Relatório da Ancine aponta paradoxo entre quantidade de lançamentos e bilheterias do cinema nacional

Um relatório inédito da Ancine revelou um novo paradoxo do cinema nacional. Nunca se lançou tantos filmes brasileiros, que nunca deram tão pouca bilheteria. Claro, há um exagero superlativo na afirmação acima, […]

Um relatório inédito da Ancine revelou um novo paradoxo do cinema nacional. Nunca se lançou tantos filmes brasileiros, que nunca deram tão pouca bilheteria.

Claro, há um exagero superlativo na afirmação acima, mas não totalmente descabido.

Segundo pesquisa de mercado divulgada pela Ancine, 160 filmes nacionais foram exibidos nos cinemas do país em 2016. Trata-se do maior número de lançamentos do setor desde 1995. O que deveria mesmo ser esperado, considerando o crescimento do parque exibidor nacional. Mais cinemas deveriam realmente permitir a exibição de mais filmes.

No entanto, a percentagem do público que assistiu aos filmes brasileiros é o menor desde 2009, em relação ao total de quem comprou ingressos de cinema no ano passado.

O estudo aponta que 163,8 milhões de pessoas assistiram produções estrangeiras em 2017, o que representa 90,4% de todos os espectadores do ano passado. Enquanto isso, 17,3 milhões procuraram filmes nacionais: 9,6% da amostra total.

Dentre todos os lançamentos nacionais do período, apenas quatro produções foram assistidos por mais de 1 milhão de espectadores: “Minha Mãe É uma Peça 2” (lançado em dezembro de 2016), “Os Parças”, “Polícia Federal – A Lei É para Todos” e “D.P.A. – Detetives do Prédio Azul”.

O relatório só traz planilhas e não aponta causas do paradoxo. Mas não é difícil encontrá-las, bastando ver a quantidade de filmes nacionais lançados em menos de 10 salas a cada semana, enquanto blockbusters americanos chegam a ocupar mais de 1,5 mil salas em “pré-estreia”.

Os quatro sucessos nacionais citados foram dos poucos a chegar em mais de 200 salas no ano passado.