“Asteroid City” é principal estreia da semana nos cinemas

Interrompendo o fluxo de blockbusters semanais, o principal lançamento desta quinta (10/8) nos cinemas é um filme “de arte”: a nova obra de Wes Anderson, “Asteroid City”. Ao todo, o circuito recebe […]

Divulgação/Universal Pictures

Interrompendo o fluxo de blockbusters semanais, o principal lançamento desta quinta (10/8) nos cinemas é um filme “de arte”: a nova obra de Wes Anderson, “Asteroid City”. Ao todo, o circuito recebe nove filmes novos, todos com distribuição muito abaixo da média dos grandes títulos das últimas semanas. Além de “Asteroid City”, as estreias de maior alcance incluem a cinebiografia musical “A Era de Ouro” e a animação russa “Gatos no Museu”. Confira abaixo todas as novidades.

 

ASTEROID CITY

 

O mais recente filme de Wes Anderson transporta o público para uma cidade desértica fictícia da década de 1950, palco de uma competição astronômica. O enredo metalinguístico se desenrola como uma peça teatral dentro de um programa de televisão, com Bryan Cranston (“Breaking Bad”) no papel do apresentador. O elenco estelar também inclui Jason Schwartzman (“A Crônica Francesa”), Scarlett Johansson (“Vingadores: Ultimato”), Edward Norton (“O Incrível Hulk”), Adrien Brody (“O Pianista”), Tilda Swinton (“Era Uma Vez um Gênio”), Jeffrey Wright (“Westworld”), Tom Hanks (“Elvis”), Willem Dafoe (“O Farol”), Jeff Goldblum (“Jurassic Park”), Margot Robbie (“Barbie”), Steve Carell (“The Office”), Maya Hawke (“Stranger Things”) e os cantores Seu Jorge (“Marighella”) e Jarvis Cocker (“Harry Potter e o Cálice de Fogo”).

A narrativa é tecida em torno de personagens peculiares, como Woodrow Steenbeck (Jake Ryan), um jovem astrônomo cujo pai, Augie (Jason Schwartzman), guarda as cinzas de sua esposa em um recipiente Tupperware. Augie, um fotógrafo de guerra, se sente atraído por Midge Campbell (Scarlett Johansson), uma atriz glamourosa cuja filha, Dinah (Grace Edwards), tem uma conexão especial com Woodrow. A chegada de um visitante extraterrestre desencadeia um bloqueio militar na cidade, adicionando um elemento de tensão à trama.

No fundo, “Asteroid City” é uma celebração do estilo único do diretor de “A Crônica Francesa”, “O Grande Hotel Budapeste” e “A Vida Marinha com Steve Zissou”, combinando humor irônico com elementos trágicos. Cheia dos maneirismos característicos de Anderson, como o uso de cores pastéis, imagens centralizadas e um verdadeiro desfile de atores famosos, a obra é uma reflexão sobre os métodos do diretor, seus desejos artísticos e sua visão sobre o cinema.

 

A ERA DE OURO

 

O drama biográfico narra a vida de Neil Bogart, o empresário visionário que criou a gravadora independente mais bem-sucedida de todos os tempos, antes de morrer de forma precoce em 1982, com apenas 39 anos. Escrito, dirigido e produzido por Timothy Scott Bogart, filho do biografado, o filme é uma homenagem de filho para pai – e por isso é uma história de sexo, drogas e rock and roll que, em grande parte, ignora todos os três. A trama se concentra na fundação da Casablanca Record, que, apesar de estar frequentemente à beira do colapso, encontrou sucesso na década de 1970 com artistas como Kiss, Donna Summer, Parliament e Village People.

A história é contada pela perspectiva do empresário, interpretado por Jeremy Jordan (“Supergirl”), que narra sua própria vida, reconhecendo que as pessoas se lembram mais dos artistas do que do homem por trás das cenas. E o filme seria mesmo muito melhor se desse maior atenção aos artistas, apesar da relação de Bogart com Donna Summer receber destaque, com uma cena particularmente memorável retratando a gravação de “Love to Love You Baby”. O elenco é repleto de cantores reais: Ledisi como Gladys Knight, Jason Derulo como Ronald Isley, dos Isley Brothers, o rapper Wiz Khalifa como George Clinton, Tayla Parx como Donna Summer e o cantor da Broadway Casey Likes como Gene Simmons, do Kiss, entre outros.

 

RHEINGOLD – O ROUBO DO SUCESSO

 

Mais uma biografia musical, mas esta aborda uma variedade de temas, desde campos de refugiados, prisões sírias e o submundo do crime. A trama é inspirada nas memórias do rapper, produtor musical e ex-presidiário Giwar Hajabia, mais conhecido como Xatar. A história é uma representação da vida de Xatar, um filho de refugiados curdos que se envolveu em uma série de atividades criminosas antes de se tornar um rapper de sucesso.

Com direção de Fatih Akin (“Soul Kitchen”), um diretor alemão de origem turca conhecido por abrir um novo caminho multicultural na cinematografia alemã no início deste século, a narrativa é repleta de energia e intensidade, começando com a prisão e tortura de Xatar na Síria em 2010. O filme então retrocede para a infância de Xatar, mostrando sua família durante a revolução iraniana de 1979 e sua subsequente fuga para a Europa. A história continua a acompanhar o jovem enquanto ele se envolve em pequenos crimes, tráfico de drogas e, eventualmente, um notório roubo de ouro. A produção é estrelada pelo ator Emilio Sakraya (“Warrior Nun”), cuja atuação é sempre descrita como magnética.

