“Fundação” perde showrunner em meio a briga por orçamento

David S. Goyer abandona comando da produção, considerada a mais cara da Apple TV+, mas continuará como roteirista da 3ª temporada

Divulgação/Apple TV+

As estruturas da “Fundação” foram abaladas. O co-criador da série de ficção científica da Apple TV+, David S. Goyer, está deixando o cargo de showrunner e não participará da parte final da produção da 3ª temporada. Apesar disso, Goyer, que é conhecido por seu trabalho em “Blade” e “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, ainda estará envolvido criativamente com o programa, contribuindo com roteiros.

Com a mudança, o produtor executivo Bill Bost estará se mudando para Praga, onde a série é filmada, para supervisionar a produção dos episódios restantes. Bost supervisionou o lançamento de “Fundação” como presidente da Skydance Television e antes disso o desenvolvimento da série como vice-presidente sênior de televisão. Ele permaneceu como produtor executivo do programa depois de deixar o cargo de presidente de TV em novembro de 2022, seguindo para um contrato de produção com o estúdio.

A série havia entrado em hiato de produção devido às greves de Hollywood e espera-se que retome as gravações em 6 de março. Cerca de metade da temporada chegou a ser gravada antes da pausa.

Conflitos sobre o orçamento

Fontes do site The Hollywood Reporter afirmam que Goyer e os executivos da produtora Skydance entraram em conflito sobre o orçamento da temporada. Os orçamentos de TV estão sob escrutínio em toda a indústria, à medida que os serviços de streaming ajustam seus catálogos com o objetivo de aumentar a rentabilidade.

“Fundação” é considerada a série mais cara da Apple TV+. Especula-se que cada episódio custa em torno de US$ 15 milhões (aproximadamente R$ 80 milhões). No entanto, a Apple não confirma oficialmente nenhum número.

Detalhes da série

Repleta de efeitos visuais, a série apresenta uma guerra nas estrelas entre o Império Galáctico e a Fundação do título. A trama é baseada nos livros “Fundação” (1951), “Fundação e Império” (1952) e “Segunda Fundação” (1953), considerada a mais importante trilogia literária da sci-fi. Inspirados pela queda do Império Romano, têm como pano de fundo um futuro em que a Via Láctea está sob o controle do Império Galáctico.

Na trama, o matemático Hari Seldon desenvolve uma fórmula que prevê que os dias do Império estão contatos. Ele descobre que a atual forma de governo vai entrar em colapso e mergulhar a humanidade numa era de trevas, na qual todo o conhecimento será perdido e o homem voltará à barbárie. A descoberta o transforma em inimigo do Império e também origina um grupo conhecido como A Fundação, criado para preservar o conhecimento humano do inevitável apocalipse.

A adaptação foi desenvolvida pelos roteiristas David S. Goyer e Josh Friedman (de “Avatar: O Caminho da Água”), e destaca Jared Harris (“Chernobyl”) como Hari Seldon, Lee Pace (“Capitã Marvel”) como o imperador Brother Day e Lou Llobell (“Voyagers”) no papel da pioneira da Fundação Gaal Dornick – além de Terrence Mann (“Sense8”), Alfred Enoch (“How to Get Away with Murder”), Leah Harvey (minissérie “Les Misérables”), Laura Birn (“Caçada Mortal”), Mido Hamada (“Counterpart”), Geoffrey Cantor (“Demolidor”) e Daniel MacPherson (“Strike Back”).

A trilogia literária teve impacto tão grande que os fãs dos livros fizeram campanha para Asimov continuar a história, o que ele fez nos anos 1980 com “Limites da Fundação” (1982) e “Fundação e Terra” (1986), além de ter acrescentado dois prólogos à trama, “Prelúdio para Fundação” (1988) e o póstumo “Origens da Fundação” (1993). Ele também interligou vários outros trabalhos à saga, criando um universo estendido que chegou a cobrir mil anos de História ficcional.

Não por acaso, este vasto material já tinha sido considerado ideal para uma série anteriormente. A HBO tentou fazer uma adaptação em 2015 com o co-criador de “Westworld” Jonathan Nolan. Mas o orçamento fez o canal desistir da tentativa. Aparentemente, o custo vale a pena para a Apple – mas, como se vê, apenas até certo ponto.