”). Ao longo de uma década, o clube deixa de ser um local de encontro de fãs de motos e vira uma gangue, numa escalada de medo e violência.

Embora seja uma obra totalmente ficcional, o enredo é inspirado pelo livro de fotografias “The Bikeriders”, de Danny Lyon, que retratou motoqueiros em 1967. A produção até inclui uma versão fictícia do fotógrafo, vivido por Mike Faist (“Amor, Sublime Amor”), para quem Jodie Comer conta sua história. O bom elenco também inclui Michael Shannon (“The Flash”), Boyd Holbrook (“Logan”), Damon Herriman (“Era uma Vez em… Hollywood”), Emory Cohen (“The OA”) e Norman Reedus (“The Walking Dead”).

Com direção de Jeff Nichols (“Loving: Uma História de Amor”), “Clube dos Vândalos” teve première mundial no Festival de Telluride no ano passado, quando atingiu 91% de aprovação no Rotten Tomatoes.

 

DIAS PERFEITOS | MUBI

 

O primeiro filme de um cineasta estrangeiro a concorrer ao Oscar de Melhor Filme Internacional pelo Japão mergulha na vida de Hirayama (interpretado por Kōji Yakusho, de “13 Assassinos”), um limpador de banheiros em Tóquio que encontra satisfação em sua rotina diária meticulosamente organizada. Ambientado no vibrante distrito de Shibuya, o filme explora a alegria encontrada na repetição e na simplicidade. Hirayama vive sozinho e seu cotidiano inclui acordar ao amanhecer, cuidar de suas plantas e dirigir para o trabalho ouvindo fitas cassetes antigas. Ele executa seu trabalho com cuidado e atenção, tratando as instalações que limpa como se fossem obras de arte.

A vida tranquila do protagonista é pontuada por interações sutis com os colegas e a comunidade ao redor, destacando a beleza na rotina e na conexão humana. A atuação de Yakusho, premiada no Festival de Cannes, confere uma profundidade emocional ao personagem, que, apesar de falar pouco, comunica muito através de gestos e expressões. Dirigida com atenção aos detalhes pelo alemão Wim Wenders (“Asas do Desejo”) e coescrita com o poeta Takuma Takasaki, a narrativa é tão meditativa quanto seu personagem principal, e busca enfatizar a importância de viver o momento, por mais humilde que seja. Zen.

 

ZONA DE EXCLUSÃO | VOD*

 

Em meio à tensa fronteira entre a Polônia e a Bielorrússia, onde uma crise de refugiados entrelaça política e drama humano, o longa em preto e branco da diretora polonesa Agnieszka Holland (“Europa, Europa”) convida a refletir sobre uma realidade complexa, onde a xenofobia, a violência policial e a busca por justiça se entrelaçam em um mosaico de histórias de vida e morte.

A trama acompanha três personagens. Ewa (Agata Kulesza) é uma psicóloga recém-chegada à região, que se vê envolvida em um turbilhão de eventos dramáticos, virando testemunha e, por vezes, participante involuntária das lutas e sofrimentos que marcam a vida na fronteira. Irek (Jakub Kuczala) é um jovem guarda da fronteira polonesa, que recebe ordens muitas vezes em desacordo com sua consciência, colocando-o em uma constante batalha moral em meio à caótica realidade que o cerca. E, no centro dessa teia de personagens entrelaçadas, Zana (Zainab Al Raef) surge como um símbolo da esperança e da resiliência humana. Ela é uma refugiada síria em busca de um futuro melhor para si e para sua família, e precisa lutar contra a adversidade, a fome, o medo e a incerteza em um ambiente hostil e implacável.

Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza, “Zona de Exclusão” vai além da mera apresentação dos fatos da crise dos refugiados. Holland mergulha na alma dos personagens, revelando suas motivações, seus medos e suas esperanças, por meio de uma narrativa sensível e humanizada, e atuações realistas.

 

THE ROYAL HOTEL | PRIME VIDEO

 

O suspense violento traz Julia Garner (“Ozark”) e Jessica Henwick (“Punho de Ferro”) como duas mochileiras que decidem trabalhar em um bar na Austrália para financiar suas viagens, mas se veem enredadas em uma situação tensa e ameaçadora. Após decidirem viajar de forma impulsiva para uma região remota, elas se veem sem dinheiro e obrigadas a assumir trabalhos mal remunerados como garçonetes em uma cidade mineradora isolada no Outback. A nova função as coloca diante de moradores machistas e hostis que as assediam e ameaçam, criando um ambiente de perigo iminente.

