Festival de Veneza começa com Netflix e clima de Oscar

O Festival de Veneza começa nesta quarta (31/9) sua 79ª edição com a ambição de equilibrar obras de streaming e do circuito de arte, numa iniciativa bem definida que tem consolidado o […]

Instagram/La Biennale di Venezia

O Festival de Veneza começa nesta quarta (31/9) sua 79ª edição com a ambição de equilibrar obras de streaming e do circuito de arte, numa iniciativa bem definida que tem consolidado o evento como o início para valer da temporada de premiações que culmina no Oscar.

Nos últimos anos, vários filmes introduzidos nas sessões do Palazzo del Cinema acabaram ganhando tração junto à crítica e conquistando troféus da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA. E a programação de 2022 é uma das mais impressionantes do festival, com muitos diretores consagrados na disputa do Leão de Ouro.

Por sua política de boa vizinhança com a Netflix, Veneza reuniu mais projetos hollywoodianos que o Festival de Cannes, que recusa produções de streaming. A diferença na seleção entre os dois festivais mais prestigiosos do mundo reforça que Cannes está sendo ultrapassado por Veneza como opção de lançamento mundial de grandes títulos e base de projeção para o Oscar.

A competição abre oficialmente nesta quarta com a exibição de “Ruído Branco”, novo filme de Noah Baumbach estrelado por Adam Driver e Greta Gerwig, que assim se torna a primeira produção da Netflix a abrir um festival de primeira linha internacional.

Baseado no romance homônimo de Don DeLillo (“Cosmópolis”), a produção americana é uma comédia absurda, horripilante, lírica e apocalíptica, que acompanha as tentativas de uma família americana dos anos 1980 para lidar com os pavores da vida cotidiana e a possibilidade de felicidade num mundo incerto. O clima é de desesperança, mas embora a família central esteja em fuga de um nuvem tóxica, o pânico que norteia a trama se deve a uma condição psicológica: um medo exagerado da morte, que acompanha cada passo do protagonista.

Adam Driver vive o personagem principal, fazendo sua segunda parceria com Baumbach, após ser indicado ao Oscar por seu desempenho em “História de um Casamento” (2019). Na trama, ele é casado com Greta Gerwig, mulher do diretor do filme, que não atuava numa produção live-action desde “Mulheres do Século 20” (2016) – basicamente, desde que decolou como cineasta com “Lady Bird: A Hora de Voar” (2017). E a produção ainda inclui Don Cheadle (“Vingadores: Ultimato”), Raffey Cassidy (“Tomorrowland”), Jodie Turner-Smith (“Sem Remorso”), Alessandro Nivola (“Os Muitos Santos de Newark”) e seus filhos Sam e May Nivola, entre outros.

Na competição pelo Leão de Ouro também está outra produção da Netflix: “Blonde”, de Andrew Dominik, que conta com Ana de Armas no papel de Marilyn Monroe.

A lista de novos projetos de grandes cineastas que serão lançados no festival ainda inclui “Bones and All”, de Luca Guadagnino, “The Whale”, de Darren Aronofsky, “Bardo”, de Alejandro González Iñárritu, “The Son”, de Florian Zeller, “Tár”, de Todd Field, “The Eternal Daughter”, de Joanna Hogg, e “The Banshees of Inisherin”, de Martin McDonagh.

Embora a maioria desses diretores não seja americana, todos trabalham em Hollywood e participam das premiações de cinema dos EUA. O mexicano Iñárritu, por sinal, tem até dois Oscars de Melhor Filme no currículo – “Birdman” (2016) e “O Regresso” (2016).

A competição traz igualmente novos lançamentos dos italianos Emanuele Crialese, Gianni Amelio, Susanna Nicchiarelli e Andrea Pallaoro, dos franceses Roschdy Zem, Romain Gavras, Alice Diop e Rebecca Zlotowski, do japonês Koji Fukada, do argentino Santiago Mitre e dos iranianos Vahid Jalilvand e Jafar Panahi – o último está atualmente preso em seu país.

O organizador Alberto Barbera, que se aproveita da presença da obra de Panahi para angariar simpatia política, prefere dizer que o evento é apolítico ao defender a exibição do último filme do sul-coreano Kim Ki-duk, morto em 2020 por covid-19, em meio a denúncias de abuso de atrizes em seus filmes. “Call of God” será apresentado fora de competição.

