Ancine suspende andamento de projetos do produtor de A Vida Invisível

A Ancine (Agência Nacional do Cinema) suspendeu, cautelarmente, o andamento de todos os projetos do produtor Rodrigo Teixeira e de sua empresa RT Features na agência. A medida foi tomada após o […]

Divulgação/Sinny

A Ancine (Agência Nacional do Cinema) suspendeu, cautelarmente, o andamento de todos os projetos do produtor Rodrigo Teixeira e de sua empresa RT Features na agência.

A medida foi tomada após o órgão ser intimado pela Justiça de SP em ação movida por Carlos Mansur Filho, um dos investidores que trava batalha judicial com o produtor. Responsável por filmes como o americano “Me Chame ​pelo Seu Nome” e o brasileiro “A Vida Invisível”, Teixeira está sendo processado em São Paulo e Los Angeles.

“Estamos seguros de que essa suspensão será oportunamente revista”, disse a produtora RT Features, em nota à coluna de Monica Bergamo no jornal Folha de S. Paulo.

Leia a íntegra da nota abaixo.

“A RT Features sempre teve um bom relacionamento com a Ancine. Essa suspensão, cautelar, cumpre uma determinação da Justiça de São Paulo, conforme a própria coluna apurou. Importante esclarecer que essa decisão judicial está relacionada a um processo que envolve apenas um investidor da RT, e não ‘investidores’. Suspensões como essa são comuns e podem ocorrer pelos mais diversos motivos, como uma disputa trabalhista, por exemplo. Estamos seguros de que essa suspensão será oportunamente revista. A RT tem atualmente apenas seis projetos em desenvolvimento que contariam com recursos da Ancine, além de outros 23 que contam com outras fontes de financiamento.”

A confusão judicial vem à tona uma semana após uma reportagem veiculada pelo site The Hollywood Reporter, que revelou detalhes da crise da RT Features com seus investidores, entre eles Luiz Mussnich, um proeminente financista de São Paulo e patrono das artes, e seu cunhado, Carlos Gros, filho do ex-presidente do Banco Central do Brasil Francisco Gros. Mas há outros.

A disputa não é trabalhista. Teixeira é acusado por fraude, falta de transparência e de realizar um esquema de pirâmide. A denúncia apurada pelo THR cita um investimento total no valor de US$ 16 milhões.

Os filmes da RT Features teriam recebido apoio de 10 investidores-chave, segundo contou Mussnich ao THR. Ele próprio colocou US$ 350 mil de seu próprio dinheiro na produtora, mas seu cunhado estaria muito mais envolvido, emitindo US$ 2,8 milhões em cheques para Teixeira.

Gros chegou a protocola uma denúncia em São Paulo, apontando um investimento de US$ 200 mil no filme “24 Frames”, de 2017, do diretor iraniano Abbas Kiarostami. Mais tarde, ele teria descoberto que esse dinheiro nunca foi recebido pelo produtor francês do filme, Charles Gillibert, da CG Cinema, nem Teixeira se envolveu de forma alguma na produção do longa.

Apesar da queixa, Gros foi reembolsado por esse empréstimo. Já em outro acordo extrajudicial com investidor diferente, Carlos Mansur Filho, que o nome indica é filho do executivo bancário Carlos Mansur, o cheque de Teixeira foi devolvido, levando à ação atual contra Teixeira, que paralisou seus projetos na Ancine.

A RT Features, que começou sua escalada hollywoodiana com o filme indie em preto e branco e de baixíssimo orçamento “Frances Ha”, em 2012, recentemente produziu a sci-fi “Ad Astra”, repleta de efeitos e estrelada por Brad Pitt. Num crescimento rápido e vertiginoso, a empresa está, como diz o comunicado, cheia de projetos em desenvolvimento.

Teixeira também é produtor da série americana “Betty”, renovada para 2ª temporada na HBO, e está atualmente ligado a pelo menos três filmes em pré-produção, um que se encontra em filmagens e mais três em fase de pós-produção. Isto, porém, não é nem perto do total de 29 projetos citados pela nota da RT Features.