Filme de ação Feito na América com Tom Cruise é a maior estreia da semana

O fim do verão norte-americano assinala uma pausa nos filmes-evento, criando um paradoxo curioso: os dois lançamentos mais amplos desta quinta (14/9) são produções hollywoodianas inéditas nos próprios Estados Unidos. A lista […]

O fim do verão norte-americano assinala uma pausa nos filmes-evento, criando um paradoxo curioso: os dois lançamentos mais amplos desta quinta (14/9) são produções hollywoodianas inéditas nos próprios Estados Unidos. A lista de estreias ainda inclui três filmes brasileiros.

O ator Tom Cruise volta a ocupar a maior parte das telas, depois do fracasso de “A Múmia”, tentando levantar voo com “Feito na América”. Ao contrário do anterior, rejeitado pela crítica com 16% de aprovação no Rotten Tomatoes, o novo tem 88% de resenhas positivas.

Equilibrando ação e humor, “Feito na América” conta a história verídica de Barry Seal, um piloto de avião que transportava ao mesmo tempo armas para a CIA e drogas para Pablo Escobar. Interpretado por Cruise com um sorriso arteiro e a arrogância de um ás indomável, o personagem esbanja carisma. E também marca a segunda parceria do ator com o diretor Doug Liman, após o bem-sucedido “No Limite do Amanhã” (2014). Um detalhe da produção é que a fotografia é de César Charlone (“Cidade de Deus”). Com distribuição em 547 salas, o filme chega ao Brasil duas semanas antes de seu lançamento nos Estados Unidos.

Por outro lado, o terror “Amityville – O Despertar” nem sequer tem previsão para entrar no circuito norte-americano. Provavelmente porque deve sair direto em DVD por lá. Afinal, sua trama é uma continuação que renega os diversos filmes anteriores passados no mesmo lugar mal-assombrado. Segundo a premissa, nada aconteceu em Amityville desde os anos 1970, época em que mortes sangrentas inspiraram uma lenda e originaram a franquia de terror original. Por conta disso, uma nova família acha perfeitamente seguro se mudar para a casa mal-assombrada mais famosa do mundo.

Em 1979 e 2005, foram recém-casados que se mudaram para o local. Desta vez, a trama é mais próxima do segundo longa, “Terror em Amityville” (1982), em que a assombração atacava o filho adolescente dos moradores incautos. O roteiro e a direção são do francês Franck Khalfoun, que recentemente revisitou outro terror clássico com o remake de “Maníaco” (1980).

A animação canadense “O que Será de Nozes 2” é quase um remake. Assim como na primeira animação, o habitat dos bichinhos falantes sofre um acidente e eles são forçados a buscar um novo esconderijo. E, claro, precisarão lutar para defendê-lo. No caso, enfrentarão o projeto de transformar um parque verde num parque de diversões, fazendo de tudo para impedir as obras, como visto em inúmeros curtas do Tico e Teco, da Disney, e no recente “O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida” (2012).

O circuito limitado ainda traz mais dois dramas americanos. “Em Defesa de Cristo” segue a linha de “Deus Não Está Morto”, confrontando um ateu com “verdades religiosas”. Curiosamente, a efetividade deste tipo de propaganda, baseada no best-seller de um professor evangélico, é bastante limitada, já que atrai apenas os convertidos – foi um fracasso nas bilheterias dos EUA. Já “Columbus” é uma produção indie com 97% de aprovação no Rotten Tomatoes, que teve sua première no Festival de Sundance deste ano. O título se refere à cidade de Indiana onde um sul-coreano (John Cho, de “Star Trek”) se vê encalhado, quando seu pai, um arquiteto famoso, cai doente. A trama equilibra concreto e romance, conforme o protagonista vai conhecendo a cidade modernista e se envolve com uma bela jovem (Haley Lu Richardson, de “Fragmentado”) entusiasta de arquitetura, cuja mãe também sofre com uma doença diferente – o vício.

Rara produção búlgara a chegar ao Brasil, “Glory” venceu diversos prêmios internacionais, especialmente pelo roteiro, que mostra como um ato ético pode ser corrompido por um governo inescrupuloso. Na trama, um trabalhador ferroviário encontra milhões em dinheiro espalhados sobre os trilhos e os entrega à polícia. Quando uma funcionária do Ministério dos Transportes decide usá-lo numa campanha para desviar a atenção da imprensa de um escândalo de corrupção, sua vida simples é submetida ao caos da burocracia estatal. A parábola dramática tem 91% de aprovação no Rotten Tomatoes.

Três ótimos filmes nacionais completam a programação. No revelador documentário “A Gente”, o diretor Aly Muritiba (“Para Minha Amada Morta”) filma a rotina de agentes penitenciários, uma profissão que ele exerceu antes de virar cineasta, no interior de uma penitenciária de Curitiba.

“Deserto” marca a estreia do ator Guilherme Weber (“Real, O Plano por Trás da História”) como diretor e roteirista, e acompanha a chegada de uma trupe de artistas itinerantes numa cidade fantasma, que decidem habitar, revelando suas verdadeiras personalidades fora do palco. Com elenco liderado pelo veterano Lima Duarte (“Família Vende Tudo”), o filme chama atenção pelo visual felliniano e foi premiado por isso, com o troféu de Melhor Direção de Arte no Festival de Brasília passado.

Por fim, “As Duas Irenes” possui uma carreira consagrada por participação no Festival de Berlim, prêmio de Melhor Filme de Estreia do Festival de Guadalajara e três Kikitos no recente Festival de Gramado, incluindo Melhor Ator Coadjuvante (Marco Ricca), Direção de Arte e Roteiro, escrito pelo diretor estreante Fabio Meira. Rodado em Goiás, a produção acompanha uma jovem que descobre outra filha de seu pai. Além do mesmo pai, a jovem ainda compartilha o mesmo nome que o seu. Sem se identificar, a primeira Irene se aproxima da outra. Mas a história não tem vingança ou perversidade. Em vez disso, explora a situação atípica como uma metáfora para as questões existenciais da adolescência. Com bela fotografia (da boliviana Daniela Cajías) e trama universal, merecia um lançamento em mais salas.

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