Prédio que desabou em São Paulo vai virar documentário

O incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, vai repercutir no cinema. O prédio está no centro de um documentário, que já estava sendo filmado […]

O incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, vai repercutir no cinema. O prédio está no centro de um documentário, que já estava sendo filmado antes da tragédia e incluirá sua transformação em ruínas.

A diretora Denise Zmekhol (do documentário “Children of the Amazon”) desenvolvia o projeto desde o ano passado, registrando os ângulos do edifício modernista de 24 anos como uma homenagem para seu pai, o arquiteto Roger Zmekhol (1928-1976), que projetou o prédio inaugurado em 1968 e destruído no dia 1º de maio.

“Foi como se meu pai morresse outra vez”, disse Denise sobre o desabamento, para a coluna de Mônica Bergamo no jornal Folha de S. Paulo.

O título do filme será “Pele de Vidro”, nome pelo qual a construção era conhecida.

Na época, era uma das construções mais luxuosas do Brasil, o primeiro prédio de ar-condicionado central no país, e todos os seus vidros eram importados. Mas o dono se endividou e vendeu o prédio para a União, que o usou como sede da Polícia Federal, do auge da ditadura até 2003. Com a desocupação, o prédio foi tomado por um movimento social de moradia e deteriorou, a ponto de virar pó e sucata.

A história do prédio, diz a cineasta, é “uma grande metáfora do Brasil”. “E esse final… Poxa, é triste! Não é o que a gente espera, o que a gente gostaria. Você fica pensando: ‘Puts, esse é o fim da história. Uma explosão, uma destruição’. É assim que eu vejo: como uma metáfora da situação do Brasil nos últimos 50 anos”, afirmou para a Folha.

Ela também contou que ainda não conseguiu processar a tragédia. “Saber que morreram pessoas, que há desaparecidos, que o prédio não existe mais… As pessoas perderam a moradia, a cidade perdeu um prédio histórico. Todo mundo perdeu”, afirma. “As pessoas que morreram e o prédio em si são muito maiores do que aquilo que eu possa estar sentindo hoje.”

“Talvez eu ficasse esperando anos para saber como eu ia terminar [o documentário]. Mas agora o filme já tem o seu final.”