Julia Louis-Dreyfus defende humor politicamente correto em crítica a Jerry Seinfeld

Atriz destaca importância da sensibilidade na comédia e defende o maior cuidado com as minorias como positiva

Instagram/Julia Louis-Dreyfus

Julia Louis-Dreyfus, que antes de dominar o Emmy com seu papel em “Veep” ficou conhecida como a Elaine de “Seinfeld”, comprou briga com seu ex-colega Jerry Seinfeld a respeito da correção política no humor. Seinfeld disse recentemente que o politicamente correto estava destruindo o humor. Em entrevista ao jornal The New York Times deste domingo (9/6), a atriz discordou de forma veemente.

Defesa da nova sensibilidade

Durante a entrevista, Louis-Dreyfus defendeu a sensibilidade na comédia como uma mudança positiva: “Acho que ter uma antena sobre sensibilidades não é uma coisa ruim,” afirmou. Ela ressaltou que isso não significa a eliminação do humor. “Quando ouço pessoas começando a reclamar sobre o politicamente correto, eu entendo por que podem se opor, mas para mim isso é um sinal de alerta, porque às vezes significa outra coisa.”

Ela discordou frontalmente da posição de Seinfeld, ao dizer que o politicamente correto não torna necessariamente o humor pior. “Sei apenas que a lente pela qual criamos arte hoje é diferente.”

A atriz também argumentou que o politicamente correto, no que se refere à tolerância, é positivo. “Claro que reservo o direito de vaiar quem disser algo que me ofenda, enquanto respeito o direito à liberdade de expressão”, disse. E ainda destacou que séries e filmes clássicos, considerados obras-primas, contêm atitudes que hoje não seriam aceitas, enfatizando a importância de perceber e estar vigilante quanto a essas mudanças.

Julia apontou que, em vez de criticar o respeito às minorias, as preocupações dos artistas deveriam ser voltadas à consolidação de dinheiro e poder na indústria do entretenimento como a verdadeira ameaça à arte e à criatividade.

O que disse Jerry Seinfeld

Jerry Seinfeld chamou a atenção nos últimos tempos por acusar a “extrema esquerda” e o politicamente correto de dificultar o trabalho dos criadores de comédias por deixar o público muito sensível. Segundo ele, a agenda “woke” (politicamente correta) cria preocupações excessivas sobre ofender as pessoas.

“Na verdade, nada afeta a comédia. As pessoas sempre precisam dela. Elas precisam tanto e não a recebem”, disse Seinfeld. “Antigamente, você chegava em casa no final do dia e a maioria das pessoas pensava: ‘Oh, ‘Cheers’ está passando. Oh, ‘MASH’ está passando. Oh, ‘Mary Tyler Moore’ está passando. ‘Tudo em Família’ está passando.’ Você simplesmente esperava, ‘vai ter algo engraçado para assistirmos na TV esta noite’. Bem, adivinhe… onde está? Este é o resultado da esquerda extrema e da porcaria do politicamente correto, e das pessoas se preocupando tanto em não ofender os outros”, ele disse no final de abril, em entrevista à revista New Yorker.

Vale apontar um problema no discurso de Seinfeld, que citou como bons exemplos séries progressistas (“esquerdistas” e politicamente corretas) como “MASH”, uma produção anti-guerra, “Mary Tyler Moore”, pioneira da temática feminista, e “Tudo em Família”, uma sátira ao conservadorismo.

Os comentários do ator foram feitos durante a divulgação de sua nova comédia, “A Batalha do Biscoito Pop-Tart”, que ele estrelou, escreveu, dirigiu e produziu. Lançado em 3 de maio na Netflix, o filme foi considerado medíocre pela crítica (42% de aprovação no Rotten Tomatoes) e ficou só três semanas no Top 10 da plataforma.