Pedro Scooby e surfistas encontram jacarés e facções em missões de resgate no RS

Surfistas estão resgatando famílias e animais das áreas mais afetadas pela enchente, nas ilhas do Guaíba e na cidade submersa de Eldorado do Sul

Pedro Scooby, Lucas Chumbo, Iankel Noronha e vários outros surfistas estão trabalhando sem parar no resgate de pessoas e animais nas áreas inundadas do Rio Grande do Sul. Eles viajaram 20 horas para chegar à região metropolitana de Porto Alegre, que serve de base para as missões, e estão usando seus próprios equipamentos, incluindo jet skis, para realizar resgates na região das ilhas do Guaíba e Eldorado do Sul, cidade que está completamente debaixo d’água.

Jacarés nas ruas

Vários registros das ações foram postadas nas redes sociais, mas a intensidade dos esforços não permite um acompanhamento constante. Além dos salvamentos de pessoas, incluindo muitas crianças de uma escola isolada, eles resgataram cachorros que donos se recusavam a abandonar, e também cavalos que estavam perdidos na inundação. Entretanto, avistaram jacarés nadando nas ruas de Eldorado, o que torna o trabalho ainda mais perigoso.

“Cheio de jacaré em Eldorado, como se não bastasse. Avisem todos que tiveram contato nas casas. Todos! Precisa evacuar a cidade”, escreveu Gretha, esposo de Quinho, um dos voluntários, ao lado de fotos de jacarés.

Facções impedindo resgates

O sergipano Will Santana, que faz parte da equipe, ainda relatou a atuação de criminosos impedindo os trabalhos de resgates. “Hoje tivemos uma reunião com a polícia. Ontem eu vi algumas coisas. Tem facção lá dentro (região onde os resgates acontecem) que estão impedindo as famílias de saírem. Eu coloquei pessoas no barco e, na hora de sair, fizeram todo mundo voltar com medo”, ele contou num vídeo nas redes sociais.

Santana apontou ainda esta terça-feira é um dia essencial para que os resgates aconteçam, em função da previsão de retorno da chuva ao longo da semana. “Vamos com uma missão de tentar resolver esse problema. Depois, o tempo vai ficar perigoso. Então todos precisam sair de suas casas”, alertou o surfista.

Ao todo, são 15 surfistas especialistas em ondas grandes que vieram ao Rio Grande do Sul por iniciativa de Pedro Scooby. Mas mesmo com experiência em enfrentar situações extremas em ondas gigantes, é a primeira vez que participam de uma situação de resgate em massa.

Equipe também têm campeã feminina

Não são apenas homens que se voluntariaram para a missão. A surfista carioca Michelle des Bouillons, uma das integrantes da equipe, disse que não pensou duas vezes antes de decidir viajar para ajudar. “Quando nos ligaram, a gente sabia que precisávamos fazer essa missão. Não sabíamos o que esperar pela frente, mas nos sentimos totalmente capacitados para ajudar. É uma situação muito triste. Estamos acostumados com sangue frio por causa do surf, com outras situações de resgate. Então sinto que já estamos um pouco blindados para cenas piores. A gente entendeu que tínhamos que estar aqui e não pensamos duas vezes em vir ajudar”, contou a surfista ao jornal Correio do Povo.

Por questão de segurança, o grupo atua em pontos indicados por equipes da Defesa Civil e acompanhados de policiais civis. “O jet ski é utilizado para chegar em pontos onde as embarcações maiores não conseguem chegar, como as ruas mais estreitas, entre as casas ou até mesmo varandas. Então fazemos esse transporte da vítima até a embarcação maior, que traz um número maior para a orla”, completou Michelle.