O longa-metragem é a mais recente obra da cineasta australiana Kitty Green, conhecida pelo drama aclamado “A Assistente”, inspirado nos abusos sexuais de Harvey Weinstein e também protagonizado por Julia Garner. Green coescreveu o roteiro com o ator e roteirista Oscar Redding (“Van Diemen’s Land”), e o elenco ainda conta com o experiente ator australiano Hugo Weaving (“Matrix”), além de Toby Wallace (o Steve Jones da série “Pistol”), Herbert Nordrum (“A Pior Pessoa do Mundo”) e Ursula Yovich (“Austrália”).

O filme teve sua première mundial no fim de 2023 no Festival de Telluride e na ocasião atingiu 92% de aprovação crítica no Rotten Tomatoes. Além disso, venceu o troféu Otra Mirada, dedicada ao Melhor Filme de temática feminina no Festival de San Sebastián.

 

PIANO DE FAMÍLIA | NETFLIX

 

A adaptação da peça “The Piano Lesson” de August Wilson é protagonizada por John David Washington (“Tenet”), Danielle Deadwyler (“Till”) e Samuel L. Jackson (“As Marvels”), e marca a estreia de Malcolm Washington, irmão de John David, na direção de longas-metragens. Ambientado em Pittsburgh em 1936, em meio a Grande Depressão, o drama acompanha a batalha que se desenrola na casa da família Charles. No centro do conflito está um piano herdado que divide dois irmãos. De um lado, o irmão (John David Washington) quer vender o instrumento para construir a fortuna da família. Do outro, a irmã (Danielle Deadwyler) está determinada a manter o instrumento musical como o último vestígio do legado familiar. O tio (Samuel L. Jackson) tenta mediar a situação, mas nem ele consegue conter os fantasmas do passado.

Escrita por Malcolm Washington e Virgil Williams, a adaptação também conta com Ray Fisher (“Liga da Justiça”), Michael Potts (“True Detective”), Erykah Badu (cantora e atriz de “O Casamento de Evie”), Skylar Aleece Smith (“Our Father, the Devil”), Jerrika Hinton (“Grey’s Anatomy”), Gail Bean (“Snowfall”), Danielle Deadwyler (“Till”) e Corey Hawkins (“Em Ritmo de Fuga”) no elenco.

A produção é do astro Denzel Washington (“Gladiador II”), pai do diretor e do ator principal, que adquiriu os direitos de adaptação das peças de Wilson e já lançou “Um Limite Entre Nós” (2016) e “A Voz Suprema do Blues” (2020). As duas primeiras adaptações conquistaram três Oscars, por isso “Piano de Família” chega com grandes expectativas de reconhecimento, especialmente ao trazer John David Washington e Samuel L. Jackson de volta aos papéis que desempenharam numa recente montagem da Broadway – desempenho que rendeu a Jackson uma indicação ao Tony.

 

FÚRIA PRIMITIVA | PRIME VIDEO

 

A estreia impressionante do ator Dev Patel (“Quem Quer Ser um Milionário?”) na direção é um thriller de vingança cheio de adrenalina e confrontos intensos. No estilo das lutas insanas de “John Wick”, a trama se passa na Índia e traz inspirações da mitologia hindu, especialmente na figura de Hanuman, símbolo de devoção, força e coragem.

Além de dirigir, Patel estrela a produção no papel de “Kid”, um jovem que sobrevive participando de um clube de luta clandestino, onde é constantemente derrotado enquanto usa uma máscara de gorila. Conforme cresce movido por uma raiva profunda, ele inicia uma jornada de vingança contra os líderes corruptos responsáveis pela morte de sua mãe e pela exploração contínua dos mais desfavorecidos.

Embora o filme seja um thriller de ação, ele utiliza o pano de fundo da sociedade indiana onde o sistema de castas historicamente estratificado influencia as dinâmicas sociais e econômicas. “Kid”, como um personagem marginalizado, é representativo dos muitos que se encontram nas camadas inferiores deste sistema, lutando por sobrevivência em condições adversas. Sua participação em lutas clandestinas e sua vida nas sombras da sociedade são simbólicas das limitações impostas por sua posição social. A injustiça que ele enfrenta e sua subsequente busca por vingança são amplificadas pelo contexto desse sistema, contra manifestações do abuso de poder e privilégio que perpetuam a desigualdade e a exploração.

