Ex-integrante de reality show processa Pablo Marçal por danos morais

Luiz Gabriel Godoy, participante de La Casa Digital 3, alega agressões e humilhações no programa e pede indenização de R$ 200 mil

Instagram/Pablo Marçal

Luiz Gabriel Godoy, ex-participante do reality show “La Casa Digital 3”, entrou com um processo contra Pablo Marçal, alegando ter sido alvo de agressões físicas, ofensas verbais e humilhações durante a participação no programa. A ação foi registrada na Polícia Civil em 28 de maio e ingressada na Justiça Civil, onde Godoy pede uma indenização de R$ 200 mil por danos morais, informou o colunista Paulo Capelli nesta quarta (5/6).

Denúncias de agressões e condições precárias

Godoy afirma que, logo no primeiro dia de gravações, ele e outros participantes foram submetidos a condições degradantes. Segundo ele, os participantes gravaram vinhetas e comerciais do programa das 9h às 15h sem receber qualquer alimentação. Além disso, tiveram que assinar o contrato de participação sem ter tempo para ler o documento.

“Não deram tempo para o Requerente [Godoy] e demais candidatos lerem o conteúdo do acordo. Informaram que quem não assinasse imediatamente deveria sair do programa”, diz a defesa de Godoy. A ação também relata que a equipe do programa se recusou a fornecer cópias do contrato assinado aos participantes.

Exposição a situações de risco

Entre as situações descritas na denúncia estão exercícios exaustivos de três horas diárias, seguidos de provas de grande desgaste físico, sem qualquer equipamento de proteção ou presença de equipe de emergência. “Nenhum participante foi submetido a exame físico ou cardíaco. Não havia médicos, enfermeiros ou qualquer profissional da saúde no local”, afirma o documento.

Godoy também relata que os participantes eram constantemente incentivados a entrar em conflito uns com os outros e sofriam ofensas verbais dos mentores do programa. Em um dos episódios, Godoy alega ter sido agredido fisicamente por um dos organizadores.

Tentativa de acordo

Em um vídeo anexado à ação, o advogado de Marçal, Tassio Renam, tenta persuadir Godoy a desistir da queixa na polícia e do processo judicial. Durante uma videochamada, Renam ofereceu “ajuda” para resolver a situação sem envolver o advogado de Godoy. “Eu queria começar já realmente colocando uma pedra nesse assunto e verificando no que a gente consegue te ajudar”, disse Renam.

Godoy respondeu expressando dúvidas sobre a oferta, afirmando que já havia tentado conversar com outros advogados de Marçal sem sucesso. Renam insistiu para que Godoy desistisse do processo, alegando que “não costuma perder nenhuma [causa]”.

A situação repercutiu nas redes sociais, com advogados apontando falta de ética de Renam, por querer pressionar a parte sem a presença de seu defensor.

Pedidos na Justiça

Além da indenização de R$ 200 mil, Godoy solicita a retirada de qualquer imagem sua publicada em canais do influenciador nas plataformas digitais e redes sociais, sob pena de multa diária. Ele também pede a apresentação do contrato assinado para participação no reality show.

Histórico de riscos de Pablo Marçal

Pablo Marçal, já esteve envolvido em diversas polêmicas e precisou ser resgatado em janeiro de 2022 após colocar um grupo de pessoas em risco de vida durante um desafio nas montanhas. O incidente ocorreu em uma trilha no Pico dos Marins, em São Paulo, quando Marçal liderava um grupo de 32 pessoas, incluindo crianças, em condições climáticas adversas.

Ele organizou a subida ao Pico dos Marins como parte de um desafio motivacional, prometendo uma experiência transformadora. No entanto, o grupo não estava adequadamente preparado para as condições que enfrentariam. Sem equipamentos de segurança e com uma previsão de mau tempo, a expedição rapidamente se transformou em uma situação de perigo.

Ao alcançar uma parte elevada da trilha, o grupo foi surpreendido por uma tempestade com ventos fortes e chuva intensa. Sem proteção adequada contra o frio e a chuva, alguns membros do grupo conseguiram entrar em contato com as autoridades de resgate. Equipes de bombeiros e socorristas foram enviadas ao local para auxiliar no resgate dos envolvidos. Após a operação, os bombeiros relataram que os participantes estavam em estado de choque e apresentavam sintomas de hipotermia. Felizmente, todos foram resgatados sem ferimentos graves, mas o incidente gerou uma onda de críticas contra Marçal.

Marçal se defendeu das acusações, afirmando que o objetivo era desafiar os limites pessoais e promover o crescimento individual dos participantes. Em um vídeo publicado em suas redes sociais após o incidente, ele disse: “O propósito era mostrar que somos capazes de superar os maiores desafios quando acreditamos em nós mesmos.”

O caso chamou a atenção das autoridades, que abriram uma investigação para apurar possíveis responsabilidades criminais por parte de Marçal. Ele foi acusado de negligência e imprudência, podendo enfrentar processos legais por colocar vidas em risco.

Morte em maratona improvisada

Não satisfeito, o grupo empresarial de Pablo Marçal organizou uma maratona, de forma improvisada, como parte de um evento motivacional no dia 5 de junho de 2023 em Alphaville, São Paulo. Sem aviso prévio, os participantes foram convidados a correr longas distâncias sob forte calor. Segundo relatos, a estrutura do evento era precária, sem pontos de hidratação suficientes ou acompanhamento médico no local.

Durante a corrida, Bruno da Silva Teixeira, funcionário da empresa de 26 anos de idade, sofreu uma parada cardíaca e caiu inconsciente. Outros participantes tentaram socorrê-lo, mas a ausência de profissionais de saúde no evento dificultou o atendimento imediato. O socorro especializado chegou ao local somente após a chamada de emergência feita por testemunhas, mas Bruno não resistiu e foi declarado morto.

A família de Bruno acusou Marçal de negligência pela falta de preparo e segurança no evento. “Meu irmão não precisava ter passado por isso. Ele estava lá a trabalho, não como atleta. Não havia estrutura nenhuma para uma maratona, muito menos suporte médico”, declarou sua irmã, Ana Teixeira, em entrevista.

O incidente afetou a imagem pública de Marçal, resultando em perda de seguidores e patrocínios. Apesar disso, ele continua a atuar como coach e influenciador, e agora é pré-candidato à prefeitura de São Paulo.