Gostando ou não gostando de “2 Coelhos” (2012), o filme de estreia de Afonso Poyart convenceu Hollywood que ele poderia dirigir uma produção americana estrelada por Anthony Hopkins (“Thor”). E o brasileiro teve mesmo que mostrar serviço, diante do roteiro problemático de “Presságios de um Crime”, que ele driblou repetindo alguns truques do filme anterior – como o uso da imagem congelada.
“Presságios de um Crime” segue um filão do suspense que vinha migrando para a TV nos últimos anos, os thrillers envolvendo assassinos seriais. A trama apresenta uma dupla de agentes do FBI, vividos por Jeffrey Dean Morgan (série “Extant”) e Abbie Cornish (“RoboCop”), que buscam a ajuda de um médium que costumava auxiliar a polícia em alguns casos especiais. O problema é que o tal médium, John Clancy (Anthony Hopkins), está passando por um momento de clausura desde que a sua filha morreu, em consequência de uma leucemia.
Mas, como o roteiro é óbvio, jamais resta dúvida de que ele irá sair da toca para prestar auxílio aos policiais, vendo na detetive vivida por Abbie Cornish uma semelhança com a filha morta. É importante dizer que em nenhum momento o filme coloca em dúvida os dons de Clancy. Eles surgem em flashes do passado e do futuro, em imagens tão rápidas quanto em videoclipes, também como uma forma de antecipar eventos e criar um suspense sobre o que pode acontecer.
A busca pelo médium é um sintoma de como o FBI está atônito diante do crescente número de vítimas do assassino serial, que usa um objeto perfurante, sem deixar pistas sobre o que motivaria e o que ligaria suas vítimas. E o filme se mantém firme enquanto caça o assassino – que também tem “superpoderes”, um dom de prever o futuro.
Os problemas, na verdade, só começam quando o personagem de Colin Farrell (“Sete Psicopatas e um Shih Tzu”) materializa-se em cena. O assassino não é bem delineado (na verdade, é apenas um rascunho) e isso se percebe logo em sua primeira aparição, assim como na pressa do filme em explicar as suas motivações. Ao menos, a conclusão ainda inclui uma boa cena-chave e incentiva alguma reflexão sobre a questão da eutanásia, de um ponto de vista mais amplo. Também contam pontos algumas reviravoltas, que, entretanto, nem sempre tem execução satisfatória. A culpa do roteiro fraco, porém, não é de Poyart.