Fraude no Jogo do Tigrinho: Polícia indicia Influenciadores que enganam seguidores

A Polícia Civil de Alagoas descobriu esquema criminoso em apostas online envolvendo influenciadores e plataformas de jogos

Divulgação/Jogo do Tigrinho

h2>Operação Game Over

A Polícia Civil de Alagoas revelou um esquema de fraude envolvendo influenciadores digitais e joguinhos, como o Jogo do Tigrinho e similares. As investigações, que resultaram na Operação Game Over, indicam que influenciadores recebiam contas manipuladas para sempre ganhar, enquanto seus seguidores utilizavam contas comuns, com menores chances de vitória. A operação, deflagrada na segunda-feira (17/6), cumpriu mandados em 12 alvos e resultou na apreensão de R$ 38 milhões em bens de famosos.

Manipulação das contas

Os influenciadores recebiam links para contas de demonstração, conhecidas como “demo”, programadas para garantir vitórias. “Essa é uma conta demo com mil moedas de ouro”, detalhou um intermediário a um dos influenciadores, conforme prints de conversas obtidos pela polícia. Para os usuários comuns, os links direcionavam para a plataforma normal, onde as perdas eram frequentes.

Em um dos áudios divulgados pela polícia, uma mulher pede para que uma influenciadora divulgue vídeos de ganhos e apareça sempre “feliz”, demonstrando que está faturando com a jogatina online. “Vai fazer, vai fazer um vídeo [ela fala o nome da influenciadora que foi suprimido pela polícia], você no flagra jogando, entendeu? […] O ideal é ter alguém que faça você jogando e lhe marque. Entendeu? ‘Oxe, eu tô faturando aqui, eu tô jogando’, entendeu? Para poder também motivar as pessoas de clicar no seu link e a jogar também. E quando for fazer os stories sobre os joguinhos, animação, bem feliz, bem animado. Tipo tô jogando e tô ganhando”, disse a intermediadora.

Engano aos seguidores

Os influenciadores sabiam que ganhariam o superprêmio na primeira aposta, o que incentivava seus seguidores a participarem. Além disso, advogados dos influenciadores reforçavam que a conta demo era proibida, mas continuavam a utilizá-la. Além disso, as conversas mostraram que os influencers ganhavam comissão para captar clientes para as plataformas. Isso, para a polícia, é uma prática criminosa.

As conversas interceptadas mostram depósitos feitos nas contas dos influenciadores logo após a publicação das promoções.

Esquema sofisticado

O esquema foi descrito pela polícia como altamente organizado, envolvendo sete fases, desde a captação de intermediários no Brasil por plataformas internacionais até a ostentação dos influenciadores com o dinheiro dos prêmios. “Estamos falando de pessoas com mais de 1 milhão de seguidores, o que resultava em lucros significativos”, explicou o delegado Lucimério Campos.

Indiciamento e nomes de influenciadores

Os investigados foram indiciados por estelionato, contravenção de jogo de azar, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Apesar da ação, os nomes dos envolvidos e das plataformas não foram divulgados, mas o G1 citou influenciadores digitais alagoanos, entre eles Mylena Verolayne e Paulinha Ferreira, que está em Dubai.

Num áudio obtido pela polícia, Verolayne explicou para um intermediador que cobrava R$ 80 mil por cinco dias de divulgação em sua conta do Instagram, apostando em uma conta de demonstração, com dinheiro e ganhos fictícios. Ela disse que usaria a conta demo porque não queria correr o risco de perder dinheiro apostando em uma conta comum para jogadores.

A Polícia ainda investiga se os influenciadores divulgaram links viciados, que estariam programados para que o jogador sempre perca seu dinheiro.