Estreias | “Um Lugar Silencioso: Dia Um” é principal novidade nos cinemas

Programação também destaca a comédia nacional "Tô de Graça", derivada da série do Multishow, e o último filme da carreira de Michael Caine

Divulgação/Paramount Pictures

A sci-fi de terror “Um Lugar Silencioso: Dia Um” tem o maior lançamento desta quinta (27/6), chegando em 800 telas. A produção da Paramount é esperada com alta expectativa devido ao sucesso da franquia. Os dois filmes de 2018 e 2020, dirigidos por John Krasinski, eletrizaram o público, receberam elogios da crítica e faturaram US$ 638 milhões. A programação ainda destaca a comédia nacional “Tô de Graça”, derivada da série do Multishow, com distribuição em 400 salas. No circuito limitado, o destaque é “A Grande Fuga”, último trabalho da carreira de oito décadas de Michael Caine, que anunciou sua aposentadoria. Confira todas as novidades a seguir.

 

UM LUGAR SILENCIOSO: DIA UM

 

A prequel da franquia “Um Lugar Silencioso” mostra o primeiro dia da invasão alienígena na Terra. A ação se passa em meio à invasão das criaturas em Nova York, provocando pânico, caos, gritaria e muito barulho. E os monstros, como se sabe, reagem ao barulho.

Escrito por John Krasinski e Bryan Woods, respectivamente diretor/astro e roteirista dos primeiros filmes, o novo título desta vez é dirigida por Michael Sarnoski, que ganhou projeção com o drama indie “Pig: A Vingança”, estrelado por Nicolas Cage em 2021. A protagonista é Lupita Nyong’o (“Pantera Negra”), como uma sem-teto que luta para sobreviver aos ataques. Em sua fuga das ruas em caos, ela encontra Djimon Hounsou (“Shazam”), que volta ao seu papel de “Um Lugar Silencioso: Parte II”, além de Joseph Quinn (“Stranger Things”) e Alex Wolff (“Oppenheimer”).

 

TÔ DE GRAÇA – O FILME

 

A comédia derivada da série do Multishow segue Graça (Rodrigo Sant’Anna) após receber uma indenização inesperada. Decidida a aproveitar o dinheiro, ela leva metade de seus 14 filhos para um feriadão em um resort de luxo em Araruama, enquanto seu marido, Moacir (Eliezer Motta), fica na comunidade onde vivem. O objetivo de Graça é surpreender sua filha mais velha, Sara Jane (Roberta Rodrigues), que está namorando o dono do resort. No entanto, uma série de confusões transforma a viagem, levando a família a se acomodar em um camping onde Graça reencontra um antigo amor.

A direção é de César Rodrigues, que também dirigiu a série e o filme de “Vai que Cola” (2015), e o elenco inclui outros integrantes da atração televisiva, como Isabelle Marques, Evelyn Castro, Estevam Nabote, Dhu Moraes e Andy Gercker, além de participações da influenciadora fitness Gracyanne Barbosa e da cantora MC Soffia.

 

A GRANDE FUGA

 

Baseado numa história real, o drama conta a história de Bernard Jordan, um veterano da 2ª Guerra Mundial interpretado por Michael Caine (“Truque de Mestre”), que aos 89 anos decide escapar de sua casa de repouso no Reino Unido para participar das celebrações do 70º aniversário do Dia D na Normandia, França. Sem informar ninguém sobre seus planos, ele embarca em uma jornada que captura a atenção da mídia e do público, tornando-se uma história de inspiração e homenagem aos veteranos de guerra.

Bernard Jordan enfrenta diversos desafios em sua viagem, incluindo dificuldades de mobilidade e problemas de saúde, mas sua determinação e espírito indomável o impulsionam a seguir em frente. Durante a jornada, ele relembra momentos marcantes de sua vida e da guerra, encontrando outros veteranos e partilhando memórias dolorosas e heroicas. O longa também conta com a presença de Glenda Jackson, que interpreta Irene, a esposa de Bernard, que, ao descobrir a fuga do marido, compreende e apoia sua decisão de homenagear os colegas mortos na luta de libertação da França, mesmo à distância.

A direção de Oliver Parker (“O Retorno de Johnny English”) enfatiza a humanidade de seus personagens, oferecendo ao público uma história tocante e inspiradora. A obra marca a despedida de Michael Caine, que, após oito décadas e mais de 160 títulos, anunciou sua aposentadoria em meio às filmagens.