A inspiração na figura de Hanuman, um herói divino conhecido por sua força e coragem, serve como um símbolo de resistência e empoderamento contra as adversidades impostas pelo sistema. Ele é uma das figuras mais importantes e veneradas no panteão hindu, conhecido por sua devoção inabalável ao deus Rama, conforme narrado no épico “Ramayana”. Hanuman é frequentemente descrito como tendo o rosto de um macaco e um corpo forte. No longa, Patel lança mão desse simbolismo para agir como um John Wick hindu.

O elenco ainda inclui Sharlto Copley (“Distrito 9”), Pitobash (“Um Conto Indiano”), Vipin Sharma (“Atentado ao Hotel Taj Mahal”), Ashwini Kalsekar (“Assassinato às Cegas”), Adithi Kalkunte (“Atentado ao Hotel Taj Mahal”), Sikandar Kher (“Aarya”), Makarand Deshpande (“RRR”) e a estrela de Bollywood Sobhita Dhulipala (“Felizes para Sempre”) em sua primeira produção de Hollywood.

Patel também co-roteirizou o filme, que foi produzido por Jordan Peele, o diretor de “Corra!”. Por sinal, “Fúria Primitiva” foi inicialmente planejado para um lançamento exclusivo na Netflix, mas a paixão de Peele pelo projeto ajudou a colocá-lo no cinema, onde encantou a crítica. Curiosamente, o lançamento em streaming acabou com a Prime Video.

 

AQUELA SENSAÇÃO QUE O TEMPO DE FAZER ALGO PASSOU | MUBI

 

A comédia indie escrita, dirigida e estrelada pela novata Joanna Arnow gira em torno de Ann, uma mulher que lida com a sensação de estar presa em um ciclo de apatia e desmotivação, questionando o propósito em sua vida pessoal e profissional. A direção/atuação de Arnow é caracterizada por um estilo seco e irônico, que enfatiza a estagnação da protagonista e suas desventuras frustrantes em busca de sexo casual.

Marcado por muitas conversas e uma estética minimalista, típica do cinema independente, com a utilização de poucos recursos visuais, o filme divide opiniões. Enquanto o público acha um tédio, os críticos aprovaram sua atmosfera introspectiva e situações desconcertantes – a diferença é de 38% de avaliação da audiência e 85% da crítica no Rotten Tomatoes. A diretora foi indicada ao Spirit Awards (o Oscar indie) na categoria “Alguém para Acompanhar” e a produção é do cineasta Sean Baker (“Projeto Flórida”), que em maio venceu o Festival de Cannes com seu novo filme, “Anora”.

 

QUEER

 

O novo romance LGBTQIA+ de Luca Guadagnino traz Daniel Craig (“007: Sem Tempo para Morrer”) num desempenho que lhe rendeu indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator em Drama, como um gay idoso apaixonado por um jovem. O longa é adaptação do famoso romance homônimo de William S. Burroughs – escrito nos anos 1950, mas só publicado em 1985 devido à sua temática homossexual explícita. Craig interpreta William Lee, o o alter ego de Burroughs, um expatriado americano na Cidade do México dos anos 1950. Solitário e viciado em opiáceos e álcool, seu personagem tem a vida transformada ao conhecer Eugene Allerton, interpretado por Drew Starkey (“Outer Banks”), que lhe desperta uma intensa obsessão. O constante estado alterado do protagonista leva o espectador por uma narrativa que mistura romance e psicodelia, mesclando o tom de “Suspiria” com o romantismo de “Me Chame Pelo Seu Nome”, ambos dirigidos por Guadagnino.

O elenco de “Queer” ainda inclui nomes como Lesley Manville (“The Crown”), Jason Schwartzman (“Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”), o brasileiro Henrique Zaga (“Depois do Universo”) e o cantor Omar Apollo, que faz sua estreia como ator. Além disso, o longa conta com uma trilha sonora composta pelos premiados Trent Reznor e Atticus Ross (dupla vencedora do Oscar por “A Rede Social” e “Soul”), e figurinos assinados pelo diretor criativo da Loewe, Jonathan W. Anderson, que já tinham trabalhado com o diretor italiano no recente “Rivais”.

