Diretora de “Segunda Chamada” fará filme sobre estupro que sofreu na vida real

A diretora Joana Jabace, que comanda a série “Segunda Chamada”, da Globo, vai transformar em filme um estupro que ela sofreu em 2014. A história foi contada no livro “Vista Chinesa”, escrito […]

Divulgação/Globo

A diretora Joana Jabace, que comanda a série “Segunda Chamada”, da Globo, vai transformar em filme um estupro que ela sofreu em 2014.

A história foi contada no livro “Vista Chinesa”, escrito por sua amiga Tatiana Salem Levy, e agora ganhará as telas sob sua própria direção.

Jabace, que é casada com o ator Bruno Mazzeo, com quem ela tem dois filhos gêmeos, foi violentada em 2014, enquanto se exercitava em um trajeto que liga o Horto à Vista Chinesa, no Rio de Janeiro. No final do Muro do Alívio (que tem esse nome por ser quando a estrada deixa de ser tão íngreme), um homem a abordou com uma arma e a levou para o interior da floresta, onde aconteceu a violência sexual.

Em entrevista ao jornal O Globo, ela explicou que filmar sua experiência traumática faz parte de “um movimento de libertação” e “uma mensagem que mando para mim mesma de que a vida vence”.

Segundo a diretora, quando o livro “Vista Chinesa” foi publicado, ela recebeu diversas mensagens de pessoas destacando sua coragem por falar sobre o assunto. No entanto, passou a se questionar sobre o porquê de ser “corajosa” por denunciar a violência sofrida, e afirma que “enquanto a gente não falar sobre esse assunto, ele continuará subterrâneo”.

“Quando o trauma é só um fantasma solitário, ele tem um determinado tamanho. Ao transformar esse fantasma em algo concreto, essa atitude, de alguma maneira, traz força. Sofri esse trauma e vou transformá-lo em arte. Por mais difícil que seja, estou vencendo, é uma pulsão de vida. Vivo despedaçada, mas vivo. Essa é também uma história de violência ancestral contra a mulher”, acrescentou.

Ela acrescentou que se trata também de “uma questão de sororidade”. “Recebi inúmeras mensagens de mulheres que passaram pelo mesmo. Quero mostrar que dá para seguir adiante”, explicou, ressaltando que dirigir o filme autobiográfico “será mais um movimento de libertação” ao pegar sua “maior força”, que é o trabalho, e colocar em seu “maior trauma”, que foi o estupro.

“Quero fazer um filme que tenha a ver com isso, que transmita a mensagem de que a vida vence. Não sou a Joana de antes, mas estou aqui”, concluiu.

Além de comandar “Segunda Chamada”, Joana Jabece também concebeu com o marido a série “Diário de um Confinado”. Filmada em sua própria casa, a atração está concorrendo ao Emmy Internacional 2021, que vai revelar os vencedores em 22 de novembro, durante cerimônia de premiação em Nova York.