 

SALAMANDRA

 

Catherine, interpretada por Marina Foïs (“A Fratura”), é uma funcionária pública francesa de meia-idade que, paralisada pelo medo do futuro, foge para o Brasil após anos cuidando de seu pai. Em busca de encontrar um novo sentido para sua vida, ela acaba chegando no Recife, onde mora sua irmã (Anna Mouglalis, de “O Acontecimento”), com planos de pausa para reconsiderar que rumo dar à vida. Na praia, ela conhece e se envolve com um jovem negro brasileiro, interpretado por Maicon Rodrigues (“Temporada de Verão”), mas este relacionamento vira alvo de preconceito e desconfiança, tanto por causa da diferença de idade quanto pela questão racial. A própria irmã de Catherine frequentemente questiona as intenções do jovem, sugerindo que ele pode estar se aproveitando dela.

Catherine precisa enfrentar temas complexos como racismo e discriminação etária enquanto tenta se adaptar a uma nova cultura, em busca de uma transformação pessoal. O trabalho de estreia do diretor Alex Carvalho é uma adaptação do romance homônimo do escritor Jean-Christophe Rufin, que foi adido cultural do Consulado Geral da França em Recife entre 1989 e 1990. A première mundial aconteceu no Festival de Veneza e a nacional na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, onde recebeu elogios pela profundidade emocional e pelas performances de seu elenco.

 

CASA IZABEL

 

O diretor Gil Baroni, de “Alice Junior” (2019), volta a explorar transexualidade neste drama passado nos anos 1970 e em uma imponente casa de estilo colonial isolada no interior do país, que serve como um refúgio secreto para homens que se vestem como mulheres. A história começa com a chegada de um novo morador, interpretado por Andrei Moscheto, à Casa Izabel, onde homens podem se expressar livremente, longe da repressão da ditadura. A casa proporciona um espaço seguro e glamoroso, onde os moradores podem explorar suas identidades femininas em um ambiente de apoio e aceitação. Contudo, essa liberdade forjada começa a desmoronar quando a realidade externa, representada pelo rígido contexto político da época, infiltra-se no refúgio.

O enredo aborda temas de identidade, liberdade e repressão, utilizando a Casa Izabel como uma metáfora para as ilusões de segurança e liberdade da comunidade LGBTQ+ que são constantemente ameaçadas por forças externas. Vencedor do festival Cine-PE, de Recife, o longa se destaca por sua sensibilidade ao abordar questões relevantes para a comunidade LGBTQ+, com uma estética que mistura o drama e o suspense em um cenário histórico e culturalmente carregado.

 

AQUELA SENSAÇÃO QUE O TEMPO DE FAZER ALGO PASSOU

 

A comédia indie escrita, dirigida e estrelada pela novata Joanna Arnow gira em torno de Ann, uma mulher que lida com a sensação de estar presa em um ciclo de apatia e desmotivação, questionando o propósito em sua vida pessoal e profissional. A direção/atuação de Arnow é caracterizada por um estilo seco e irônico, que enfatiza a estagnação da protagonista e suas desventuras frustrantes em busca de sexo casual.

Marcado por muitas conversas e uma estética minimalista, típica do cinema independente, com a utilização de poucos recursos visuais, o filme divide opiniões. Enquanto o público acha um tédio, os críticos aprovaram sua atmosfera introspectiva e situações desconcertantes – a diferença é de 38% de avaliação da audiência e 85% da crítica no Rotten Tomatoes. A diretora foi indicada ao Spirit Awards (o Oscar indie) na categoria “Alguém para Acompanhar”. A produção é do cineasta Sean Baker (“Projeto Flórida”).

 

TESTAMENTO

 

A comédia canadense do veterano Denys Arcand (“Jesus de Montreal”) acompanha Jean-Michel Bouchard, um arquivista aposentado de 70 anos, interpretado por Rémy Girard (“As Invasões Bárbaras”), que vive em uma casa de repouso. A história se desenrola quando um grupo de manifestantes exige a remoção de uma instalação artística do local, considerada insultuosa para as Primeiras Nações (tribos indígenas). Enquanto lida com essa turbulência, Jean-Michel observa os debates e conflitos que surgem dentro da casa de repouso, representando um microcosmo das tensões maiores na sociedade contemporânea.

Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro por “As Invasões Bárbaras” (2003) Arcand volta a para ironizar a sociedade de forma contundente, abordando novos males da modernidade, como a correção política, a troca da literatura por videogames e como novos conceitos geram tensão geracional.

 

LO QUE QUEDA EN EL CAMINO

 

O documentário coproduzido entre México, Brasil e Alemanha acompanha a jornada épica de Lilian, uma mãe solo, que junto com seus quatro filhos migra em busca de uma vida melhor. Ao deixarem a Guatemala, eles se unem a uma caravana de milhares de migrantes, determinados a percorrer mais de 4 mil quilômetros até a fronteira entre o México e os EUA. Apesar de todos os perigos do caminho, ela segue com a esperança de tentar um novo futuro para sua família. Foi premiado em festivais da Alemanha e do México.