Documentário da Netflix com Cleópatra negra gera polêmica no Egito e nas redes sociais

Um documentário em desenvolvimento na Netflix, “Queen Cleopatra”, com a britânica Adele James no papel principal, tem gerado polêmica nas redes sociais e também no Egito, onde Cleópatra reinou. A discussão sobre […]

Divulgação/Netflix

Um documentário em desenvolvimento na Netflix, “Queen Cleopatra”, com a britânica Adele James no papel principal, tem gerado polêmica nas redes sociais e também no Egito, onde Cleópatra reinou. A discussão sobre as origens da figura histórica, apresentada como negra no documentário, estimulou comentários racistas. A atriz se manifestou no Twitter contra os ataques, dizendo: “se você não gosta do elenco, não assista”.

Os debates sobre como Cleópatra é representada na tela não são recentes e isso ocorre pelas dúvidas em relação às origens da monarca. Como o tema é polêmico, as discussões logo partiram para comentários racistas. Por conta disso, a Netflix optou por fechar os comentários do trailer no YouTube. Já Adele James foi ao Twitter dizer que comportamentos racistas não seriam tolerados.

“Para sua informação, esse tipo de comportamento não será tolerado em minha conta. Você será bloqueado sem hesitação!!! Se você não gosta do elenco, não assista. Ou assista e aprenda com opiniões (especializadas) diferentes da sua. De qualquer maneira, estou com gás e continuarei assim!”, declarou a atriz.

Com relação a escolha racial, o site promocional da Netflix citou Jada Pinkett Smith, produtora executiva, fazendo referência às origens de Cleópatra. “Não costumamos ver ou ouvir histórias sobre rainhas negras, e isso foi muito importante para mim, assim como para minha filha e para minha comunidade poder conhecer essas histórias porque existem muitas!”, observou ela.

Só que a discussão foi parar na justiça egípcia. Isso porque um advogado teria apresentado uma queixa exigindo que medidas legais fossem tomadas para bloquear a Netflix no Egito e para impedir que o programa fosse ao ar. A denúncia alega que o documentário viola as leis de mídia do país.

É que acadêmicos egípcios afirmam que Cleópatra nasceu em Alexandria em 69 a.C. e pertencia a uma dinastia de origem macedônica (grega), os Ptolomeus, além de ser descendente de europeus, o que explicaria porque costuma ser retratada com a pele clara. No entanto, por mais que se saiba que o pai de Cleópatra era de origem greco-macedônica, a etnia da mãe da rainha não é conhecida e poderia incluir uma herança miscigenada. Ainda assim, a tradição da dinastia era privilegiar suas origens gregas, tanto que a capital do reino se chamava Alexandria, em homenagem a Alexandre, o Grande. Ela teve um filho com Júlio César, que foi assassinado por ordem do primeiro imperador de Roma, Otaviano.

O documentário integra o programa “Rainhas Africanas”, de Jada Pinkett Smith, e estreia no dia 10 de maio. Confira o trailer da produção da Netflix abaixo.