 

URSINHO POOH – SANGUE E MEL

 

O terror de baixo orçamento, que transforma os personagens amados de A.A. Milne em assassinos sanguinários, foi produzida após a expiração dos direitos autorais do Ursinho Pooh em 2022, permitindo que qualquer pessoa pudesse usá-lo num filme sem medo de ação legal. Com um orçamento de apenas US$ 100 mil, o estreante Rhys Frake-Waterfield aproveitou o atrativo da franquia famosa para chacinar memórias infantis sem dó.

Após serem abandonados por Christopher Robin, que foi para a faculdade, Pooh e Leitão se tornam selvagens e são forçados a matar e comer o burrinho Ió para sobreviver. A partir daí, a dupla jura vingança contra a humanidade. Detalhe: os personagens parecem literalmente atores iniciantes usando máscaras de borracha.

Apesar de sua premissa trash, a trama não é uma comédia. Em vez disso, é uma representação violenta e perturbadora dos personagens de Milne, com a maior parte da violência sendo direcionada a mulheres. Tudo é de baixa qualidade, do design de produção de liquidação à direção incoerente.

 

| DESTINO DAS SOMBRAS |

 

Realizado há cinco anos, o terror capixaba só agora encontra espaço no circuito comercial cinematográfico. O filme do estreante Klaus’Berg também tem orçamento irrisório. A trama, que explora o tema do desaparecimento de crianças, se desenrola quando dois amigos decidem passar um fim de semana em um sítio rural em Colatina para fugir de problemas familiares. Recém-separado, Marcos leva também sua pequena filha. No entanto, eles logo descobrem que o local possui um passado tenebroso. Enfrentando ameaças reais e questionando relatos sobrenaturais contados pelos moradores locais, os amigos acabam presos em uma história em que passado e presente se entrelaçam, revelando um destino sombrio.

O elenco inclui Raphael Teixeira (“De Perto Ela Não é Normal”), Othoniel Cibien (“Os Incontestáveis”), Suely Bispo (“Velho Chico”), Thelma Lopes (“O Cemitério das Almas Perdidas”) e Markus Konká (“Mata Negra”).

 

O ESPAÇO INFINITO

 

O drama brasileiro foca em Nina, interpretada por Gabrielle Lopes (“Como Nossos Pais”), uma astrofísica que, após um surto psicótico, é internada em uma clínica de reabilitação. A partir desse ponto, a narrativa acompanha a jornada de Nina em seu próprio subconsciente, em busca de um caminho de volta à realidade compartilhada. A trama aborda temas como o tratamento de transtornos psicóticos, autoconhecimento, manifestação do inconsciente, simbolismos e amor, tudo isso através da experiência vivenciada pela protagonista.

A história se desenrola com Nina em um processo de autodescoberta, enquanto interage com outros pacientes da clínica e recebe visitas ocasionais de sua mãe, seu marido e seu filho. O primeiro longa de Leo Bello apresenta um olhar intimista sobre os diagnósticos e processos de cura de transtornos psiquiátricos, mas .

 

UMA NOITE EM HAIFA

 

O mais recente filme do diretor israelense Amos Gitai (“Ana Arabia”) é o retrato de uma noite no Fattoush, um popular bar e galeria de arte em Haifa, Israel. O filme é ambientado inteiramente dentro do bar, onde uma série de personagens de diferentes origens e condições sociais se encontram e interagem ao longo da noite. A trama se desenrola através de uma série de diálogos e interações entre os personagens, que incluem Laila (Maria Zreik), a diretora palestina da galeria, Gil (Tsahi Halevi), um talentoso fotógrafo israelense, e Kamal (Makram J. Khoury), o marido cético de Laila. Através dessas interações, Gitai tenta explorar o conflito israelo-palestino, a arte e a vida pessoal dos personagens. No entanto, a narrativa gira em torno de si mesma, sem atingir um clímax convincente ou se resolver em um final sólido e eficaz.

A seu favor, Gitai tenta mostrar uma realidade diferente daquela frequentemente retratada na mídia, onde árabes e israelenses estão constantemente em conflito. O filme é notável por sua representação de um ambiente multicultural onde árabes e israelenses, heterossexuais e gays, radicais e moderados convivem.

 

GATOS NO MUSEU

 

A animação russa acompanha um gato de rua e seu amigo ratinho que vão parar no Museu do Louvre, em Paris, e além de enfrentar os gatos guardiões do local ainda precisam sobreviver ao fantasma do museu. O diretor é o experiente Vasiliy Rovenskiy, que assina sua sexta animação após “Animais em Apuros” (2018), “Um Panda em Apuros” (2019), “O Reino do Golfinhos” (2020), “Pinocchio – O Menino de Madeira” (2021) e “Big Trip 2” (2022). Filmando um desenho por ano, o cineasta passa longe do nível de exigência hollywoodiano. A produção é barata, com visual CGI ultrapassado.

 

TERRA QUE MARCA

 

Documentário português sobre trabalho rural. Exibido no Festival de Berlim, o filme tem direção de Raul Domingues (“Flor Azul”).