 

LA CHIMERA

 

O novo drama da italiana Alice Rohrwacher (“Feliz como Lázaro”) traz o inglês Josh O’Conner (“The Crown”) como um jovem arqueólogo, que se envolve com um grupo de ladrões de túmulos repletos de relíquias da era etrusca. Este grupo se dedica à venda desses objetos no mercado negro de arte.

O título “La Chimera” faz referência a criatura mitológica grega com partes de leão, cabra e serpente. No filme, cada personagem persegue sua própria quimera, algo inalcançável que motiva sua jornada. Para os ladrões, a quimera é o desejo pelo dinheiro fácil, já para o arqueólogo, a quimera se parece com a mulher que ele perdeu. Para encontrá-la, ele desafia o invisível e procura por toda parte em busca de um caminho mitológico para a vida após a morte.

Exibido no Festival de Cannes e premiado na Mostra de São Paulo do ano passado, o filme também inclui a brasileira Carol Duarte (“A Vida Invisível”) e a italiana Isabella Rossellini (“Julia”) em seu elenco.

 

PRISCILLA | MUBI

 

A biografia dirigido por Sofia Coppola explora a complexidade da vida de Priscilla Beaulieu Presley, interpretada por Cailee Spaeny (“Jovens Bruxas: Nova Irmandade”). O filme começa quando Priscilla, com apenas 14 anos, conhece o ícone do rock Elvis Presley, interpretado por Jacob Elordi (“Saltburn”), em uma festa perto de uma base militar dos EUA na Alemanha Ocidental. A história segue a evolução desse relacionamento, desde o encantamento inicial de Priscilla até os desafios de uma vida compartilhada com uma superestrela. Adaptada da memória de Priscilla Presley, “Elvis e Eu”, a trama combina a experiência pessoal de Priscilla e uma perspectiva moderna que questiona a natureza de seu relacionamento com Elvis.

Criado em um mundo de papéis de gênero rígidos, Elvis esperava que Priscilla cumprisse o papel tradicional de esposa. A narrativa destaca a luta da protagonista para se adaptar a esse ideal feminino, evidenciado nas escolhas de figurino, com roupas sofisticadas, mas, conforme a história evolui, revela a expressão de sua independência através de estampas que Elvis desaprovava. Coppola captura a solidão e o isolamento de Priscilla como uma mulher presa nas expectativas de sua época, enquanto busca seu brilho próprio. O desempenho no papel-título rendeu a Cailee Spaeny o troféu de Melhor Atriz no Festival de Veneza passado.

 

O HOMEM DOS SONHOS | VOD*

 

A comédia de terror surreal traz Nicolas Cage (“O Peso do Talento”) como um professor comum de meia idade, sem nada especial, que acaba surgindo nos sonhos de milhares de pessoas. Da noite para o dia, ele vira uma celebridade. Entretanto, a fama logo mostra seus efeitos negativos, quando os sonhos se transformam em pesadelos.

Escrito e dirigido por Kristoffer Borgli (“Energético”), o filme arrancou muitos elogios da imprensa ao ser exibido no Festival de Toronto, atingindo 91% de aprovação no Rotten Tomatoes. Com isso, tornou-se mais um queridinho da crítica produzido pelo A24, estúdio independente responsável pelo vencedor do Oscar “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” (2022), entre outros títulos marcantes. A produção, por sinal, é de Ari Aster, o diretor de “Midsommar” (2019) e “Hereditário” (2018) – outros lançamentos cultuados da A24.

Além de Cage, o elenco inclui Julianne Nicholson (“Mare of Easttown”), Michael Cera (“Scott Pilgrim contra o Mundo”), Tim Meadows (“Os Goldbergs”), Dylan Gelula (“Unbreakable Kimmy Schmidt”), Dylan Baker (“Homem-Aranha 3”), Kate Berlant (“Uma Equipe Muito Especial”), Lily Bird (“Beau Tem Medo”) e Jessica Clement (“Pure”).

 

 

* Os lançamentos em VOD (video on demand) podem ser alugados individualmente em plataformas como Apple TV, Claro TV+, Loja Prime, Microsoft Store, Vivo Play e YouTube, entre outras, que funcionam como locadoras digitais sem a necessidade de assinatura mensal.