Além dele, outros filmes americanos muito esperados farão suas estreias mundiais fora da competição no festival, como “Não Se Preocupe, Querida”, de Olivia Wilde, “Pearl”, de Ti West, e “Master Gardener”, de Paul Schrader.

Na principal mostra paralela ainda destaca “A Noiva”, do diretor brasileiro Sérgio Tréfaut, que participa da competição da seção Horizontes. “A Noiva”, que realiza sua estreia mundial em Veneza no dia 9 de setembro, é uma ficção inspirada em histórias reais de meninas europeias que se casaram com jihadistas do Estado Islâmico, e foi filmada no Curdistão iraquiano.

Não bastasse a programação cinematográfica, neste ano também serão apresentadas séries. Dois cineastas consagrados, Lars Von Trier e Nicolas Winding Refn, apresentarão seus novos projetos neste formato: “The Kingdom Exodus” e “Copenhagen Cowboy”, respectivamente.

A exibição das dezenas de títulos programados nas mostras principais e paralelas também vai reunir uma constelação de estrelas no tapete vermelho. São esperadas as presenças de Harry Styles, Adam Driver, Timothée Chalamet, Hugh Jackman, Cate Blanchett, Tilda Swinton, Sadie Sink, Greta Gerwig, Ana de Armas, Penelope Cruz, Colin Farrell, (talvez) Florence Pugh e a veterana Catherine Deneuve, que será homenageada com um Leão de Ouro Honorário pela carreira.

O Festival de Veneza 2022 vai acontecer até o dia 10 de setembro. Confira abaixo uma lista com alguns dos títulos da programação principal.

Mostra Competitiva

“Ruído Branco”, de Noah Baumbach
“Il Signore delle Formiche”, de Gianni Amelio
“The Whale”, de Darren Aronofsky
“L’Immensita”, de Emanuele Crialese
“Saint Omer”, de Alice Diop
“Blonde”, de Andrew Dominik
“Tár”, de Todd Field
“Love Life”, de Koji Fukada
“Bardo”, de Alejandro González Iñárritu
“Athena”, de Romain Gavras
“Bones and All”, de Luca Guadagnino
“The Eternal Daughter”, de Joanna Hogg
“Beyond the Wall”, de Vahid Jalilvand
“The Banshees of Inisherin”, de Martin McDonagh
“Argentina, 1985″, de Santiago Mitre
“Chiara”, de Susanna Nicchiarelli
“Monica”, de Andrea Pallaoro
“No Bears”, de Jafar Panahi
“All the Beauty and the Bloodshed”, de Laura Poitras
“A Couple”, de Frederick Wiseman
“The Son”, de Florian Zeller
“Our Ties”, de Roschdy Zem
“Other People’s Children”, de Rebecca Zlotowski

Fora da Competição

Closing Film: “The Hanging Sun”, de Francesco Carrozzini
“When the Waves Are Gone”, de Lav Diaz
“Living”, de Oliver Hermanus
“Dead for a Dollar”, de Walter Hill
“Call of God”, de Kim Ki-duk
“Dreamin’ Wild”, de Bill Pohlad
“Master Gardener”, de Paul Schrader
“Siccita”, de Paolo Virzi
“Pearl”, de Ti West
“Não Se Preocupe, Querida”, de Olivia Wilde

Fora da Competição (Não Ficção)

“Freedom on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom”, de Evgeny Afineevsky
“The Matchmaker”, de Benedetta Argentieri
“Gli Ultima Giorni Dell’Umanita”, de Enrico Ghezzi, Alessandro Gagliardo
“A Compassionate Spy”, de Steve James
“Music for Black Pigeons”, de Jorgen Leth and Andreas Koefoed
“The Kiev Trial”, de Sergei Loznitsa
“In Viaggio”, de Gianfranco Rosi
“Bobby White Ghetto President”, de Christopher Sharp and Moses Bwayo
“Nuclear”, de Oliver Stone

Fora da Competição (Séries)

“The Kingdom Exodus”, de Lars von Trier
“Copenhagen Cowboy”, de Nicolas Winding Refn